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A economia chinesa em 2024: "Energia positiva" para a economia mundial

Artigo do cônsul geral da China em São Paulo, Yu Peng, destaca a relação com o Brasil e as oportunidades de investimento

China: o país teve um crescimento anual de 5,2% do PIB em 2023, contribuindo com 32% do crescimento econômico mundial (Zorazhuang/Getty Images)

China: o país teve um crescimento anual de 5,2% do PIB em 2023, contribuindo com 32% do crescimento econômico mundial (Zorazhuang/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 10h20.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2024 às 10h56.

Artigo do Cônsul-Geral da China, Sr.Yu Peng

O ano de 2023 foi difícil para a economia mundial. A intensificação dos conflitos geopolíticos, a inflação, as tensões comerciais, o aumento da taxa de juros do Federal Reserve e os riscos na cadeia de produção e abastecimento contribuíram para uma complexa e tumultuada retomada econômica global, resultando em um crescimento moderado de 2,9%. A China, por sua vez, se destacou ao manter um ritmo de crescimento relativamente acelerado. À medida que adentramos 2024, as incertezas persistem na economia global, com a atenção voltada para o desenvolvimento econômico chinês. A economia chinesa iniciou bem o ano, demonstrando vigor e fortalecendo a confiança na recuperação econômica global.

A economia chinesa tem operado sem sobressalto e se mantido em crescimento estável. Como a segunda maior economia global, a China teve um crescimento anual de 5,2% do PIB em 2023, contribuindo com 32% do crescimento econômico mundial. O setor manufatureiro chinês ocupou a primeira posição global por 14 anos consecutivos, representando 30% do valor agregado a nível global, o equivalente à soma de todos os países do G7 aproximadamente. Com uma população de 1,4 bilhão de habitantes, uma classe média em expansão, uma ampla gama de setores industriais, clusters industriais consolidados, o maior mercado de comércio eletrônico do planeta e, sobretudo, o rápido progresso alcançado nos últimos 40 anos com as reformas e a política de abertura, a China consolidou uma base robusta para seu crescimento econômico.

Durante o feriado do Festival da Primavera do Ano do Dragão, surgiram novos nichos e modalidades de consumo, como restaurantes, pontos turísticos populares, museus, cinemas e teatros, com alta procura e lotação pelo público. A China registrou 474 milhões de viagens turísticas domésticas durante o feriado do Festival da Primavera, que terminou no sábado, tendo havido um aumento de 34,3% em termos anuais. Os turistas gastaram quase 632,7 bilhões de yuans (US$ 89,07 bilhões) em suas viagens domésticas de férias, o que representou um aumento de 47,3% ano a ano. As vendas de ingressos de cinema atingiram o recorde de 8 bilhões de yuans, e o número de espectadores alcançou a marca de 163 milhões.

O desenvolvimento de alta qualidade continua a aprimorar seu potencial. A cada dia, os conceitos de inovação, coordenação, ecologia, abertura e compartilhamento estão cada vez mais enraizados na mente das pessoas, se tornando características do desenvolvimento econômico da China. A "vantagem populacional" da China tem-se transformado em uma "vantagem de talentos", com recursos humanos, científicos e tecnológicos, bem como um contingente de pessoal, pesquisa e desenvolvimento (P&D) que é líder mundial. O investimento chinês em pesquisa e desenvolvimento tecnológico tem seguido com um aumento de 2 dígitos por vários anos consecutivos. O número de patentes permanece em primeiro lugar no ranking mundial. A quantidade de empresas de alta tecnologia aumentou para cerca de 400.000. A China tem a segunda maior quantidade de empresas "unicórnio". A "rede de faróis" global é composta por 153 empresas, das quais 62 estão localizadas na China, o que representa mais de 40% do total. Pela primeira vez, o valor de exportação de veículos elétricos, baterias de íons de lítio e peças solares ultrapassou um trilhão de yuans. Há 178 zonas nacionais de alta tecnologia espalhadas pelo país, e diversos centros de inovação em manufatura se tornaram uma força relevante para liderar e incentivar a inovação científica e tecnológica no setor.

Atualmente, quase metade da capacidade instalada mundial de geração de energia fotovoltaica está na China, mais da metade dos veículos de nova energia do mundo está na China, e um quarto da nova área arborizada do mundo vem da China. No início deste ano, a Adora Magic City, o primeiro navio de cruzeiro de grande porte da China completou sua viagem comercial inaugural. O AG60E, um avião elétrico chinês com tecnologia chinesa, concluiu seu primeiro voo. Os satélites pertencentes à constelação meteorológica Tianmu-1 foram lançados com sucesso por um foguete. Diversas inovações tecnológicas contribuíram para um sistema industrial modernizado a passos firmes.

 Abertura de alto nível para o exterior oferece oportunidades para o mundo. A China ainda é considerada o melhor destino para investimentos. A Tesla lançou seu primeiro projeto internacional de gigafábrica de armazenamento de energia em Xangai, a Siemens expandiu sua base de fabricação de produtos de automação industrial em Chengdu, e grandes empresas estrangeiras, como Airbus, Volkswagen, Schneider, L'Oreal e ABB Group, têm apostado cada vez mais alto na China. A sexta edição da Feira Internacional de Exportação (CIIE, na sigla em inglês) atraiu mais de 3.400 expositores de 128 países, de forma que a escala de participação e o volume de negócios fechados atingiram um nível recorde. Há cada vez mais países conseguindo isenção de visto para a China, de forma que tanto as viagens domésticas quanto as internacionais têm aumentado. Em janeiro, a China assinou acordos mútuos de isenção de visto com Cingapura e Tailândia, tornando ainda mais diversificados os destinos de viagem da China. Uma média diária de 1,69 milhão de viagens, tendo como origem ou destino a China continental, foi feita durante o feriado, um aumento de 2,8 vezes em comparação com o mesmo período de 2023, facilitando os intercâmbios amigáveis e a cooperação entre a China e os demais países. Nos últimos 10 anos, desde que a Iniciativa "Um Cinturão, Uma Rota" foi lançada, a China assinou acordos de cooperação com mais de 150 países e 30 organizações internacionais, promovendo mais de 3.000 projetos de referência e projetos exemplares que favoreceram o bem-estar das pessoas, mobilizando quase US$ 1 trilhão de investimentos em todo o mundo, criando mais de 420.000 empregos nos países com que cooperou, e se tornando o bem público internacional mais popular e a maior plataforma de cooperação internacional do mundo.

A China e o Brasil são dois países emergentes de grande importância global, com fortes complementaridades econômicas e amplas perspectivas de cooperação. Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil. Ao longo das últimas cinco décadas, sob a liderança estratégicas dos respectivos chefes de Estado, as relações bilaterais têm amadurecido e se fortalecido, resultando em uma cooperação pragmática mais sólida e profunda. Em 2023, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil pelo décimo quinto ano consecutivo, com as exportações brasileiras para a China ultrapassando pela primeira vez a marca de 100 bilhões de dólares. Em janeiro de 2024, devido ao forte crescimento das exportações brasileiras, o comércio bilateral China-Brasil começou bem o ano, atingindo a marca de 12,8 bilhões de dólares, com um aumento acentuado de 33% em relação ao ano anterior, representando um novo patamar de cooperação econômica.

Como Cônsul-Geral da China em São Paulo, senti fortemente a alta expectativa de todos os setores da área de jurisdição consular em relação à parceria com a China. No começo deste ano, o vice-governador do estado de São Paulo, Sr. Felicio Ramuth, realizou uma visita à China com o propósito de buscar pessoalmente investimentos para diversos projetos estaduais de destaque, como o projeto da Ferrovia Intercidades de São Paulo, estabelecendo amplos contatos com as empresas chinesas e preparando o terreno para o leilão. A organização LIDE chefiou uma grande delegação de negócios e mídia com destino à cidade de Shenzhen, no sul da China, onde promoveu um Fórum Empresarial China-Brasil, a fim de explorar as oportunidades de cooperação entre os dois países em várias áreas, como energia renovável, veículos elétricos, infraestrutura e agricultura, obtendo resultados bastante frutíferos. No mês passado, chefiei representantes de 10 empresas chinesas em visitas aos estados de Santa Catarina e Paraná, onde fomos recebidos de forma calorosa pelo governador de Santa Catarina Jorginho Melo e pelo vice-governador do Paraná Darci Piana. Durante a visita, houve um diálogo pragmático entre os empresários e as autoridades econômicas desses dois estados, visando a atender às necessidades de cooperação e explorar o potencial de colaboração em setores como portos, ferrovias, municípios e energia sustentável. A 24ª Expodireto Cotrijal está programada para ocorrer no estado do Rio Grande do Sul, de 4 a 8 de março, com a participação inédita de empresas chinesas como expositoras. Além disso, importadores, representantes comerciais e autoridades governamentais da China também marcarão presença na feira, assim como no 4º Seminário China-Brasil de Agricultura, Pecuária e Cadeia de Suprimento de Alimentos, com expectativas de resultados positivos.

A China entrou no Ano do Dragão, que simboliza coragem, força e sabedoria segundo a cultura tradicional chinesa. A economia chinesa também adentrou o período da "cabeça de dragão", que simboliza buscar grande progresso, mas sempre em constante estabilidade. Com este novo ponto de partida, e na forma de um dragão, a economia chinesa continuará impulsionando de forma positiva e contribuindo vigorosamente para a economia global, oferecendo vastas oportunidades de crescimento para todo o mundo.

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