Mercado Imobiliário

Patrocínio:

Design sem nome (3)

Exclusivo: Leilão de Cepacs poderia levar vacância na Faria Lima de 1% para 13%

Leilão de títulos que aumentam potencial construtivo vai reduzir escassez na região mais cara da cidade, mostra a consultoria Binswanger Brazil — que, no entanto, não aposta numa competição assim tão acirrada

Falta espaço na Faria Lima. Mas as incorporadoras da região têm uma carta na manga: os Cepacs (Leandro Fonseca/Exame)

Falta espaço na Faria Lima. Mas as incorporadoras da região têm uma carta na manga: os Cepacs (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 8 de agosto de 2025 às 14h16.

Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 15h03.

Com vacância de menos de 2% e preço do metro quadrado chegando a quase R$ 300, falta espaço para escritórios na Faria Lima. Mas as principais incorporadoras da região têm uma carta na manga: os Cepacs.

Se todos os Cepacs da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, em São Paulo, fossem destinados exclusivamente para escritórios comerciais e — e se o estoque adicional de 250 mil metros quadrados fosse disponibilizado agora, sem pré-locação —, a taxa de vacância da área aumentaria de 6,9% para 20,6%. Os números são de levantamento da consultoria Binswanger Brazil, divulgados com exclusividade pela EXAME.

A Operação Urbana é composta por quatro setores — Faria Lima, Hélio Pellegrino, Pinheiros e Olimpíadas —, com vacâncias de 1,8%, 6,9%, 8,8% e 8,9%, respectivamente, e preços de aluguel por metro quadrado de R$ 262,01, R$ 284,13, R$ 170,15 e R$ 186,95, conforme a Binswanger. O valor médio do aluguel entre os quatro setores é de R$ 207,99 por metro quadrado.

O cenário, no entanto, é pouco provável. Espera-se que parte dos títulos seja comprada para aumentar o potencial construtivo de empreendimentos residenciais ou mistos e a região é a mais demandada da capital paulista. Mesmo assim, a projeção da Binswanger de exclusividade de títulos para escritórios deixa claro que a disponibilidade de áreas corporativas da região tende a ficar menos restrita quando incorporadoras utilizarem Cepacs no desenvolvimento de novos prédios.

Caso a totalidade dos títulos fosse alocada no setor comercial, o estoque de escritórios corporativos da região da Operação Urbana poderia aumentar 17,3%, atingindo 1.691.505 metros quadrados. Nesse cenário hipotético, as taxas de vacância seriam de 13,1% na Faria Lima, 30,4% no Hélio Pellegrino, 25% em Pinheiros e 16,6% nas Olimpíadas.

Na visão de Sério Belleza, diretor de transações e negócios imobiliários da Binswanger, a concorrência do leilão não será assim tão acirrada. “Apesar da demanda, não há um entusiasmo excessivo no mercado. A maioria dos compradores de Cepacs o faz com a intenção de uso imediato de proprietários de terrenos, porque precisam dar continuidade a seus projetos, não para especulação”, opina.

Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o prospecto do leilão que ocorrerá em agosto. Cada Cepac terá preço mínimo de R$ 17,6 mil, o mesmo valor do último leilão.

O alto custo de aquisição dos títulos e a competição com incorporadoras do setor residencial devem levar algumas desenvolvedoras de imóveis corporativos a não participar do leilão. Por outro lado, aquelas que possuem terrenos na área ou que precisam regularizar seus projetos provavelmente farão lances pelos Cepacs para viabilizar seus empreendimentos e aproveitar a baixa vacância e a demanda por espaços corporativos.

Acompanhe tudo sobre:Faria LimaSão Paulo capitalEscritóriosMercado imobiliário

Mais de Mercado Imobiliário

Devo fazer um usufruto ou holding para meus filhos?

Incorporadora quer dar novo sentido ao luto com reforma de cemitério

Financiamento de imóvel via poupança cai em outubro, para R$ 14,8 bi

Após 'Airbnb de luxo', Charlie lança hotel ao lado do Ibirapuera