São Paulo - O cenário de prejuízos causados pela chuva que, nesta semana, castigou a região metropolitana do Rio de Janeiro pode se tornar mais comum graças aos efeitos das mudanças climáticas. Para se prevenir contra os principais efeitos do aquecimento global nas zonas costeiras do país, o governo deve desembolsar 3,72 bilhões de reais até 2050.

O dado é resultado de estudo coordenado pelo pesquisador Paulo Rosman, do programa de Engenharia Oceânica da COPPE - RJ.  O valor incorpora um conjunto de 14 ações de prevenção contra o aumento do nível do mar, crescimento da incidência de chuvas intensas ou outros eventos climáticos extremos, além de alterações na circulação de ventos e consequente geração de ondas.

Com o aumento do nível do mar, previsto no relatório emitido pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), a tendência é uma diminuição das faixas de areias nas praias do litoral brasileiro. "A cidade fica, então, vulnerável à ação das ressacas que, por causa dos ventos extremos, se tornarão mais fortes", afirma o professor. Além de riscos de erosão, aumento da probabilidade de alagamentos e  até problemas de captação de água salobra pelas companhias de abastecimento de água da região.

Estima-se que cerca de 200 bilhões de reais* em patrimônio localizado em toda a região costeira do Brasil pode estar ameaçado por esses fenômenos decorrentes das mudanças climáticas. Só na cidade do Rio de Janeiro, o  valor do patrimônio em risco é da ordem  84,3 bilhões de reais. "O custo das medidas para mitigar isso não chegam a 2% ao longo de 40 anos", diz o professor.

Uma das principais ações propostas pelo grupo de pesquisadores é o aumento do estoque de areia nas praias. Na praia de Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, por exemplo, estima-se que seja necessário repor cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de areia. O custo estimado para a obra é de até 40 milhões de reais.

*valores relativos a 2008