Por que é tão difícil, e necessário, adaptar as experiências?
Federico Grosso compartilha suas vivências à frente da Adobe para América Latina e explica por que é importante abraçar as mudanças
Colunista
Publicado em 21 de março de 2024 às 10h00.
Cerca de uma década atrás, quando eu estava no processo de assumir a liderança da Adobe para América Latina, uma das conversas com os meus futuros líderes aconteceu em meio a um evento global da companhia - o Adobe Summit que, na época, foi sediado em Salt Lake City, Utah (EUA).
O congresso contou com a participação de milhares de pessoas, vindas de todas as partes do mundo. Confesso que foi impressionante ver, ao vivo, o tamanho do desafio que eu estava prestes a assumir ao aceitar o novo emprego.
Mas, a surpresa de anos antes deu lugar à apreensão em 2020, quando, por conta da pandemia de Covid-19, tivemos que mudar totalmente o formato da conferência, passando-a para o digital em um prazo muito curto.
Apesar do receio, assumimos a dianteira e fomos um dos primeiros grandes eventos de negócios a se adaptar às novas circunstâncias globais de isolamento social, oferecendo uma experiência feita 100% no mundo on-line com alta qualidade e relevância para uma audiência que estava igualmente aprendendo a lidar com a nova realidade.
Tudo isso mostra como mudar é difícil. Seja o formato de um evento, um hábito ou uma estratégia de negócios. Não importa: mudanças requerem muita atenção ao que está acontecendo ao redor, principalmente quando dizem respeito ao âmbito profissional.
Naquele março de 2020, tínhamos a escolha de cancelar a conferência, ou mesmo remarcá-la para outra data, quando pudéssemos voltar ao presencial. Porém, milhares de pessoas já estavam envolvidas na organização e outras tantas aguardavam para participar do evento.
Mudar é uma decisão difícil, especialmente para os líderes, mas, às vezes, é importante manter a experiência, apenas adaptando-a aos novos cenários e necessidades.
O livro “Imunidade à Mudança”, dos autores Robert Kegan e Lisa Laskow Lahey, oferece insights sobre essa resistência que, por vezes, muitos de nós temos quanto a promover mudanças em várias áreas de nossas vidas, principalmente no lado profissional.
Nossos comportamentos, hábitos e decisões importantes são, muitas vezes, impulsionados por motivos enraizados, alguns dos quais são inconscientes.
Entretanto, para acompanhar a transformação nos negócios que temos vivenciado no pós-pandemia, é preciso revisitar esse mecanismo interno - e, até mesmo, externo - para criar novas experiências que sejam importantes para clientes e parceiros. E, claro que essa não é uma tarefa fácil.
Acabada a pandemia, agora precisamos nos adaptar novamente para oferecer uma experiência híbrida, pois o mundo não voltou a ser o mesmo de antes da pandemia, quando tudo era 100% presencial. Por outro lado, o momento atual já não é o mesmo dos três piores anos da crise mundial de saúde, quando tudo era 100% on-line.
Ao contrário de muitas feiras de negócios, que voltaram para o presencial e não oferecem mais a opção de transmissões virtuais para quem não pode comparecer, o Adobe Summit 2024 ocorrerá em ambos os formatos. Obviamente, serão experiências diferentes, mas quanto mais as empresas abraçam as múltiplas realidades e necessidades de clientes, líderes e parceiros, melhor para os negócios.
Falo do ponto de vista também da minha vivência como líder da bigtech no Brasil. As delegações brasileiras costumam ser as mais numerosas em eventos de inovação fora do País, mas, infelizmente, nem todos os interessados conseguem acompanhar in loco as discussões.
Além de promover inclusão enetworkingno modo remoto, criar experiências acessíveis, simplificadas e flexíveis para que o mercado consiga acompanhar as novidades de uma empresa é amplificar o conhecimento de marca e seu alcance para diversos públicos, de várias regiões do mundo inteiro.
O Adobe Summit do ano passado foi presencial e on-line, com mais de 10 mil pessoas acompanhando as sessões em Las Vegas e outras 30 mil participando de outros lugares, de forma virtual, além de outras milhares que assistiram as palestras no site, pós-evento.
Como disse lá no início dessa conversa, não é fácil mudar. Mas, o resultado de promover uma adaptação de acordo com os novos cenários é maximizar, ainda mais, os ganhos, as experiências memoráveis e, é claro, não ficar para trás.
Por aqui, sigo tentando fazer essas pequenas “provocações” aos colaboradores e demais parceiros de negócios. E do seu lado, como andam as mudanças na sua empresa?
*Por Federico Grosso, presidente da Adobe Experience Cloud para América Latina.