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5 pontos polêmicos para entender a transição na China

Troca no governo acontece por sistema considerado pouco transparente e em meio a escândalos políticos

Militar guarda o local onde acontece o congresso chinês (Feng Li/Getty Images)

Militar guarda o local onde acontece o congresso chinês (Feng Li/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 19h36.

São Paulo – O Partido Comunista da China está reunido no país para iniciar o processo de transição no governo. Pouco transparente, o sistema tem um funcionamento muito específico, de cartas marcadas. Além disso, a transição ainda está cercada de fatos polêmicos, que vão desde censura até escândalos políticos.

Confira a seguir cinco pontos para entender o processo de transição na China e o cenário em que ele ocorre.

1 – Congresso a cada cinco anos. Governo a cada dez

O evento que começou nesta quinta-feira e deve durar uma semana é o 18º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh). A reunião de todos os membros do partido acontece a cada cinco anos.

Nesse congresso, a cada dez anos, acontece uma grande renovação dos principais cargos do partido e do governo. O processo, que ocorre nessa edição, é longo e pouco transparente, sem participação da sociedade, já que a China é uma ditadura. O novo governo, inclusive o novo presidente da China escolhido no congresso, deve assumir em março de 2013.

2 – Líder misterioso

Embora a transição seja pouco transparente, é muito planejada pelo partido: um jogo de cartas marcadas. Nesse ano, Xi Jinping, atual vice-presidente do país, é o nome que deve assumir a presidência da China.

O nome pode ser conhecido dos chineses, mas muito mistério ainda ronda o político. Um sumiço recente colocou em dúvidas o estado de saúde do futuro líder chinês. Ele passou duas semanas neste ano sem realizar nenhuma aparição pública. Com o paradeiro desconhecido, as especulações chegaram a dar conta de que o político poderia estar com a saúde fragilizada.

A estranheza em relação ao sumiço foi o tempo que ele durou, mas Xi Jinping nunca foi muito fã de aparições públicas. Apenas mais recentemente ele intensificou o ritmo de viagens e de encontros com líderes internacionais. Em fevereiro, por exemplo, Xi Jinping visitou os Estados Unidos para encontrar o presidente Barack Obama.

O The Guardian disponibilizou o vídeo abaixo com o pronunciamento dos líderes após o encontro (em inglês):

http://gu-embedded-video.appspot.com/?a=false&u=/world/video/2012/feb/15/xi-jinping-barack-obama-white-house-video

3 – Políticas polêmicas

A transição de poder na China começa em um ano no qual dois acontecimentos principais chamaram a atenção mundial para a política no país.


Um deles aconteceu quando Bo Xilai, que era cotado para assumir a presidência no país, se envolveu em um dos maiores escândalos políticos da China.

A esposa de Bo Xilai foi acusada de matar o empresário britânico Neil Heywood e Bo Xilai, de tentar esconder o homicídio. O escândalo resultou na expulsão do político do partido comunista.

Outra figura que deixou a política chinesa em evidência neste ano foi o ativista Chen Guangcheng, que hoje mora em Nova York. Ele, que é cego, denunciou abusos nas políticas de planejamento familiar da China. Sua ida para os Estados Unidos começou quando Guangcheng conseguiu escapar da prisão domiciliar e se refugiar na embaixada americana em Pequim.

4 – Economia em jogo

Outro ponto importante que ronda a transição é o desafio econômico que o novo líder da China terá pela frente. O mundo se preocupa com uma desaceleração do país, importante peça na economia global, e será trabalho do novo presidente lidar com a possibilidade de um “pouso suave”. 

Em 2011, o PIB da China cresceu 9,2%, abaixo da alta apontada em 2010, de 10,4%. Para este ano, a expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o relatório de projeções globais, é de que a economia avance 7,8%, passando para 8,3% em 2013.

5 – Censura x redes sociais

Aumentando o mistério que ronda o processo político chinês, estão os mecanismos de censura no país, que recaem especialmente sobre a internet.

Um exemplo é o Twitter, que representou um importante papel nas eleições americanas, mas é censurado na China.

Porém, a sociedade começa a achar meios para usar a internet para falar. Um exemplo é a rede Weibo, que funciona no país de modo similar ao Twitter. Para driblar a censura, os participantes da rede têm usado códigos e conseguem comentar a transição chinesa.

Se o assunto é o filho do ex-dirigente Bo Xilai, por exemplo, os chineses escrevem “melão”, e não seu nome original, Bo Guagua, como contou para a agência Efe uma estudante do país. Assim, a expectativa é de que as redes sociais tenham um importante papel na transição do país neste ano.

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