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O edifício da Agência Central do Bradesco, em frente ao Copan, será reativado. (Bradesco/Divulgação)
Repórter de Mercados
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 15h51.
Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 17h48.
O Bradesco decidiu retomar um de seus endereços mais simbólicos: o edifício Nova Central, na avenida Ipiranga, vizinho ao Copan. A volta ocorre num momento em que o banco estimula o retorno presencial de seus funcionários. Na última semana, ele anunciou que vai encerrar o modelo de home office para quase 900 funcionários a partir de janeiro de 2026.
“No período da pandemia fomos para o home office e vendemos quatro ou cinco prédios. Esse não teria como vender, é um xodó do banco”, conta Oswaldo Tadeu Fernandes, diretor-executivo do Bradesco. Atualmente, o Bradesco ainda temi 42 edifícios administrativos, sendo 12 em São Paulo e o restantes nos demais estados, totalizando 450 mil metros quadrados.
O Nova Central foi projetado em 1964, abrangendo 33 mil metros quadrados. O banco estima um investimento de R$ 200 milhões para a revitalização do edifício, destinando 18 mil metros quadrados — do quinto ao vigésimo andar — para departamentos internos do banco que vão acomodar cerca de 2,2 mil funcionários.
O edifício Nova Central, na avenida Ipiranga, é vizinho ao Copan (Manu Oristanio)
Os 15 mil metros quadrados restantes nos cinco primeiros pavimentos, a partir do térreo, serão locados para lojas e restaurantes que serão abertos ao público. A ideia é justamente não sobrecarregar toda a infraestrutura que está ao redor do prédio com uma vinda repentina de tantos trabalhadores.
A decisão marca o retorno a um endereço central na história da instituição. Construído inicialmente para funcionar como um hospital — algo que nunca aconteceu —, o Nova Central foi comprado pelo Bradesco na mesma década.
O edifício funcionou como a maior agência do banco, especialmente nos anos 1980 e 1990. Na época, sozinha, ela movimentava um volume equivalente ao do oitavo maior banco do Brasil, empregando mais de mil pessoas.
“O gerente que fosse transferido para aquela agência era dado como certo virar diretor. Muitos diretores do comitê executivo passaram por ela, inclusive Márcio Cypriano”, conta Fernandes, que trabalha no banco há mais de 40 anos.
Hoje, o Bradesco tem a sua sede na chamada Cidade de Deus, em Osasco, que abriga quase 10 mil funcionários, e onde Fernandes afirma não haver mais espaço para crescer. Além da sede, o banco ocupa diversos prédios espalhados por toda a capital paulista, como o que abriga o BBI, na Avenida Faria Lima, ou o que abriga o Bradesco Saúde, na Avenida Paulista.
“Nossa ideia é aproveitar todo o nosso parque imobiliário. Já revitalizamos os prédios da Paulista, onde está o Bradesco Saúde. Até revitalizar também o Nova Central vai mais um tempo”, explica o diretor-executivo do banco. A expectativa é que os funcionários do banco comecem a trabalhar do centro a partir do começo de 2027.
O governo de São Paulo autorizou, em junho de 2025, a licitação para construir um novo centro administrativo na região dos Campos Elísios, com foco em revitalizar a área. O projeto consiste na construção de um novo complexo administrativo que reunirá o gabinete do governador e as 28 secretarias em 12 prédios, com capacidade para cerca de 22 mil servidores.
A mudança representa mais uma tentativa de revitalizar o centro da cidade. Segundo o governo, a transferência trará um choque para a região e pode ser uma reparação histórica, reaproximando a gestão do poder público da população, que antes estava mais isolada, no Morumbi, na zona sul da cidade.
Na licitação para a construção do novo centro administrativo, há a previsão da construção, reforma, adequação, manutenção, conservação, gestão e operação do complexo por um período de 30 anos.
A região não recebe um novo estoque corporativo desde 2018. Hoje, todos os empreendimentos do local representam 138 mil metros quadrados de estoque, segundo levantamento da consultoria Binswanger. A nova sede do governo deve representar mais 250 mil metros quadrados de área corporativa.
Se o centro de São Paulo atrai a atenção de muitas companhias para voltar, existem aquelas empresas que nunca se foram da região. Com 130 anos de história, a B3 mantém uma relação profunda com a região.
Desde sua fundação, a bolsa tem se estabelecido em diferentes locais no coração da cidade, sempre mantendo sua sede principal na Rua 15 de Novembro, desde 1992. Sua permanência vai além de uma simples decisão corporativa: reflete um compromisso estratégico com o futuro da área e seu impacto na revitalização urbana, diz Ana Buchaim, vice-presidente da B3.
Desde sua fundação, a bolsa tem se estabelecido em diferentes locais no coração da cidade, sempre mantendo sua sede principal na Rua 15 de Novembro, desde 1992 (Gustavo Scatena/Divulgação)
“Quando a Bovespa e a BM&F se fundiram, em 2008, nossa dúvida era onde iríamos acomodar todos os funcionários. Nossa estratégia foi ficar no centro, onde estávamos há mais de cem anos. Ocupamos diferentes prédios, há diferentes histórias, mas a gente permanece por entender que o centro é lugar de conexão entre as pessoas, os negócios, a cultura, a história, o futuro, e o que vem por aí”, diz Buchaim.
Além disso, a localização oferece uma mobilidade inigualável, com fácil acesso aos principais modais de transporte da cidade, o que é um fator decisivo para a qualidade de vida dos funcionários — algo que também foi considerado pelo Bradesco.
A possibilidade de transferir sua sede completamente para a Faria Lima foi considerada, mas logo descartada. Pesquisas com funcionários e com a comunidade local indicaram que a maioria preferia o centro, com sua maior mobilidade e a vida que transborda além do horário comercial.
“Resolvemos ficar e reformar tudo, porque lá está a nossa história, então não fazia muito sentido deslocar a bolsa para outro local. E ficamos muito felizes quando vemos outras empresas tomando essa decisão. Quanto mais vida a gente trouxer para o centro, mais a gente valoriza essa história”, afirma.
Atualmente, a B3 ocupa três prédios no centro de São Paulo: o edifício da Rua 15 de Novembro, onde está localizado o pregão e o Museu B3; o prédio da Praça, que abriga o centro de operações e a Arena B3, e a Casa da Moeda. Esses três prédios são o coração da bolsa brasileira, onde 90% de seus funcionários trabalham. Além deles, a empresa também tem escritórios na Faria Lima e em outras cidades ao redor do mundo.