A nova cartada de Trump: endurecimento das sanções
ÀS SETE - A maior indefinição é sobre novas sanções econômicas que o presidente deve anunciar a qualquer momento contra o Irã
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2018 às 06h59.
Última atualização em 9 de maio de 2018 às 07h22.
A notícia de que os Estados Unidos abandonarão o acordo nuclear com o Irã pode trazer novas consequências a partir desta quarta-feira. A maior indefinição é sobre novas sanções econômicas que Donald Trump deve anunciar a qualquer momento contra o Irã, aumentando ainda mais a tensão entre os países.
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O peso de novas sanções pode jogar por terra o discurso inicialmente defendido ontem pelo moderado presidente iraniano Hassan Rouhani, de que o país cumprirá o acordo firmado em 2015 não só com os Estados Unidos, mas também com Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia.
Nesta quarta-feira, a pressão de opositores cresceu no Irã, e uma bandeira americana foi queimada no parlamento. Analistas já afirmam que a decisão de Trump pode antecipar o fim do governo de Rouhani e levar um linha dura ao poder.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que sair do acordo foi um grande erro e que Trump disse pelo menos dez mentiras em seu pronunciamento.
Rouhani já vinha perdendo apoio popular pela falta de melhoras imediatas do acordo para a vida dos iranianos. O presidente vendeu a assinatura do tratado, em 2015, como a solução de boa parte dos problemas econômicos do país, e que novos investimentos estrangeiros, e novos empregos, eram questão de tempo. Mas ele não foi capaz de conter a derrocada: entre 2012 e 2017 o PIB iraniano, em dólar, encolheu 33%.
A postura dos vizinhos iranianos também deve levar a um endurecimento da reação no país. Os dois maiores inimigos do país, Israel e Arábia Saudita, elogiaram a postura americana. Poucas horas depois do pronunciamento de Trump, Israel voltou a bombardear a Síria para conter o que chamou de “atividades irregulares”.
Um novo clima bélico no Oriente Médio, e uma maior pressão política interna, devem ser mais importantes do que a reiterada boa vontade de líderes europeus em manter o acordo nuclear vivo. A partir de hoje todos estarão de olho no provável endurecimento das sanções americanas.