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Eleições pesam, dólar salta 1,21% e tem maior valor do Plano Real

O câmbio terminou na contramão do exterior, onde uma busca pelo risco favoreceu o avanço de divisas de países emergentes.

Dólar: o recorde era de 21 de janeiro de 2016, quando terminou em 4,1655 reais (Ian Waldie/Reuters)

Dólar: o recorde era de 21 de janeiro de 2016, quando terminou em 4,1655 reais (Ian Waldie/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 17h08.

Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 17h10.

SÃO PAULO, 13 Set (Reuters) - As preocupações com o cenário eleitoral doméstico fizeram com que o dólar superasse 1 por cento de valorização nesta quinta-feira e batesse a máxima recorde do Plano Real, ao terminar próximo dos 4,20 reais.

Assim, o câmbio terminou na contramão do exterior, onde uma busca pelo risco favoreceu o avanço de divisas de países emergentes.

O dólar avançou 1,21 por cento, a 4,1957 reais na venda, maior nível da moeda desde sua criação. Até então, o recorde era de 21 de janeiro de 2016, quando terminou em 4,1655 reais.

Neste mês até agora, o dólar já subiu 3,03 por cento ante o real. Nesta quinta-feira, marcou a máxima de 4,2069 reais e a 4,1245 reais na mínima do dia, logo depois da abertura dos negócios. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,79 por cento.

"Dúvidas sobre a saúde de Bolsonaro e a expectativa com o Datafolha de amanhã redobraram a cautela dos agentes", comentou um operador de câmbio de uma gestora local.

Na noite passada, o líder das pesquisas de intenção de votos, Jair Bolsonaro (PSL), passou por nova cirurgia e voltou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Assim, o candidato deve ficar de fora de "agendas de rua" ao menos no primeiro turno da campanha.

Os investidores temem que um candidato menos comprometido com o ajuste fiscal ganhe a disputa pela Presidência em outubro.

O mercado aguardava ainda novas pesquisas de intenção de votos, com destaque para o Datafolha na sexta-feira depois do fechamento dos mercados no Brasil. Os dados para esse levantamento estão sendo colhidos já nesta quinta-feira.

Com o nervosismo eleitoral, o mercado doméstico acabou se descolando no exterior, que teve dia de busca pelo risco, após a Turquia elevar os juros e os dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos não reforçarem apostas de subida mais intensa dos juros no país.

"Se o núcleo da inflação não melhorar significativamente no próximo ano, isso resultaria em ritmo ainda mais gradual de elevação das taxas", comentou o analista da gestora CIBC Andrew Grantham, em nota.

Juros elevados nos Estados Unidos têm potencial de atrair recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.

Na véspera, os Estados Unidos convidarem os chineses para retomar as conversas comerciais, no momento em que Washington se preparava para intensificar a guerra comercial entre os dois países com tarifas sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses.

O dólar caía ante divisas de países emergentes, com destaque para a lira turca, após o banco central do país subir os juros para 24 por cento. Também perdia força ante outras divisas fortes.

O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 4,360 bilhões de dólares do total de 9,801 bilhões de dólares que vencem em outubro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

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