Mercado imobiliário

WeWork tem uma semana para desocupar imóvel gerido pela Rio Bravo - ou pagar os aluguéis devidos

Justiça concedeu liminar de despejo a favor da gestora. FII Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) detém 34,81% do imóvel na Vila Madalena

WeWork: Justiça concede liminar de despejo a favor da Rio Bravo

WeWork: Justiça concede liminar de despejo a favor da Rio Bravo

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 15h56.

Última atualização em 17 de setembro de 2024 às 16h56.

A Justiça concedeu uma liminar de despejo contra a WeWork a favor da ação movida pelo fundo imobiliário Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) e os demais coproprietários do Girassol 555, na Vila Madalena, na cidade de São Paulo.

No dia 21 de agosto, a Exame INSIGHT noticiou, em primeira mão, que a Rio Bravo havia entrado com a ação devido à inadimplência.

A partir da publicação da decisão, a WeWork tem 15 dias para deixar o imóvel ou quitar suas dívidas -- prazo, este, que já está correndo e se encerra em 24 de setembro, daqui uma semana.

A empresa de coworking está inadimplente com o pagamento de três aluguéis, que abrangem os meses de maio, junho e julho de 2024. Além da ação de despejo, a gestora também entrou com uma ação judicial para a cobrança dos aluguéis atrasados.

A decisão de ingressar com ambas as ações judiciais ocorreu após diversas tentativas sem evolução de negociação com a WeWork, através da Alvarez & Marsal, representante da empresa, informou a gestora.

De acordo com Anita Scal, sócia-diretora da Rio Bravo, a casa "buscou os melhores acordos para não prejudicar o cotista". Entretanto, a proposta da WeWork, que incluía redução nos valores do aluguel, não foi aprovada pelo RCBRB11 e pelos demais co-proprietários.

O fundo detém 34,81% do imóvel, que tem uma taxa de ocupação de cerca de 80%. Para a sócia-diretora da Rio Bravo, apesar do impacto, o fundo está confiante na alta liquidez do imóvel, devido à região valorizada na capital paulista.

A WeWork foi notificada sobre a decisão e está ciente sobre o prazo de 15 dias, informou a Rio Bravo.

À EXAME, a companhia informou que desconhece qualquer ordem de despejo. Confira o posicionamento:

“Desconhecemos qualquer ordem de despejo. A empresa segue operando em sua totalidade em todos os prédios no Brasil. Nossas ações temporárias têm o objetivo de acelerar as conversas para chegar a resoluções que sejam do melhor interesse de todo o nosso ecossistema, mutuamente benéficas e que estejam mais bem alinhadas com as condições atuais do mercado. Nossos membros continuam sendo nossa principal prioridade. As negociações já estão resultando em acordos com locadores e seguimos comprometidos em prestar o excelente serviço que nossos membros esperam."

Ao menos 7 FIIs levaram calotes

Além da RCRB11, os calotes atingiram ao menos sete FIIs: Torre Almirante (ALM11), Vinci Offices (VINO11), Santander Renda de Aluguéis (SARE11), Torre Norte (TRNT11), Valora Renda Imobiliária (VGRI11) e Fundo de Investimento Imobiliário de Multi Renda Urbana (VVMR11).

Desses fundos, dois já receberam os aluguéis atrasados: VVMR11 e ALM11. Este último é proprietário de 40% do Torre Almirante, edifício de alto padrão no Centro do Rio de Janeiro com 36 andares, onde a companhia devia também três aluguéis.

Já dentre os que não obtiveram sucesso com um acordo, o VINO11 afirmou ter também conseguido uma liminar de despejo na Justiça.

E o impacto das inadimplências da WeWork não se limita aos fundos imobiliários -- ela também deve a empresas e proprietários diretos.

A companhia HBR Realty informou que sua controlada SPE HBR1 protocolou, no dia 2 de setembro, uma ação de despejo contra a WeWork por falta de pagamento dos alugueis do empreendimento denominado HBR Corporate Faria Lima, pertencente à plataforma HBR 3A.

Além dela, a WeWork recebeu uma ordem de despejo do icônico edifício na Avenida Paulista, o Grande Ufficiale Evaristo Comolatti, em agosto, com uma dívida de R$ 4 milhões, também referente a aluguéis atrasados desde junho.

Da recuperação judicial nos EUA aos calotes no Brasil

A WeWork, empresa que chegou a ser a principal tomadora de imóveis em Nova York avaliada em US$ 47 bilhões na época, agora passa por um período de inverno nos Estados Unidos e no Brasil.

No final de maio deste ano, a companhia obteve a aprovação para seu plano de reestruturação de dívidas nos EUA, conhecido como chapter 11, com uma dívida na casa dos US$ 18,6 bilhões, contra US$ 15 bilhões de ativos.

Com cerca de 700 unidades em 40 países, a companhia enfrenta desafios significativos para sua recuperação. No pedido de recuperação judicial nos EUA, a empresa afirmou que sua operação na América Latina estava saudável e que ela honraria seus compromissos.

Entretanto, a realidade foi outra e a inadimplência chegou nos empreendimentos do Brasil. Entre fundos imobiliários e proprietários diretos, a WeWork ocupa 93 mil m² de imóveis locados no Brasil de alto padrão (A e A+).

Caso ela devolvesse todos os imóveis na capital paulista, a taxa de vacância dos escritórios na cidade poderia crescer 1,45 p.p. (pontos percentuais), elevando a vacância geral para 23,39% na cidade, segundo dados da plataforma Market Analytics, da SiiLA.

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