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Com foco no Brexit, Johnson encerra convenção dos conservadores

Primeiro-ministro britânico deve apresentar "oferta final"; para a saída da UE após ser acusado de assédio sexual por uma editora do jornal The Sunday Times

Boris Johnson: premiê britânico tentará virar o jogo político no Reino Unido nesta quarta-feira 2 (Jeff J Mitchell/Getty Images)

Boris Johnson: premiê britânico tentará virar o jogo político no Reino Unido nesta quarta-feira 2 (Jeff J Mitchell/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2019 às 16h42.

Última atualização em 2 de outubro de 2019 às 08h17.

Boris Johnson tentará virar o jogo político no Reino Unido nesta quarta-feira 2, quando discursa no último dia da conferência do Partido Conservador, realizada em Manchester. O primeiro-ministro, ex-jornalista e colunista, escreveu seu próprio texto para o evento. As expectativas são de que ele tentará desviar o foco de si com anúncios para o Brexit, no que vem sendo tratado como uma “oferta final”.

Extratos do texto divulgados por sua equipe mostram Johnson disposto a uma saída a qualquer custo. “Meus amigos, eu receio que após três anos e meio, as pessoas estão começando a sentir que foram feitas de trouxas”, escreveu. “Vamos aprovar o Brexit no dia 31 de outubro para que em 2020 nosso país possa seguir em frente”.

O primeiro ministro está nas cordas. Na última semana, o ministro perdeu um julgamento na Suprema Corte sobre o fechamento do parlamento e, no domingo, primeiro dia da convenção do conservadores, foi publicamente acusado de assédio sexual.

Charlotte Edwardes, editora do jornal The Sunday Times, publicou um artigo domingo no qual acusa o primeiro-ministro de assédio sexual por um caso ocorrido há 20 anos. Ela conta que durante um almoço da revista conservadora The Spectator, em Londres, sentiu a mão de Johnson, que era editor da publicação, apertar sua coxa por baixo da mesa. Em resposta, o gabinete soltou uma breve declaração dizendo que a acusação era falsa. Pelo Twitter, Charlotte disse que “se o primeiro-ministro não se lembra do incidente, então tenho claramente uma memória melhor do que ele”.

A notícia repercutiu na convenção dos conservadores, e na segunda-feira 30 o caso foi mais discutido pelos políticos que a iminente saída do país da União Europeia e as possíveis novas eleições. Johnson está determinado, conforme reafirmou na terça, a concretizar a saída na data estipulada de 31 de outubro, com ou sem aprovação de um novo acordo. Apesar disso, o parlamento britânico se protegeu e aprovou uma lei que obriga o político a pedir uma nova prorrogação à União Europeia caso ele não consiga um novo acordo com o bloco depois da reunião da cúpula nos próximos dias 17 e 18.

A imprensa inglesa especula que ele irá apresentar novas propostas para a fronteira da Irlanda com a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido) logo após seu discurso na conferência do partido. Na terça-feira, Johnson disse que os controles alfandegários na ilha irlandesa serão “uma realidade” após o Brexit, com ressalvas de que não serão postos aduaneiros tradicionais, em uma chamada fronteira dura. “Todos familiarizados com a situação na Irlanda do Norte não gostariam, tanto por motivos práticos quanto por sentimentos, o que entendemos totalmente”.

Ele prometeu que irá fazer uma oferta “muito boa” para a Irlanda, com propostas de integração do comércio entre os dois países, mas disse que acha difícil manter a Irlanda do Norte na união aduaneira com a União Europeia. “Uma das coisas básicas de ser um país é você ter um único perímetro aduaneiro”, justificou.

Comentando as declarações, o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar disse ao parlamento que em 2017 o governo britânico prometeu à Irlanda que não iria estabelecer uma fronteira física com o país após o Brexit. Johnson precisará de um discurso à Churchill para unir o país e “seguir em frente” em 2020.

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