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Ação da XP dispara em dia de IPO e Benchimol não descarta dupla listagem

Cerca de 1,1 bilhão de dólares devem ser reinvestidos, sendo a construção de um banco um dos principais destinos do montante

Guilherme Benchimol: CEO da XP Inc. comemora IPO na Nasdaq (Matheus Detoni/Divulgação/Reuters)

Guilherme Benchimol: CEO da XP Inc. comemora IPO na Nasdaq (Matheus Detoni/Divulgação/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 17h26.

Última atualização em 11 de dezembro de 2019 às 19h37.

São Paulo - As expectativas de que o IPO da XP Inc. fosse uma grande oportunidade se confirmaram. Nesta quarta-feira (11), dia em que os papéis da corretora começaram a ser negociados na Nasdaq, as ações subiram 27,63% em relação ao valor precificado e fecharam em 34,46 dólares. 

Mesmo com o forte movimento de alta, o CEO e fundador da XP, Guilherme Benchimol disse, em conferência com jornalistas, que não está olhando para a cotação de sua empresa e não descartou a hipótese de uma dupla listagem na B3, caso as regras que versam sobre o voto plural sejam revistas.

Segundo o CEO, a possibilidade de emitir ações super ordinárias foi decisiva na hora de escolher o mercado americano para realizar o IPO. Essa categoria de ativo, também conhecida como “super on”, dá direito a mais votos em assembleia, o que permite que os fundadores mantenham-se no controle mesmo em caso de a maioria dos acionistas serem contrários a sua permanência. 

“A gente conseguiria abrir capital no Brasil mantendo o controle, mas se fosse necessário emitir novas ações, perderíamos o controle - e isso não é do interesse de ninguém. Por isso, preferimos abrir capital aqui fora”, comentou Benchimol. Sair da corretora que criou, por sinal, está muito longe de passar pela cabeça do executivo, que afirmou ter assumido um compromisso de “nunca ter outro negócio na vida, além da XP”.

A operação movimentou 2,5 bilhões de dólares, sendo 1,1 bilhão destinado ao caixa da empresa. De acordo com o CEO, o dinheiro deve ser usado em uma “série de iniciativas” sendo a construção de um banco a principal delas.“O foco é fazer mais do mesmo e melhor, e para isso é preciso de uma licença de banco, para que possamos oferecer soluções bancárias e cortar o cordão umbilical com o banco. Vamos investir muito nessa vertical e construir tudo do zero”, disse. 

Embora mire o segmento bancário, o CEO da XP disse que a ideia não é ganhar dinheiro por meio de crédito, e sim oferecer serviços que, hoje, só podem ser oferecidos por esse tipo de instituição financeira. Com isso, a companhia poderia entrar no ramo de cartões de crédito, débito e criar um app com funções integradas com a corretora. No começo de outubro, o Banco Central concedeu autorização de funcionamento do Banco XP. Desta maneira, a XP poderá atuar como banco múltiplo, com as carteiras comercial e de investimento. Além de ter tido autorização para realizar operações no mercado de câmbio.

O IPO da XP foi um dos eventos mais esperados do segundo semestre, embora restrito a investidores institucionais. Com isso, a operação atraiu o interesse de muitas gestoras brasileiras, como a Vitreo, que não conseguiu participar da oferta inicial de ações, e abriu dois fundos só para comprar as ações da companhia depois que elas começassem a ser negociadas no mercado secundário.

Apesar da polêmica, Benchimol disse que fundos offshores de gestoras brasileiras foram dos que mais tiveram participação no IPO da XP. “Foi uma alocação muito acima do normal para os fundos brasileiros, de gestoras brasileiras parceiras de anos e anos." 

Benchimol também comentou sobre o comunicado da XP que afastava os fundos brasileiros de de seu IPO. Segundo ele “foi exatamente a mesma carta” entregue pelos bancos que coordenaram o IPO de outras empresas brasileiras nos EUA, como Arco e Pagseguro. “É  fácil descobrir o tipo de obrigação que carta exigia.”

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