Limpando a casa
A Bombril sob intervenção
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h56.
"Presidente interino, interino e interino." É dessa forma que se apresenta o executivo Wilson Nunes, da Bombril. Ele deixou o posto de diretor comercial para ocupar a presidência em 28 de julho. É o terceiro presidente da Bombril neste ano. Foi indicado pelo novo conselho de administração -- conselho esse escolhido por José Paulo de Souza, administrador judicial. Souza tem o usufruto de 100% das ações ordinárias da Bombril até a Justiça definir quem é mesmo o seu dono. Em síntese, todos os executivos responsáveis pelo destino da Bombril não sabem se estarão no cargo amanhã, mas buscam recuperar a imagem e as finanças da empresa o mais rápido possível. "A administração judicial tem funcionado como uma salvaguarda para uma empresa que perdeu credibilidade no mercado e crédito nos bancos", diz Souza.
A parte mais dura da recuperação da Bombril vem sendo a renegociação de uma dívida de 57 milhões de reais com seus 400 fornecedores -- 394 aceitaram conversar, incluindo os três que pediram a falência da Bombril. A negociação é liderada por representantes do Trend Bank, contratado para fazer uma reestruturação financeira na Bombril, que tem garantido o capital de giro da empresa.
Outra luta é para recuperar o espaço perdido nas prateleiras. Em junho, quando os fornecedores cortaram a entrega de insumos por falta de pagamento, a produção caiu pela metade e a maioria dos 160 itens da linha Bombril deixou de chegar a 5 000 clientes em todo o Brasil. Neste mês, todas as linhas passaram a operar em três turnos. O abastecimento está sendo regularizado, e a equipe de Nunes se esmera em negociações para colocar a marca de volta nos melhores espaços. "Em alguns segmentos, a Bombril vai precisar lutar pesado para se recuperar", diz o executivo de uma rede varejista. A participação da Bombril no mercado de lã de aço, seu principal produto, caiu de 78,4% em janeiro para 69,6% em agosto, de acordo com dados da ACNielsen, divulgados pela concorrente Assolan (que passou de 9,3% para 24,8%).
Nesse período, a melhor fonte de boas novas para a empresa tem sido o Santos. O atual campeão brasileiro traz a marca Bombril na camisa, fruto de um patrocínio quitado antes da crise, em agosto de 2002. "Sou corintiano roxo, mas comemoro cada gol dos Santos", diz Fábio Avari, gerente de marketing. "Nessa hora, a Bombril tem a imagem da vitória que nós precisamos imprimir."