Exame Logo

A vez dos socialistas franceses defenderem o rigor econômico

Partido que tradicionalmente defendeu os gastos públicos mudou o discurso e agora critica o déficit do país

François Hollande, no centro, é o favorito para ser o candidato dos socialistas na eleição de 2012 (Remy Gabalda/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 17h47.

Paris - Acusados durante muito tempo de serem esbanjadores e péssimos administradores, os socialistas franceses deram nas últimas semanas um giro de 180 graus e assumiram a necessidade de maior rigor econômico frente à situação da crise na Eurozona.

Crescimento débil, déficit impressionante, desemprego elevado e crise grega... a situação econômica e suas consequências orçamentárias estão deixando suas marcas na campanha que mira a eleição presidencial francesa de 2012 e condicionando os discursos dos principais candidatos à primária do Partido Socialista, cuja primeira votação será no domingo.

"Faremos o possível em função do crescimento. É um dever dizer isso claramente", afirmou Francois Hollande, favorito nas primárias das quais surgirá o candidato socialista à presidência francesa, ilustrando assim a nova atitude dos socialistas em matéria econômica.

"Governar é eleger. Reduziremos alguns gastos inúteis para financiar nossas prioridades como emprego, poder aquisitivo e a segurança. Quero que a França respeite seus compromissos com a Europa. É uma obrigação, mas em 2013 elevaremos o déficit público a 3% do PIB", havia advertido sua principal adversária e até pouco tempo chefe do PS, Martine Aubry.

O programa de governo do PS, adotado por mais de 95% de seus militantes, reflete também esta nova linha: "não se vê um partido de oposição e menos ainda um de esquerda, no qual entre seus objetivos antes de uma eleição presidencial, esteja destinar a metade dos ingressos fiscais para cobrir a dívida e o déficit", disse Gaël Sliman, do instituto de pesquisa BVA.

Para Jean Dominique Giuliani, presidente da fundação Robert Schuman, especializada em assuntos europeus, "a crise deu sua entrada no debate presidencial e todos os candidatos estão obrigados a tê-la em conta".

"As circunstâncias impõem respostas realistas e pragmáticas", disse.

Contudo, as pesquisas sobre intenções de voto mostram que para reduzir a dívida e lutar contra os efeitos da crise financeira os franceses confiam mais em Francois Hollande (48%) que em Martine Aubry (42%), aliados de Nicolas Sarkozy (28% contra Hollande o em 35% contra Aubry).

"O PS nos dá a impressão de querer gastar muito dinheiro se voltar ao poder. Através do realismo de seu discurso, da impressão de ser responsável, em momentos em que boa parte dos franceses consideram que Sarkozy fracassou nesse terreno", considerou Bruno Jeanbart, do instituto OpinionWay.

"Nicolas Sarkozy é considerado pior que seus adversários socialistas em assuntos como a educação, saúde, emprego e o poder aquisitivo. Agora, os socialistas inspiram mais confiança que ele na economia e não estão livres de perder também em imigração e segurança", resume Gaël Sliman.

Frente a esta "revolução cultural" nas filas socialistas, como a classificou o deputado Pierre Moscovici, próximo a Hollande, só plantou um dos outros candidatos, o deputado Arnaud Montebourg, considerado na esquerda do PS, que se nega a participar em um "concurso por um plano de austeridade que a esquerda quer fazer com a direita".

Veja também

Paris - Acusados durante muito tempo de serem esbanjadores e péssimos administradores, os socialistas franceses deram nas últimas semanas um giro de 180 graus e assumiram a necessidade de maior rigor econômico frente à situação da crise na Eurozona.

Crescimento débil, déficit impressionante, desemprego elevado e crise grega... a situação econômica e suas consequências orçamentárias estão deixando suas marcas na campanha que mira a eleição presidencial francesa de 2012 e condicionando os discursos dos principais candidatos à primária do Partido Socialista, cuja primeira votação será no domingo.

"Faremos o possível em função do crescimento. É um dever dizer isso claramente", afirmou Francois Hollande, favorito nas primárias das quais surgirá o candidato socialista à presidência francesa, ilustrando assim a nova atitude dos socialistas em matéria econômica.

"Governar é eleger. Reduziremos alguns gastos inúteis para financiar nossas prioridades como emprego, poder aquisitivo e a segurança. Quero que a França respeite seus compromissos com a Europa. É uma obrigação, mas em 2013 elevaremos o déficit público a 3% do PIB", havia advertido sua principal adversária e até pouco tempo chefe do PS, Martine Aubry.

O programa de governo do PS, adotado por mais de 95% de seus militantes, reflete também esta nova linha: "não se vê um partido de oposição e menos ainda um de esquerda, no qual entre seus objetivos antes de uma eleição presidencial, esteja destinar a metade dos ingressos fiscais para cobrir a dívida e o déficit", disse Gaël Sliman, do instituto de pesquisa BVA.

Para Jean Dominique Giuliani, presidente da fundação Robert Schuman, especializada em assuntos europeus, "a crise deu sua entrada no debate presidencial e todos os candidatos estão obrigados a tê-la em conta".

"As circunstâncias impõem respostas realistas e pragmáticas", disse.

Contudo, as pesquisas sobre intenções de voto mostram que para reduzir a dívida e lutar contra os efeitos da crise financeira os franceses confiam mais em Francois Hollande (48%) que em Martine Aubry (42%), aliados de Nicolas Sarkozy (28% contra Hollande o em 35% contra Aubry).

"O PS nos dá a impressão de querer gastar muito dinheiro se voltar ao poder. Através do realismo de seu discurso, da impressão de ser responsável, em momentos em que boa parte dos franceses consideram que Sarkozy fracassou nesse terreno", considerou Bruno Jeanbart, do instituto OpinionWay.

"Nicolas Sarkozy é considerado pior que seus adversários socialistas em assuntos como a educação, saúde, emprego e o poder aquisitivo. Agora, os socialistas inspiram mais confiança que ele na economia e não estão livres de perder também em imigração e segurança", resume Gaël Sliman.

Frente a esta "revolução cultural" nas filas socialistas, como a classificou o deputado Pierre Moscovici, próximo a Hollande, só plantou um dos outros candidatos, o deputado Arnaud Montebourg, considerado na esquerda do PS, que se nega a participar em um "concurso por um plano de austeridade que a esquerda quer fazer com a direita".

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEndividamento de paísesEuropaFrançaPaíses ricosPolítica

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame