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Rio-2016: os bastidores do show para bilhões de espectadores

Estes são os cinco pontos-chave para entrar nos bastidores da maior operação audiovisual planetária e compreender suas mudanças em plena revolução digital

Rio-2016: Paixão de 5 bilhões de consumidores rendeu bilhões de dólares (REUTERS/Pool)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2016 às 16h26.

Se você olhar para uma única prova dos Jogos Olímpicos do Rio pela televisão ou por um telefone celular durante 30 minutos, pertencerá a um grupo de 5 bilhões de consumidores cuja paixão rendeu bilhões de dólares .

Estes são os cinco pontos-chave para entrar nos bastidores da maior operação audiovisual planetária e compreender suas mudanças tecnológicas e econômicas em plena revolução digital:

1. Como viram Bolt?

Em Tóquio, Bogotá ou Los Angeles, as pessoas saltaram de seus sofás vendo o "raio" Usain Bolt ganhar os 100 metros. O sinal saiu do Rio, foi enviado para quatro satélites e depois para o reduto do Olympic Broadcasting Services (OBS), um apêndice do Comitê Olímpico Internacional (COI) que realiza "a maior operação de produção audiovisual do mundo". Mais de 7.000 especialistas em som e imagem com camisas azuis e calças ocre trabalham neste "Cabo Canaveral" das estrelas olímpicas. Nas imensas salas de vidro tomadas de televisão, tratam as imagens filmadas pelos 1.200 repórteres em todos os locais olímpicos. No total, são produzidas 7.000 horas de conteúdo.

2. Um negócio de mais de 3,5 bilhões de dólares

É aqui que os "right-holders" (emissoras de televisão tradicionais, televisão a cabo, por internet) fazem suas compras. Eles adquiriram a preço de ouro os direitos exclusivos de retransmissão por país, fazendo um zapping de um canal direto para outro. Pois os Jogos Olímpicos não são vistos da mesma forma pelos brasileiros, chineses e jamaicanos. Cada país vibra com seus campeões. E, junto com eles, vibra a audiência e as receitas de publicidade.

"A receita dos direitos de transmissão continuam aumentando para cada combinação dos Jogos de verão e de inverno. Com o Rio, isso representará mais de 3,5 bilhões de dólares", explicou à AFP o grego Yiannis Exarchos, presidente da OBS. Com os patrocinadores, é a maior fonte de receita do movimento olímpico. O COI guarda cerca de 9%, o resto financia as federações internacionais, os comitês nacionais etc. "O mundo do esporte, excetuando as raras modalidades comercialmente muito rentáveis, teria grandes dificuldades para sobreviver sem isso", disse Exarchos.

3. Primeiros Jogos "massivamente digitais"

"Os Jogos do Rio são os primeiros massivamente digitais da História, onde sua visualização pela internet terá sido tão importante como nas emissoras de televisão", afirmou o chefe da OBS.

Ao final de quatro dias de competições no Rio, mais pessoas terão visto imagens filmadas dos Jogos na internet que em todos os Jogos de Londres. "Os números definitivos serão verdadeiramente enormes", acrescentou. Não só em termos de quantidade de pessoas, mas também de tempo e de quantidade de conexões graças à proliferação de tablets e smartphones.

Há pouco tempo, as televisões tradicionais se sentiam intimidadas com o digital, cuja monetização continua sendo aleatória. "Mas hoje, a maioria tem suas próprias plataformas digitais. E percebemos que levam o público até suas emissoras tradicionais. O digital nutre a TV tradicional e vice-versa", explicou.

Mas o surgimento muito agressivo de alguns veículos, em particular nas redes sociais que modificam completamente o ambiente, representa um risco para alguns meios de comunicação tradicionais, destacou Exarchos. Assim, a distribuição da renda irá evoluir entre os atores.

4. As TV-Jogos Olímpicos do futuro?

Nos espaços da OBS já pode-se testar de maneira experimental os Jogos Olímpicos do futuro.

A emissora japonesa NHK testa em algumas competições a retransmissão em formato 8K, definição 16 vezes superior à alta definição atual. Em uma tela de cinema, podemos ver a final dos 100 metros com uma nitidez incrível, inclusive a dois metros da tela. Dá realmente a impressão de que se está dentro do estádio.

Em outra sala, pode-se colocar um óculos de grossas lentes de plástico. Um smartphone fica encaixado nele, conectado a um aplicativo de realidade virtual alimentado por múltiplas câmeras posicionadas na piscina olímpica. Girando a cabeça podemos ver os espectadores sentados ao nosso lado. Se olharmos para cima, veremos o teto. À esquerda os nadadores se aquecendo. No centro, os fotógrafos. A imagem ainda não é boa. Mas em alguns anos, poderemos viajar para qualquer estádio olímpico do mundo sem sair de nossa casa no Canadá.

5. Estádios vazios e gladiadores

Quem, então, correrá o risco de se arriscar pagando passagens de avião, hotel e ingressos? Será que os atletas correrão em estádios vazios? Exarchos diz que não, porque nada substitui a emoção de viver o que está acontecendo. Mas é verdade que as arquibancadas quase vazias, como as vistas algumas vezes no Rio, é o pior para as emissoras e para os anunciantes. "Sou partidário de estádios menores e mais cheios. Não estamos mais na época dos gladiadores, onde toda Roma era colocada no Circo para ver os Jogos", concluiu o chefe da OBS.

O Coliseu, hoje em dia, é a televisão.

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Se você olhar para uma única prova dos Jogos Olímpicos do Rio pela televisão ou por um telefone celular durante 30 minutos, pertencerá a um grupo de 5 bilhões de consumidores cuja paixão rendeu bilhões de dólares .

Estes são os cinco pontos-chave para entrar nos bastidores da maior operação audiovisual planetária e compreender suas mudanças tecnológicas e econômicas em plena revolução digital:

1. Como viram Bolt?

Em Tóquio, Bogotá ou Los Angeles, as pessoas saltaram de seus sofás vendo o "raio" Usain Bolt ganhar os 100 metros. O sinal saiu do Rio, foi enviado para quatro satélites e depois para o reduto do Olympic Broadcasting Services (OBS), um apêndice do Comitê Olímpico Internacional (COI) que realiza "a maior operação de produção audiovisual do mundo". Mais de 7.000 especialistas em som e imagem com camisas azuis e calças ocre trabalham neste "Cabo Canaveral" das estrelas olímpicas. Nas imensas salas de vidro tomadas de televisão, tratam as imagens filmadas pelos 1.200 repórteres em todos os locais olímpicos. No total, são produzidas 7.000 horas de conteúdo.

2. Um negócio de mais de 3,5 bilhões de dólares

É aqui que os "right-holders" (emissoras de televisão tradicionais, televisão a cabo, por internet) fazem suas compras. Eles adquiriram a preço de ouro os direitos exclusivos de retransmissão por país, fazendo um zapping de um canal direto para outro. Pois os Jogos Olímpicos não são vistos da mesma forma pelos brasileiros, chineses e jamaicanos. Cada país vibra com seus campeões. E, junto com eles, vibra a audiência e as receitas de publicidade.

"A receita dos direitos de transmissão continuam aumentando para cada combinação dos Jogos de verão e de inverno. Com o Rio, isso representará mais de 3,5 bilhões de dólares", explicou à AFP o grego Yiannis Exarchos, presidente da OBS. Com os patrocinadores, é a maior fonte de receita do movimento olímpico. O COI guarda cerca de 9%, o resto financia as federações internacionais, os comitês nacionais etc. "O mundo do esporte, excetuando as raras modalidades comercialmente muito rentáveis, teria grandes dificuldades para sobreviver sem isso", disse Exarchos.

3. Primeiros Jogos "massivamente digitais"

"Os Jogos do Rio são os primeiros massivamente digitais da História, onde sua visualização pela internet terá sido tão importante como nas emissoras de televisão", afirmou o chefe da OBS.

Ao final de quatro dias de competições no Rio, mais pessoas terão visto imagens filmadas dos Jogos na internet que em todos os Jogos de Londres. "Os números definitivos serão verdadeiramente enormes", acrescentou. Não só em termos de quantidade de pessoas, mas também de tempo e de quantidade de conexões graças à proliferação de tablets e smartphones.

Há pouco tempo, as televisões tradicionais se sentiam intimidadas com o digital, cuja monetização continua sendo aleatória. "Mas hoje, a maioria tem suas próprias plataformas digitais. E percebemos que levam o público até suas emissoras tradicionais. O digital nutre a TV tradicional e vice-versa", explicou.

Mas o surgimento muito agressivo de alguns veículos, em particular nas redes sociais que modificam completamente o ambiente, representa um risco para alguns meios de comunicação tradicionais, destacou Exarchos. Assim, a distribuição da renda irá evoluir entre os atores.

4. As TV-Jogos Olímpicos do futuro?

Nos espaços da OBS já pode-se testar de maneira experimental os Jogos Olímpicos do futuro.

A emissora japonesa NHK testa em algumas competições a retransmissão em formato 8K, definição 16 vezes superior à alta definição atual. Em uma tela de cinema, podemos ver a final dos 100 metros com uma nitidez incrível, inclusive a dois metros da tela. Dá realmente a impressão de que se está dentro do estádio.

Em outra sala, pode-se colocar um óculos de grossas lentes de plástico. Um smartphone fica encaixado nele, conectado a um aplicativo de realidade virtual alimentado por múltiplas câmeras posicionadas na piscina olímpica. Girando a cabeça podemos ver os espectadores sentados ao nosso lado. Se olharmos para cima, veremos o teto. À esquerda os nadadores se aquecendo. No centro, os fotógrafos. A imagem ainda não é boa. Mas em alguns anos, poderemos viajar para qualquer estádio olímpico do mundo sem sair de nossa casa no Canadá.

5. Estádios vazios e gladiadores

Quem, então, correrá o risco de se arriscar pagando passagens de avião, hotel e ingressos? Será que os atletas correrão em estádios vazios? Exarchos diz que não, porque nada substitui a emoção de viver o que está acontecendo. Mas é verdade que as arquibancadas quase vazias, como as vistas algumas vezes no Rio, é o pior para as emissoras e para os anunciantes. "Sou partidário de estádios menores e mais cheios. Não estamos mais na época dos gladiadores, onde toda Roma era colocada no Circo para ver os Jogos", concluiu o chefe da OBS.

O Coliseu, hoje em dia, é a televisão.

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