GESTORES: apesar de agosto, o índice Ibovespa ainda acumula alta de 10,4% / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)
Tais Laporta
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 10h47.
O entusiamo dos gestores de fundos com a bolsa brasileira já não é mais o mesmo. Menos da metade dos investidores institucionais veem o índice de referência da B3, o Ibovespa, acima dos 110 mil pontos no final de 2019, uma queda expressiva em relação a três meses atrás, apontou uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch.
O levantamento mostra que, agora em outubro, 47% dos consultados mantêm o otimismo com a bolsa, ante 87% em julho - período em que a reforma da Previdência foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados e a indicador encostou no recorde de 106 mil pontos.
As expectativas em torno da valorização do real também deterioraram, de acordo com o Bofa. A pesquisa aponta que 40% dos gestores de fundos projetam o dólar acima de 4 reais até o final deste ano. Em setembro, apenas 22% tinham esta expectativa.
Para mais da metade dos investidores (53%), a tensão comercial entre China e Estados Unidos tem sido o principal fator de risco para os mercados da América Latina nos últimos quatro meses. Em setembro, 41% dos gestores pensavam desta forma, mostrando que a confiança dos investidores continua em baixa.
A aversão ao risco também vem crescendo entre os gestores e está acima da média histórica, mostrou o levantamento do Bofa. Apenas 13% dos consultados disseram que estão tomando risco acima de níveis normais, contra 24% no mês passado. Já a visão de longo prazo sobre o Brasil se mantém positiva: 90% dos gestores acreditam que o país vai recuperar o grau de investimento, contra 95% em setembro.
Em setembro, EXAME consultou corretoras e casas de análise no Brasil, que mostraram manter a confiança no ciclo de alta da bolsa brasileira. Das cinco procuradas, todas mantiveram suas projeções para o Ibovespa acima de 115 mil pontos no final de 2019. A corretora Mirae Asset via o indicador em 124 mil pontos este ano e em 150 mil no fim de 2020.
Após o auge histórico de 106 mil pontos alcançado no dia 10 de julho, o principal índice da B3 engatou a marcha a ré. Até ensaiou uma recuperação no início de agosto, mas o contágio vindo do exterior trouxe forte volatilidade ao indicador, que chegou a escorregar para os 95 mil pontos em seu pior momento, no final de agosto. Em outubro, a bolsa passeia ao redor de 100 mil e 104 mil pontos, à espera de dados positivos que possam destravar o desempenho das ações.