Marca “cachaça” é reconhecida como brasileira nos EUA
A partir desta quinta-feira, apenas produtos fabricados no país têm os direitos de uso do nome ‘cachaça’ no mercado americano
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2013 às 17h56.
Última atualização em 26 de março de 2019 às 20h04.
São Paulo - Para os brasileiros, pode soar tão grave quando dizer que nossa capital é Buenos Aires. Mas nos Estados Unidos, por muito tempo, a cachaça tem sido conhecida como “rum brasileiro” ou "brazilian rum".
A partir desta quinta-feira, no entanto, essa realidade começa a mudar. Hoje é o primeiro dia em que o nome “cachaça” virou uma marca com direitos de uso exclusivos para produtos fabricados no Brasil, e de acordo com os padrões de qualidade nacionais.
A mudança ocorre após mais de uma década de negociação, e foi aprovada pelo Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau (TTB), órgão do governo americano especializado no comércio de álcool e tabaco, em fevereiro.
A ideia é potencializar os ganhos com o aguardente, dando o mesmo tipo de selo que a França ganhou com o direito exclusivo de chamar de champanhe o vinho espumante que produz. Ou o México com a tequila.
"É importante porque evita que a cachaça se torne um destilado genérico, vindo de qualquer país. Do ponto de vista do mercado, para as marcas brasileiras é a chance de garantir uma reserva junto aos consumidores internacionais e fomentar a exportação”, afirma Vicente Bastos, presidente da diretoria executiva do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), que reúne empresas e produtores.
Bastos explica que, entre as mudanças, está sendo gestada uma campanha de promoção do nome e da imagem da cachaça fora do país. “Os americanos, por exemplo, conhecem mais a caipirinha do que a cachaça. Nossa ideia é investir no marketing da caipirinha autêntica”, diz.
Do ponto de vista das marcas nacionais, a decisão também representa uma boa janela num mercado qualificado como o american. A expectativa da Ypióca, empresa adquirida pela Diageo em 2012, é que se ampliem as oportunidades para a categoria, que pode aproveitar a "legitimização" da bebida. "A cachaça segue conquistando cada vez mais consumidores, e há um movimento de “premiunização” no mercado. O consumidor está disposto a pagar mais por marcas premium", afirma Eduardo Bendzius, diretor de marketing da Ypióca.
O destilado de açúcar gera 15 milhões de dólares por ano às empresas brasileiras, sendo que 2 milhões saem dos Estados Unidos.