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Avanço do esquerdista Mélenchon preocupa mercados na França

O candidato da esquerda radical está ombro a ombro com o candidato conservador François Fillon, faltando onze dias para as eleições presidenciais

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Jean-Luc Mélenchon: Mélenchon encabeça a lista dos políticos mais populares da França, com 68% de opiniões positivas (Getty Images/Getty Images)

Jean-Luc Mélenchon: Mélenchon encabeça a lista dos políticos mais populares da França, com 68% de opiniões positivas (Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 12 de abril de 2017 às, 16h39.

O avanço, nas pesquisas de opinião, do candidato da esquerda radical francesa Jean-Luc Mélenchon preocupa o empresariado e os mercados financeiros, faltando onze dias para as eleições presidenciais mais incertas da história recente da França.

Em ascensão constante desde o primeiro debate transmitido pela TV em 20 de março, o líder do movimento "A França Insubmissa" encontra-se atualmente ombro a ombro com o candidato conservador François Fillon, com cerca de 18% das intenções de voto, a seis pontos da líder da extrema-direita, Marine Le Pen, e do candidato de centro, Emmanuel Macron, que encabeçam as pesquisas.

Levando em conta o importante número de indecisos a menos de duas semanas do pleito e a margem de erro das pesquisas, qualquer destes quatro candidatos poderia se classificar em 23 de abril para o segundo turno das presidenciais.

"Estamos em um momento histórico do país", assegurou na terça-feira o presidente do sindicato patronal francês MEDEF, Pierre Gattaz.

"Não devemos nos equivocar", acrescentou Gattaz, advertindo para o risco que, segundo ele, representaria uma vitória de Mélenchon ou de Le Pen.

Para Gattaz, o programa de Mélenchon "se assemelha" ao do falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez, uma comparação que o jornal conservador Le Figaro retomou em sua capa desta quarta-feira, tachando Mélenchon de "apóstolo de ditadores revolucionários" e considerando que seu programa "delirante" poderia significar a "ruína da França".

"Mais uma vez, se anuncia com minha vitória eleitoral a chegada do inverno nuclear, da chuva de sapos, dos tanques do Exército Vermelho e o desembarque dos venezuelanos", reagiu, irônico, o líder esquerdista.

Mélenchon, de 65 anos, que atraiu multidões em seus últimos comícios, está convencido de que irá para o segundo turno das presidenciais, em 7 de maio.

"Vivemos em uma sociedade extremamente rica cheia de pobres, com um modo de produção que dá nojo a todo mundo (...) Mas as elites não tiram nenhuma lição disto. É a corte de Versalhes que se diverte, enquanto o povo morre de fome. Chegamos ao limite e sou o sintoma disso", afirmou nesta quarta-feira este ex-ministro socialista (2000-2002), que em 2008 criou seu próprio movimento político, o Partido de Esquerda, aliado dos comunistas.

Hollande faz advertência

Mélenchon encabeça a lista dos políticos mais populares da França, com 68% de opiniões positivas. Outra pesquisa indica que para a maioria dos franceses ele é quem "melhor encarna os valores da esquerda".

Este homem, conhecido pelo temperamento forte e o discurso vibrante, conseguiu construir uma imagem sólida ao longo da campanha.

Seu programa "radical" inclui a ruptura com os tratados europeus e a saída da Otan.

Seu projeto preocupa, inclusive dentro da esquerda socialista, em um momento em que seu candidato, Benoît Hamon, não consegue decolar nas pesquisas, empacado com cerca de 10% das intenções de voto.

O próprio presidente François Hollande, que não disputará a reeleição, fez nesta quarta-feira uma advertência contra o "perigo" de se assistir ao "espetáculo do tribuno, ao invés do conteúdo de seu programa", em alusão a Mélenchon.

Os mercados financeiros também acompanham de perto a espetacular ascensão de Mélenchon, que propõe uma "revolução fiscal", com um imposto de quase 100% sobre rendimentos 20 vezes superiores ao salário médio.

"O risco político na França deu uma nova guinada desde o fim de semana passado, com a subida de Jean-Luc Mélenchon nas pesquisas", avaliou nesta quarta-feira, em nota, Dembik Christopher, encarregado de pesquisas econômicas do Saxo Bank.

"Um cenário Marine Le Pen/Jean-Luc Mélenchon no segundo turno, embora não seja o mais provável, alimenta certo nervosismo nos mercados", acrescentou.

Depois do efeito Le Pen, que levou em fevereiro ao aumento da brecha entre a dívida francesa e a alemã, o crescimento de Mélenchon provocou nos últimos uma pressão altista nas taxas dos bônus franceses.

No entanto, atualmente, a hipótese que os mercados mais temem continua sendo Marine Le Pen, que lidera as intenções de voto para o primeiro turno das presidenciais.

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