Mulheres no Oriente Médio: metade dos casos se concentra em apenas três países: Egito, Etiópia e a Indonésia (Fayez Nureldine/ AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 22h10.
Nações Unidas - Pelo menos 200 milhões de meninas e mulheres que vivem atualmente em 30 países sofreram mutilação genital, segundo um relatório apresentado nesta quinta-feira pelo Unicef.
O número aumenta em cerca de 70 milhões os últimos cálculos divulgados em 2014 por contar com mais dados de países onde a prática é muito comum, como a Indonésia, e por causa do crescimento da população em alguns lugares.
A metade dos casos se concentra em apenas três países: Egito, Etiópia e a citada Indonésia, afirma o estudo, publicado às vésperas do Dia Internacional de Tolerância Zero com a Mutilação Genital Feminina.
Do total, 44 milhões das vítimas são meninas de 14 anos ou mais jovens, com vários países onde a prevalência da mutilação genital nessa faixa etária supera 50%.
Na Indonésia, metade das meninas de 11 anos ou menos sofreram esta prática, que habitualmente é realizada nos cinco primeiros anos de vida.
Se o âmbito for restrito às meninas e mulheres que hoje têm entre 15 e 49 anos, praticamente todas as somalis (98%) e guineanas (97%) foram mutiladas.
Segundo o Unicef, a oposição a esta prática está ganhando força e seu uso diminuiu de forma considerável em alguns países como Libéria, Burkina Fasso, Quênia e Egito durante as últimas décadas.
Desde 2008, mais de 15.000 comunidades e distritos em 20 países declararam o abandono da mutilação genital feminina e cinco países aprovaram leis que a criminalizaram.
No entanto, o progresso no conjunto do mundo não é suficiente para resistir ao crescimento demográfico, razão pela qual, se as atuais tendências continuarem, o número de vítimas crescerá durante os próximos 15 anos, assegura o estudo.
O Unicef lembra que com o termo mutilação genital abrange a um número de práticas diferentes que, em todos os casos, violam os direitos das crianças.
"A mutilação genital feminina difere entre regiões e culturas, com algumas formas que representam riscos para a vida. Em todos os casos, violam os direitos das meninas e das mulheres", afirmou em comunicado a subdiretora executiva do Unicef, Geeta Rao Gupta.