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Para ESPN, Olimpíadas do Rio são "Jogos Mortais"

Jornalista questiona discrepância entre texto apresentado na proposta para o COI e realidade da "Cidade Maravilhosa"

Bope: temido Batalhão de Operações Especiais da Polícia foi comparado pelo jornalista ao Seals (Andre Valentim/VIP)

Bope: temido Batalhão de Operações Especiais da Polícia foi comparado pelo jornalista ao Seals (Andre Valentim/VIP)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2011 às 11h44.

São Paulo - "Uma cruz branca que se ergue no Morro dos Macacos marca o local onde as pessoas são queimadas vivas. Por perto, um cavalo faminto, com as costelas de fora, é engatado com uma corda fina. Um campo de futebol próximo é marcado por pedaços de borracha derretido. Nenhum jogo é jogado ali. A facção criminosa Amigos dos Amigos, que domina essa favela, possui um ritual macabro: colocam pneus ao redor de seus inimigos, derrama gasolina e ateia fogo. Isso é chamado de microondas. Uma fumaça negra se eleva no ar. Em uma escola aos pés do morro, próximo do Maracanã, onde a cerimônia de abertura das Olimpíadas 2016 será realizada, os alunos ouvem os gritos e tapam os ouvidos. Esse é o verdadeiro Rio de Janeiro".

O trecho acima não é de um livro de suspense ou história macabra. É a descrição da imagem da cidade maravilhosa na opinião do jornalista Wright Thompson, em texto publicado no site da ESPN.com. Para se referir à realização dos Jogos Olímpicos de 2016, ele usa o termo "Jogos Mortais".

Com tom duro e sequência bem ritmada, o texto é recheado de informações minuciosas sobre a parte violenta do dia a dia das favelas. O jornalista está bem informado e foca a abordagem no Morro dos Macacos, com detalhes das operações policiais para combater o tráfico.

Entre os casos citados está a cena hollywoodiana, protagonizada no ano passado, quando um helicóptero da polícia foi abatido por tiros vindos dos donos do território. 

Nem o Bope foi poupado. O temido Batalhão de Operações Especiais da Polícia, tema de dois filmes, foi comparado por ele ao Seals, tropa de elite da marinha americana responsável pela operação que resultou na morte do terrorista Osama Bin Laden.

A forma de atuação foi criticada. "Armados, invadem as favelas e matam quantos traficantes puderem. Os moradores fogem para suas casas, fecham as janelas. Algumas pessoas são executadas, outras atingidas acidentalmente. Lugar errado, hora errada. Azar".

O Governo também não escapou da ofensiva jornalística. Thompson comenta a discrepância entre o que foi apresentado pelos representantes brasileiros na proposta para o Comitê Olímpico Internacional à realidade com a qual ele se depara.

"O folheto promete mudar a economia, educar as crianças e até proteger a maior "floresta urbana" do mundo. A citação obrigatória de Pelé está incluída. O documento está repleto de mapas e fotos e planos, mas não há nenhuma menção à Guerra no morro com vista para o Maracanã, onde as cerimônias de abertura será realizada. A palavra "favela" nunca aparece".

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