Donald Trump: presidente americano voltou a criticar a alta de juros do Fed, o banco central do país (Yuri Gripas/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 21 de agosto de 2018 às 07h04.
Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 08h47.
A terça-feira deve trazer uma nova leva de respostas sobre quais fatores serão mais decisivos para a cotação do dólar frente ao real nas próximas semanas. De um lado, as pesquisas eleitorais apontando Lula e Jair Bolsonaro na frente têm levado o câmbio para cima. De outro, o presidente americano, Donald Trump, continua dando declarações que tendem a depreciar a moeda.
Ontem, o dólar subiu para seu maior nível em dois anos e meio, acima de 3,95 reais, com os investidores cautelosos com a cena eleitoral doméstica após a pesquisa eleitoral CNT/MDA mostrar que o candidato que mais agrada ao mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), continuava com pequena fatia do eleitorado, bem atrás de outros postulantes. Havia também temores de que o cenário se repetisse na pesquisa Ibope, o que foi confirmado com sua divulgação na noite de ontem.
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O dólar avançou 1,10 por cento, a 3,9577 reais na venda, maior nível desde os 4,0035 reais de 29 de fevereiro de 2016. Na máxima da sessão, a moeda foi a 3,9724 reais. O dólar futuro tinha avanço de cerca de 1,15 por cento. O movimento voltou a levantar os temores de que as eleições podem levar a moeda americana para a casa dos cinco reais, como alertou, em junho, Celso Toledo, economista da consultoria LCA e colunista de EXAME.
Toledo relembra que “já estivemos lá”. Em 2002, véspera da eleição de Lula, o dólar custava 7 reais em valores corrigidos. Os temores eleitorais são os mesmos de hoje. “O país está desgovernado e completamente dividido às vésperas de eleições que definirão se a economia será tocada de acordo com o que funciona no mundo ou se embarcaremos novamente em uma aventura populista que terminará em inflação”, escreveu Toledo.
Mas nesta terça-feira o dólar abriu em queda em relação à libra e ao euro após Donald Trump criticar publicamente o Fed, o banco central americano, por aumentar as taxas de juros. Trump afirmou em entrevista que continuará criticando o presidente da instituição, Jerome Powell, se as altas continuarem. Analistas de mercado apontaram a incoerência de Trump dar essas declarações e ao mesmo tempo criticar a manipulação cambial de China e da União Europeia. As declarações que colocam em dúvida a política de juros do país, e a guerra comercial, devem continuar jogando contra a moeda americana.