Dove: marca recebeu selo cruelty-free, dado pelo grupo Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA). (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de outubro de 2018 às 10h45.
Última atualização em 9 de outubro de 2018 às 11h04.
São Paulo - A gigante da beleza Unilever anunciou nesta terça-feira (9) seu apoio à iniciativa #BeCrueltyFree da organização de proteção animal Human Society International para proibir testes de cosméticos em animais.
Juntas, as empresas farão uma campanha global para estimular mudanças regulatórias em prol do uso de testes que não envolvam animais, o que elas esperam alcançar até 2023 em 50 dos principais mercados de beleza do mundo, incluindo a Ásia.
Por meio da parceria, a Unilever também investirá no treinamento de futuros cientistas de segurança para avaliação de riscos de testes alternativos.
A Unilever também anunciou que a Dove, sua maior marca no segmento de Beleza & Cuidados Pessoais, conquistou o status de livre-de-crueldade (do inglês cruelty-free), que assegura que a empresa não faz testes em animais em toda a cadeia de fabricação de seus produtos.
Emitido pela organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA), o selo de cruelty-free passará a fazer parte da comunicação e das embalagens de todos os produtos Dove em 2019.
Alguns dos ingredientes encontrados na linha de produtos da marca, porém, são de origem animal, como a queratina. Apesar disso, a empresa diz que está buscando extrair suas matérias primas de forma sustentável e livre de crueldade.
Em nota ao site EXAME, disse ainda que reconhece o interesse crescente em produtos veganos e está trabalhando para que seu portfólio tenha opções que possam atender todas as necessidades dos consumidores.
O anúncio vem logo depois que a marca The Body Shop e a organização Cruelty Free International levaram 8,3 milhões de assinaturas contra o teste de cosméticos em animais à sede das Nações Unidas na Cidade de Nova York, para criar um sistema global para acabar com o teste em animais.
Cerca de 80% dos países ainda não consideram ilegal fazer testes de cosméticos em animais. Estima-se que mais de 500.000 animais são usados para este fim todos os anos.
Até agora, 37 países ao redor do mundo já aprovaram legislação para proibir, total ou parcialmente, os testes em animais.
O próximo país na fila para proibir a prática poderia ser o Brasil, por meio do Projeto de Lei 70/2014, em tramitação no Congresso, que dispõe sobre a vedação da utilização de animais para o desenvolvimento de produtos de uso cosmético para humanos e aumenta os valores de multa nos casos de violação.
Segundo pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) feita pela HSI, 66% dos brasileiros apoia uma proibição nacional de testes em animais para cosméticos e seus ingredientes, e 61% concordam que testar novos cosméticos em animais não justifica o sofrimento.
Métodos alternativos
Atualmente, existem muitos métodos de ensaio em laboratório que podem ser usados no lugar de testes em animais.
Em vez de medir quanto tempo leva um produto químico para queimar a córnea do olho de um coelho, por exemplo, os fabricantes podem testar esse produto químico em estruturas de tecido 3D semelhantes à córnea produzidos a partir de células humanas. Troca-se, assim, a desumana técnica “in vivo” por outras que não afligem nenhum animal.
No Brasil, a Natura foi uma das primeiras gigantes do setor a extinguir os testes de cosméticos em animais, em 2006. No mês passado, a empresa conquistou o selo “The Leaping Bunny”, dada pela organização Cruelty Free International, que certifica que a empresa não utiliza testes em animais ao longo de seu processo produtivo.