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A religião é a maior causa das guerras? Não exatamente

Uma pesquisa do Institute of Economics and Peace avaliou a relação entre elementos religiosos e os conflitos armados atuais. Veja quais são as suas descobertas

Mulher muçulmana acende velas em homenagem aos mortos do ataque ao satírico Charlie Hebdo em Paris, França (Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 13h51.

São Paulo – Nas últimas semanas, o mundo foi palco de terríveis ataques terroristas realizados por extremistas islâmicos em países como a Nigéria (o massacre em Baga ) e França (o atentado ao satírico Charlie Hebdo ). Tais eventos trouxeram à tona questionamentos sobre o papel da religião nos conflitos armados que hoje devastam diferentes regiões do planeta.

Afinal de contas, a religião é a principal causa das brigas do mundo? A resposta é não, segundo um levantamento recente realizado pelo Institute for Economics and Peace (IEP), entidade internacional que se dedica aos estudos sobre a paz e uma das consultoras da Organização das Nações Unidas ( ONU ).

De acordo com o estudo, 30 dos 35 conflitos armados registrados no planeta em 2013 até contam com elementos religiosos como uma de suas causas. Contudo, eles não são o motivo principal: 86% dos confrontos estouraram pela influência de mais de uma razão como a oposição ao governo ou oposição ao sistema econômico, ideológico, político ou social daquele país.

De fato, explica a pesquisa, foi constatado que 15 casos tiveram como causa as tentativas de mudar o sistema vigente de governo para um sistema islâmico. Portanto, as motivações por trás destes casos são consideradas pelo IEP como de cunho religioso e também de caráter opositor.

“Curiosamente, a religião por si só não foi a única causa de sequer um conflito armado em 2013”, avaliou o IEP. De acordo com a pesquisa, conflitos com elementos religiosos são aqueles nos quais uma das principais partes envolvidas alega filiação a uma religião específica ou nos quais é evidente a tensão entre grupos religiosos.

Segundo a entidade, o objetivo do estudo é o de responder as cinco perguntas consideradas as mais frequentes sobre a relação entre conflitos armados e religião. A ideia é a de desmistificar conceitos que invariavelmente ligam uma coisa a outra.

Para determinar quais seriam estas questões, o IEP analisou os tópicos de discussão e as opiniões mais comuns sobre o tema na imprensa internacional. Na visão da entidade, conflitos armados são eventos nos quais “o uso contínuo e organizado da força causa no mínimo cem fatalidades em um ano ou tem um sério impacto na segurança, infraestrutura ou recursos naturais e com objetivos”.

Confira abaixo as outras quatro perguntas respondidas pela análise da entidade.

A proporção de pessoas religiosas ou ateias determina a paz em um país?

Não há dados que comprovem a ligação entre a presença de religião, ou a falta dela, em um país e os conflitos armados, responde a entidade. “Entre os dez países mais pacíficos do mundo, três podem ser descritos como muito religiosos. E, entre os dez mais violentos, dois são pouco religiosos”.

Em países muçulmanos, a quantidade de sunitas ou xiitas determina a paz?

Segundo o estudo, apesar do aparente papel de sunitas e xiitas em instabilidades no Oriente Médio, no âmbito global, os países nos quais um ou outro é a maioria não são necessariamente violentos e conflituosos.

O IEP não nega que tensões entre sunitas e xiitas são algumas das razões para a violência na região, mas enfatiza que a paz entre eles não é inevitável. De acordo com os analistas, o que é ainda mais determinante para um clima de estabilidade são fatores como o baixo nível de corrupção, um governo bem estruturado e boas relações com os países vizinhos.

A religião é importante para entender o que leva um país a paz?

De acordo com o IEP, análises revelam que há uma consistente relação entre corrupção, desigualdades econômicas e instabilidades políticas com o grau de violência interna de um país. E são estes os fatores mais importantes a serem avaliados quando se investiga o que é que leva uma população para uma situação de conflito.

Contudo, explica a pesquisa, há duas características religiosas que também estão fortemente associadas aos níveis de paz: as restrições a uma prática religiosa ou possíveis hostilidades contra um grupo religioso.

A religião pode ter um papel positivo na construção da paz?

A pesquisa reconhece que existe um debate sobre os impactos negativos da religião na construção de um ambiente de estabilidade. Mas enfatiza que é preciso enxergar o potencial positivo que a religião pode ter na construção da paz. “A religião pode atuar como uma forma de coesão social e, com o envolvimento das comunidades, ajuda a fortalecer os laços entre os cidadãos”, considerou o IEP.

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Afinal de contas, a religião é a principal causa das brigas do mundo? A resposta é não, segundo um levantamento recente realizado pelo Institute for Economics and Peace (IEP), entidade internacional que se dedica aos estudos sobre a paz e uma das consultoras da Organização das Nações Unidas ( ONU ).

De acordo com o estudo, 30 dos 35 conflitos armados registrados no planeta em 2013 até contam com elementos religiosos como uma de suas causas. Contudo, eles não são o motivo principal: 86% dos confrontos estouraram pela influência de mais de uma razão como a oposição ao governo ou oposição ao sistema econômico, ideológico, político ou social daquele país.

De fato, explica a pesquisa, foi constatado que 15 casos tiveram como causa as tentativas de mudar o sistema vigente de governo para um sistema islâmico. Portanto, as motivações por trás destes casos são consideradas pelo IEP como de cunho religioso e também de caráter opositor.

“Curiosamente, a religião por si só não foi a única causa de sequer um conflito armado em 2013”, avaliou o IEP. De acordo com a pesquisa, conflitos com elementos religiosos são aqueles nos quais uma das principais partes envolvidas alega filiação a uma religião específica ou nos quais é evidente a tensão entre grupos religiosos.

Segundo a entidade, o objetivo do estudo é o de responder as cinco perguntas consideradas as mais frequentes sobre a relação entre conflitos armados e religião. A ideia é a de desmistificar conceitos que invariavelmente ligam uma coisa a outra.

Para determinar quais seriam estas questões, o IEP analisou os tópicos de discussão e as opiniões mais comuns sobre o tema na imprensa internacional. Na visão da entidade, conflitos armados são eventos nos quais “o uso contínuo e organizado da força causa no mínimo cem fatalidades em um ano ou tem um sério impacto na segurança, infraestrutura ou recursos naturais e com objetivos”.

Confira abaixo as outras quatro perguntas respondidas pela análise da entidade.

A proporção de pessoas religiosas ou ateias determina a paz em um país?

Não há dados que comprovem a ligação entre a presença de religião, ou a falta dela, em um país e os conflitos armados, responde a entidade. “Entre os dez países mais pacíficos do mundo, três podem ser descritos como muito religiosos. E, entre os dez mais violentos, dois são pouco religiosos”.

Em países muçulmanos, a quantidade de sunitas ou xiitas determina a paz?

Segundo o estudo, apesar do aparente papel de sunitas e xiitas em instabilidades no Oriente Médio, no âmbito global, os países nos quais um ou outro é a maioria não são necessariamente violentos e conflituosos.

O IEP não nega que tensões entre sunitas e xiitas são algumas das razões para a violência na região, mas enfatiza que a paz entre eles não é inevitável. De acordo com os analistas, o que é ainda mais determinante para um clima de estabilidade são fatores como o baixo nível de corrupção, um governo bem estruturado e boas relações com os países vizinhos.

A religião é importante para entender o que leva um país a paz?

De acordo com o IEP, análises revelam que há uma consistente relação entre corrupção, desigualdades econômicas e instabilidades políticas com o grau de violência interna de um país. E são estes os fatores mais importantes a serem avaliados quando se investiga o que é que leva uma população para uma situação de conflito.

Contudo, explica a pesquisa, há duas características religiosas que também estão fortemente associadas aos níveis de paz: as restrições a uma prática religiosa ou possíveis hostilidades contra um grupo religioso.

A religião pode ter um papel positivo na construção da paz?

A pesquisa reconhece que existe um debate sobre os impactos negativos da religião na construção de um ambiente de estabilidade. Mas enfatiza que é preciso enxergar o potencial positivo que a religião pode ter na construção da paz. “A religião pode atuar como uma forma de coesão social e, com o envolvimento das comunidades, ajuda a fortalecer os laços entre os cidadãos”, considerou o IEP.

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