10 países que estão à beira de um colapso em 2017
Tudo pode acontecer onde reinam a incerteza, conflitos armados e um ambiente político altamente instável
Vanessa Barbosa
Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 16h01.
São Paulo - Estabilidade política é muitas vezes associada à paz e bom funcionamento de um país. Seu oposto — a instabilidade — não raro prenuncia o colapso de governos, dependendo do grau de incertezas em que o país está mergulhado.
Da mesma forma, o crescimento econômico e a estabilidade política também estão interligados. Por um lado, a incerteza associada a um ambiente político instável pode reduzir o investimento externo e o ritmo do desenvolvimento econômico. Por outro, o mau desempenho econômico pode levar à derrocada do governo e à instabilidade política. Esta é a razão pela qual os mercados de diferentes nações do mundo atraem ou repelem investidores estrangeiros.
Todos os anos, a consultoria especializada em análise de risco Marsh, publica o seu mapa do risco político, em parceria com a BMI Research. O abrangente estudo elenca os países de acordo com o nível de estabilidade do ambiente de governo.
As duas empresas analisaram o cenário político de mais de 200 países. Quanto menor a pontuação (mais próximo do zero), maior o risco político e a susceptibilidade do país a mudanças abruptas e radicais. E quanto maior a pontuação (mais próximo de 100), mais estável o governo e menor o risco.
Os países com riscos políticos mais elevados geralmente seguem tendências geográficas: os mercados emergentes , particularmente os do Norte da África e do Oriente Médio, apresentam maior instabilidade, conflitos, guerra civil e distúrbios socioeconômicos.
Síria , Sudão , República Centro-Africana e Iêmen estão entre os países com maior risco político em 2017. Em contraste, países nórdicos como Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia são os mais estáveis.
O Brasil não está entre os países com maior risco político de acordo com o relatório, apesar de enfrentar os escândalos de corrupção. Em sua análise, a consultoria pondera que os esforços de reforma do presidente Michel Temer "provavelmente permanecerão no caminho certo". Além disso, a inflação está desacelerando e a atividade econômica deve melhorar em 2017, observa. No entanto, o descontentamento público com a corrupção, a má qualidade dos serviços públicos e a desigualdade representam riscos políticos consideráveis e podem levar a protestos generalizados, como os vistos em 2013.
1- Líbia
Nota: 20,20
A Líbia pós-Kadafi foi arruinada pelo conflito entre dois governos rivais. Embora um acordo de paz possa ser
alcançado em 2017, o país carregará várias marcas de um estado falido nos próximos anos. Em particular, o
vácuo de segurança permitiu ao Estado Islâmico expandir sua presença na cidade de Sirte. Segundo o estudo, a
longo prazo, a Líbia terá que adotar um sistema político descentralizado, refletindo identidades separadas
em diferentes partes do país.
2 - República Centro-Africana
Nota: 20,50
A República Centro-Africana é uma presença recorrente na lista de países mais instáveis do mundo,
particularmente devido à decisão do governo francês de retirar os 2 mil soldados que permaneciam no país sob
a Operação Sangaris. Na ausência de uma força de intervenção com recursos suficientes, a violência entre as
populações muçulmana e cristã provavelmente levará a novas tensões e possíveis mortes por vingança. Segundo
a análise, qualquer solução política para a crise é improvável. O forte apelo de facções dentro dos grupos
armados complica ainda mais as perspectivas de negociações.
3- Sudão do Sul
Nota: 20,70
O Sudão do Sul sofrerá com graves falhas internas em um futuro próximo. Os combates das forças leais ao
presidente Salva Kiir Mayardit e os leais ao ex-vice-presidente Riek Machar não param de aumentar em número,
o que mina qualquer esperança de paz no curto prazo.
A hiperinflação e a insegurança alimentar, aliadas à desaceleração da produção de petróleo, intensificarão
essas condições. Como resultado, os refugiados do país provavelmente continuarão a procurar abrigo em países
vizinhos, diz o relatório da Marsh.
4 - Afeganistão
Nota: 21,20
O governo central afegão em Cabul irá lutar para derrotar a insurgência talibã, especialmente após os países
ocidentais terem retirado a maior parte de suas tropas em 2014. O Estado islâmico também está recebendo
apoio no Afeganistão. Em geral, a guerra deve continuar por alguns anos. Mesmo se a paz fosse alcançada, os
riscos políticos continuariam altos, graças à diversidade étnica do Afeganistão, aos altos níveis de pobreza
e ao analfabetismo, além dos níveis muito elevados da corrupção.
5 - Síria
Nota: 21,70
O regime sírio de Assad fortaleceu substancialmente sua posição desde que a Rússia interveio em seu nome em
setembro de 2015. Enquanto isso, a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA aumenta as chances de um
acordo político entre os EUA e a Rússia, o que deixaria Assad em posição favorável. No entanto, a
consultoria não acredita que o exército sírio seja capaz de derrotar todas as forças rebeldes, incluindo as
forças curdas apoiadas pelos EUA, os combatentes da Turquia e da Arábia Saudita, e o Estado islâmico. A
longo prazo, a Síria se tornará, na melhor das hipóteses, um Estado altamente descentralizado com regiões
autônomas para diferentes etnias. Na pior das hipóteses, a luta continuará por muitos anos.
6- Sudão
Nota: 24,90
O risco político no Sudão é muito alto. A separação do Sudão do Sul em julho de 2011 desencadeou queda
brusca das receitas do petróleo, enfraquecendo, assim, a base econômica do regime de Cartum. O conflito
continua na região ocidental de Darfur, e várias outras áreas são pontos críticos para o confronto. O Sudão
é, em grande parte, um exilado na comunidade internacional (com exceção das fortes relações com a China)
devido a atrocidades expostas em Darfur e a emissão de um mandado de prisão pelo Tribunal Penal
Internacional para o presidente Omar al-Bashir.
7- Guiné-Bissau
Nota: 25,90
A incerteza política na Guiné-Bissau continuará a travar o desenvolvimento econômico com a luta de poder que
ocorreu em agosto de 2015, quando o Presidente José Mário Vaz demitiu o Primeiro-Ministro Domingos Simões
Pereira. O fracasso dos sucessivos governos atrasou a formação de políticas e continuará a minar a segurança
no país.
8 - Chade
Nota: 26,80
O presidente Idriss Déby manterá uma rigidez no poder depois de sua vitória nas eleições presidenciais de
abril de 2016. Os militantes do grupo Boko Haram estão perdendo terreno no Chade, mas o governo precisará
fazer mais para desenvolver o sudoeste do país para que os jovens sejam dissuadidos de se juntarem ao grupo
radical islâmico.
9 - Somália
Nota: 28,50
A longo prazo, a Somália continuará a ser um dos Estados mais frágeis do mundo. Embora as eleições
legislativas e presidenciais de dezembro de 2016 tenham sido um passo importante para a democratização, as
lealdades políticas continuam perigosamente divididas ao longo das linhas étnicas e dos clãs.
10 - Guiné Equatorial
Nota: 30,0
Embora a Guiné Equatorial seja tecnicamente um dos países mais ricos da África em termos de PIB per capita,
a desigualdade severa e as divisões étnicas têm sido uma fonte de tensão há muito tempo. O Presidente
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo está no poder há 37 anos e tolera pouca discordância. Além de ter um histórico
fraco em proteger direitos humanos básicos, Obiang fez pouco ou nenhum progresso na promoção de processos
democráticos. Caso Obiang, de 74 anos, de repente saia do cargo, há um forte risco de que as tensões veladas
possam se transformar em violência.