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4 razões para fechar a prisão de Guantánamo imediatamente

O primeiro detento chegou a Guantánamo quatro meses após os ataques de 11 de Setembro e o local chegou a abrigar 680 homens em 2003


	A prisão americana de Guantánamo: há muitos relatos de homens que foram presos há mais de uma década e até hoje não foram acusados formalmente por nenhum crime
 (Mladen Antonov/AFP)

A prisão americana de Guantánamo: há muitos relatos de homens que foram presos há mais de uma década e até hoje não foram acusados formalmente por nenhum crime (Mladen Antonov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2016 às 15h15.

Na semana em que a prisão de Guantánamo completa 14 anos de existência, pela primeira vez em sua história, o local abriga menos de 100 prisioneiros. Após a transferência de dez homens iemenitas, 93 pessoas restam na cadeia, localizada em Cuba.

O primeiro detento chegou a Guantánamo quatro meses após os ataques de 11 de Setembro e o local chegou a abrigar 680 homens em 2003. Quando o atual presidente dos EUA, Barack Obama, chegou ao poder em 2008, 245 homens estavam lá - a maioria "acusada" de terrorismo. Fechar a prisão foi uma das promessas de campanha do democrata. No entanto, isso ainda não aconteceu.

Uma das principais razões para Guantánamo ainda estar aberta é o fato de que se para Obama fechá-la é uma prioridade, para o Congresso, de maioria republicana, a prioridade é mantê-la aberta.

Nos últimos anos, Obama também enfrentou obstáculos para transferir prisioneiros e, desde 2010, é totalmente proibido que os homens presos lá sejam levados aos EUA, mesmo que para julgamento.

Você pode ver aqui o tempo que resta para que Obama consiga fechar a prisão durante seu mandato.

Confira abaixo algumas - entre muitas - razões pelas acreditamos que Guantánamo deve ser fechada IMEDIATAMENTE.

1. Há homens presos em Guantánamo sem NENHUMA acusação

Há muitos relatos de homens que foram presos há mais de uma década e até hoje não foram acusados formalmente por nenhum crime. Outros, presos há anos, nunca sequer tiveram a oportunidade de um encontro com um advogado. A maioria dos prisioneiros lá está em um limbo jurídico.

De acordo com um grupo de advogados, jornalistas, militares aposentados e membros da sociedade civil, pelo menos 46 dos prisioneiros que ainda estão em Guantánamo estão totalmente prontos para serem liberados.

Não adiantaria, portanto, transferir esses mesmos homens para outras prisões, pois ainda haveria violação de Direitos Humanos: aqueles que são acusados ou culpados por algum crime deveriam ser transferidos, e os que estão presos sem nenhuma razão, repatriados (e por que não, indenizados?).

De acordo com dados do próprio governo americano, apenas 8% dos detentos são caracterizados como ligados a al Qaeda, 40% não têm ligação comprovada e 18% não têm nenhum laço com o grupo. Alguns deles, segundo a Anistia Internacional, foram capturados a milhares de quilômetros de zonas de conflito.

Murat Kurnaz foi preso sem explicação no Paquistão em outubro de 2001. Ele conta que foi vendido para militares norte-amerianos e levado para Guantánamo, sem nenhuma acusação. Kurnaz é maioria: menos de 10% dos prisioneiros de Guantánamo foi capturado pelos EUA.

Após ser considerado inocente, ele ainda passou cinco anos preso em condições terríveis. Seu relato completo pode ser lido na obra Cinco anos de minha vida.

De acordo com a historiadora Karen J. Greenberg, Guantánamo é um campo de prisioneiros de guerra, só que com um nome diferente. E quem duvida?

2. Os presos em Guantánamo são abusados sexualmente

No ano passado, um relatório obtido com exclusividade pela agência Reuters revelou que alguns detentos foram abusados sexualmente nas dependências de Guantánamo.

Segundo Majid Khan - detento que se tornou uma testemunha do governo - os interrogadores puseram água gelada em seus genitais, o filmaram sem roupas e cometeram outros abusos sexuais contra ele. Alguns dos abusadores, de acordo com ele, cheiravam a álcool e ameaçaram agredí-lo martelo, taco de baseball, bastões e cintos de couro.

O relato completo - em inglês - pode ser lido aqui.

3. Há (muitos) relatos de tortura na prisão

Eis o depoimento de Jumah Al Dossari, preso nas instalações por cinco anos:

"Em Guantánamo, os soldados me agrediram, me colocaram em confinamento isolado, ameaçaram me matar, ameaçaram matar minha filha, e disseram que eu ficaria em Cuba pelo resto da minha vida. Eu fui privado de sono, forçado a escutar música extremamente alta e a ficar com luzes muito intensas no meu rosto. Eles me deixaram por horas em salas muito frias e sem comida, sem água e sem poder ir ao banheiro ou me lavar para as orações. Eu fui envolvido na bandeira de Israel, e me foi dito que há uma guerra santa entre a Cruz e a Estrela de Davi em um lado, e o Crescente de outro. Me bateram até que eu ficasse inconsciente".

Não que seja necessário dizer mais alguma coisa, mas é sempre bom lembrar que tudo o que foi descrito acima é ilegal para todos os países signatários das Convenções de Genebra, inclusive os EUA.

4. Fechar a prisão representaria, acima de tudo, que os EUA estão, lenta e gradativamente, mudando o curso de sua política externa.

Segundo analistas de política internacional, Guantánamo acaba sendo uma mancha na reputação dos EUA perante muitos atores internacionais, especialmente nos países de maioria muçulmana.

Encerrar as atividades por lá seria, portanto, um sinal claro de que há mudança (ou pelo menos a intenção de mudar) tanto em relação a cidadãos desses países quanto em relação às várias convenções internacionais que são diariamente rasgadas enquanto Guantánamo segue de portas abertas.

https://youtube.com/watch?v=lBmEbvhe5GI

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