Marketing

Marcas próprias podem representar redução de até 20% no valor da cesta básica

Setor cresceu 21% em 2010. Expansão poderia ser maior se o Brasil adotasse parâmetros europeus

Taeq, marca própria do Pão de Açúcar: posicionamento premium (Divulgação)

Taeq, marca própria do Pão de Açúcar: posicionamento premium (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 09h57.

Rio de Janeiro - As marcas próprias vivem um importante momento de expansão no Brasil. Em 2010, o setor cresceu 21% comparado a 2009, segundo o 16º Estudo Anual de Marcas Próprias elaborado pela Nielsen. 

O resultado leva os produtos do segmento a serem responsáveis por 4,8% do mercado. O número, no entanto, poderia ser maior, caso os parâmetros de mensuração brasileiros fossem semelhantes aos utilizados na Europa e nos Estados Unidos.

Na Suíça e no Reino Unido, as marcas exclusivas contam com uma participação de 46% e 43%, respectivamente. Por aqui, setores como têxtil e de cartões de crédito private label ainda não são contabilizados. Assim como apenas agora a Anvisa autorizou a comercialização de medicamentos de marca própria. Caso haja mudanças no cenário, a tendência é que os números cresçam consideravelmente nos próximos anos. Atualmente, são mais de 330 empresas – entre supermercados, atacadistas e farmácias – que investem no segmento e colocam nas prateleiras 65 mil produtos.

Na Europa, principal mercado das marcas próprias, tudo o que é manipulado e embalado recebe um novo rótulo e é contabilizado. No Brasil, o mesmo não ocorre. Frutas, legumes, verduras e carnes que recebem novas embalagens não levam o rótulo da marca. “É só imaginarmos o quanto vendem os açougues e padarias, por exemplo. Quando o México usava essa metodologia, as marcas próprias tinham uma participação de 2%. Depois que adotou os parâmetros da Europa e dos Estados Unidos, o número passou para 11%”, conta Neide Montesano, Presidente da Abmapro (Associação Brasileira de Marcas Próprias).

A vez da quarta geração

No segmento de vestuário, por exemplo, deixar de contabilizar marcas próprias de empresas como Renner, Riachuello e C&A reduz bastante a participação de mercado. Hoje, gigantes como Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour impulsionam o setor, especialmente nas categorias ligadas à alimentação. Se antes os produtos de marcas próprias eram visto como algo sem qualidade, o consumidor começa a perceber o contrário.

Como no Brasil o grande varejo está nas mãos das multinacionais, o trabalho feito por aqui acaba sendo um espelho do que é realizado no exterior, o que contribui para o amadurecimento do setor. “O mercado continua em crescimento, uma vez que o Brasil acompanha as tendências mundiais. Os detentores de marca estão investindo, fazendo disso um dos principais pilares do negócio. Nos últimos 10 anos, fizemos um trabalho grande quebrando o paradigma de que marca própria não tem qualidade”, diz Neide.

O aquecimento do mercado brasileiro faz com que a quarta geração das marcas próprias ganhe espaço. A terceira, praticada no mundo inteiro, traz produtos de marcas próprias com características ligadas à qualidade, visibilidade, renovação e posicionamento. Agora, a quarta geração trabalhará em paralelo com a terceira, agregando valor aos produtos, como já fazem marcas como Taeq, do Pão de Açúcar, e Viver, do Carrefour.

Pequeno varejo impulsiona mercado

“Na quarta geração, a relação de preço não tem grande importância. O produto visa o valor que terá para o consumidor e trabalha a questão da inovação”, ressalta a Presidente da Abmapro, lembrando que conceitos como os ligados à sustentabilidade e à produção orgânica serão responsáveis por diferenciar os produtos nos pontos de venda.

Além dos grandes grupos, os pequenos varejistas também impulsionam a expansão do setor. É o caso da marca Unisuper, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. “A Unisuper vem trabalhando de forma interessante e tem cerca de 350 produtos. Como está presente em vários pequenos mercados, permite produção em escala”, destaca Neide.

É a partir, principalmente, do comércio de bairro que as marcas próprias chegam às classes C e D. Os produtos não são consumidos apenas pelas classes da base da pirâmide, mas sim de forma democrática, o que depende do posicionamento de cada marca. De forma geral, um dos papéis das marcas próprias é permitir que o consumidor tenha acesso a produtos de qualidade por um preço acessível e possa consumir outros itens que antes não levaria para casa.

Numa cesta básica, as marcas próprias podem proporcionar uma redução de até 20% no preço. Foi essa percepção de economia que levou o europeu a aderir aos produtos exclusivos das redes varejistas. Além da equação preço mais qualidade, as marcas próprias também podem ter um posicionamento premium, como é o caso das já citadas Taeq e Viver. Algumas, inclusive, são segmentadas de acordo com a categoria em que atuam.

“Há marcas próprias de eletrônicos, linha branca. Às vezes o consumidor nem sabe, mas só encontra o produto naquele ponto de venda. O Brasil precisa entender que a marca própria é um fato. A Azul distribui produtos de marca própria nos voos, há um mundo de private label em cartões de crédito. Precisamos de fabricantes de produtos de marcas próprias, para melhorar a concorrência”, acredita a Presidente da Abmapro.

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