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Proibição da publicidade infantil reduz receita de anunciantes

Pesquisa divulgada pela The Economist Intelligence Unit mostra que houve impacto econômico no varejo após a proibição

Publicidade Infantil: segundo economista, apesar da perda em receita, a proibição trouxe resultados positivos para a sociedade (Junce/Thinkstock/Thinkstock)

Publicidade Infantil: segundo economista, apesar da perda em receita, a proibição trouxe resultados positivos para a sociedade (Junce/Thinkstock/Thinkstock)

AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 12h23.

Empresas que vendem produtos e serviços para crianças registraram queda de 13% na receita a partir da proibição da publicidade infantil, segundo pesquisa divulgada hoje (25) pelo The Economist Intelligence Unit, a pedido do Instituto Alana, organização sem fins lucrativos voltada à garantia da vivência plena da infância.

O estudo mostra que o impacto econômico atingiu o varejo, composto por restaurantes fast food, alimentos vendidos em supermercados, bebidas não-alcoólicas, brinquedos, roupas infantis, jogos, música, vídeo e ingresso. A Associação Brasileira de Agências de Publicidade estima redução de 5% de participação da publicidade infantil no mercado do setor.

Desde 2014, uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) proíbe e detalha o que é a publicidade abusiva. O Código de Defesa do Consumidor também proíbe a publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e da experiência da criança.

Efeitos positivos

A economista e consultora do The Economist Intelligence Unit, Romina Bandura, disse que, apesar da perda em receita, a proibição da publicidade infantil no Brasil trouxe resultados positivos para a sociedade, como melhora na saúde das crianças, queda da obesidade, redução do consumismo e do bullying. "São benefícios que superam os custos decorrentes da proibição", afirmou.

"As crianças ficam perturbando os pais para comprar algo e isso pode levar a brigas, ao materialismo, que está ligado à baixa autoestima. Há discussões sobre bullying de marca, quando uma criança tem determinado produto e a outra não. Isso afeta as crianças", acrescentou.

Para Romina, a publicidade voltada para a criança usa da exploração da vulnerabilidade emocional e cognitiva. "O público com menos de 12 anos de idade realmente não entende a diferença dos interesses comerciais e da realidade", ressaltou.

Na opinião da diretora do Instituto Alana, Isabella Henriques, a publicidade de produtos infantis pode existir, desde que seja voltada aos pais. "Nesse aspecto, as perdas com o mercado podem ser menores. A criança entende a mensagem 'compre esse produto, porque você vai ser mais feliz', e realmente entende que ela precisa daquele produto. Se a publicidade falar diretamente com o público infantil, será abusiva", disse.

Novos meios

Durante o estudo, a consultora Romina observou que muitas empresas ainda desrespeitam a proibição, aproveitando-se de novos meios como a internet. "São impactos que não conseguem ser mensurados. Na internet, temos poucos dados sobre como os novos meios estão impactando as crianças. É difícil de ser monitorado e regulado. O Brasil, por exemplo, está em quarto lugar nos acessos ao youtube."

Segundo o relatório, mais de 50% das crianças e adolescentes brasileiros acessaram a internet em 2013, e 80% deles a utilizaram em 2014. "Embora o Brasil proíba [a publicidade infantil], a implementação [da determinação] é ainda muito fraca. Ainda vemos linguagem infantil, personagens, brinquedos", disse a consultora.

 

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