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10 anos de Web Summit Lisboa e 10 tendências que vão moldar o futuro

Ao completar uma década na capital portuguesa, o evento criado na Irlanda revela um novo mapa do poder: menos discurso, mais execução. E um futuro que já começou

Paddy Cosgrave – Fundador do Web Summit, afirmou no palco central: “O domínio tecnológico do Ocidente está a chegar ao fim” (Divulgação)

Paddy Cosgrave – Fundador do Web Summit, afirmou no palco central: “O domínio tecnológico do Ocidente está a chegar ao fim” (Divulgação)

Marc Tawil
Marc Tawil

Estrategista de Comunicação

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 20h52.

Última atualização em 11 de novembro de 2025 às 20h53.

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LISBOA - Lisboa amanheceu tomada por crachás, filas e idiomas. A 10ª edição do Web Summit na capital portuguesa abriu com números que redefinem o mapa da inovação: 71.368 participantes de 157 países, 1.857 investidores de 86 nacionalidades, um aumento de 74% em relação a 2024, e quase 200 startups que, no último ano, captaram US$ 715,5 milhões, segundo a Crunchbase.

Pelos pavilhões, o clima é de maratona global, com fundadores, criadores e ministros em busca de respostas para um tempo que corre mais rápido do que qualquer feed.

No palco central, o fundador Paddy Cosgrave lançou um alerta: “O domínio tecnológico do Ocidente está a chegar ao fim”. A frase, recebida com silêncio e certa reflexão, marcou o tom da edição.

Cosgrave também destacou o crescimento da Polônia, a quem chamou de “menina de ouro da nova Europa”, um polo emergente de startups que cresce onde a Europa Ocidental parece ter parado.

E festejou o pix brasileiro como “a maior surpresa dos últimos anos”, que, não por acaso, provocou a ira do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A China surge como protagonista, com fórum próprio e diversos palcos, expandindo sua força em chips, IA e energia.

A Europa, mais reguladora do que visionária, consolida o papel de árbitra digital.

O Brasil, em peso aqui em Lisboa, mostra maturidade: nossa criatividade virou ativo exportável e startups nacionais buscam validação e mercado.

Portugal, que há uma década recebia um experimento irlandês, torna-se, em 2025, o centro de gravidade da tecnologia e dos negócios.

Com 71 mil participantes de 157 países, evento marca nova era da tecnologia, com China em ascensão, Brasil em expansão e foco no humano (Divulgação)

Nos corredores, IA agentiva, varejo omnicanal, sustentabilidade real, dados como moeda e blockchain como infraestrutura invisível se misturam em um mesmo enredo: o de um mundo que deixou de imaginar o futuro e começou a operá-lo.

A sensação é de que a próxima década já começou, e será vencida por quem souber unir eficiência e empatia.

Entre discursos, painéis e anúncios, emergem 10 tendências que explicam o novo jogo da tecnologia e dos negócios:

1. China no centro do tabuleiro

A geopolítica do compute define o novo poder global. A China acelera semicondutores próprios e inteligência artificial soberana, enquanto o Ocidente restringe exportações. A disputa não é por inovação, é por independência.

2. Da IA generativa à IA agentiva

Os prompts ficaram pequenos diante dos agentes que agem sozinhos. A IA agora decide, prioriza e executa. O humano retém o propósito; a máquina, a operação.

3. A nova guerra do compute: chips, energia e datacenters

O chip virou o novo petróleo. Datacenters já consomem mais energia que países médios. Escalar exige energia limpa e modular, não apenas código.

4. Regulação como diferencial competitivo

A Europa transformou regulação em produto. Exige transparência e interoperabilidade, abrindo espaço para novas startups. Regular virou estratégia.

5. Brasil criativo, escala global

Com presença recorde, o Brasil exporta design, CRM, fintech e conteúdo. A criatividade, antes intuição, virou método e modelo de negócio.

Khaby Lame – Criador com 250 milhões de seguidores no TikTok, destacou a importância da autenticidade em meio ao avanço da inteligência artificial (Divulgação)

6. Varejo híbrido

A loja física é agora mídia e experiência. O digital inicia a jornada, o físico a encerra. Não há mais canais, há conexões.

7. A economia dos criadores e das comunidades

Os creators deixaram de ser influência e viraram infraestrutura. Marcas não compram audiência, compartilham autoria.

8. Blockchain e IA: a revolução dos micropagamentos

A fusão das duas tecnologias cria a economia dos dados remunerados. Tudo, de sensores a voz e mobilidade, vira dado monetizável.

9. Sustentabilidade como engenharia

A agenda ESG deixou o PowerPoint e entrou no coração dos negócios. IA e IoT otimizam energia e logística. Sustentabilidade é eficiência.

10. Humanismo como estratégia de marca

Num mundo de produtos semelhantes, vence quem entrega sentido. A tecnologia escala, mas é o humano que fideliza.

Maria Sharapova: ex-número 1 do tênis e hoje investidora global, falou sobre disciplina, propósito e a transição do esporte para o empreendedorismo (Divulgação)

Essência humana

Entre os momentos mais comentados do primeiro dia, o palco central reuniu Khaby Lame, o TikToker que conquistou 250 milhões de seguidores sem dizer uma palavra; Maria Sharapova, ex-número 1 do tênis e hoje investidora global; e Anton Osika, CEO e cofundador da Lovable, plataforma de IA que cria sites e aplicações, bastando dar instruções em linguagem natural, sem necessidade de usar código.

“Quanto mais a IA avança, mais precisamos ser autênticos”, disse o ítalo-senegalês Khaby.

Sharapova falou sobre disciplina, propósito e a transição do esporte para o empreendedorismo.

Juntos, ambos representam o espírito desta edição: a tecnologia pode escalar tudo, menos a essência humana.

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