O depoimento de um líder que acaba de se tornar 50+
O mercado tem mudado tão rapidamente que aqueles que não se desenvolvem acreditando no seu sucesso passado, potencialmente estarão defasados nos próximos anos
Colunista
Publicado em 9 de maio de 2023 às 08h00.
Neste ano de 2023 completo 50 anos de idade, o que me traz uma reflexão sobre como se encontra e como ficará o futuro do trabalho dos executivos com os quais lido diariamente em minha atividade como consultor de recrutamento e desenvolvimento de altos executivos, que junto comigo estão virando a barreira do meio século.
Primeiro é importante deixarmos claro que o executivo de 50 anos de hoje é potencialmente o de 40 anos de ontem. Com os avanços da medicina, a consciência com melhor alimentação e cuidados com o corpo e especialmente o foco em saúde mental, me sinto igual ou melhor do que há dez anos atrás, e esse tem sido o mesmo discurso da grande maioria dos executivos e empresários com os quais interajo.
Na verdade, enxergo muitas vezes nesses executivos mais energia do que as dos jovens das novas gerações, que parecem sofrer ou passar por alguma crise dia sim, dia não.
Fenômenos como a pandemia e o avanço da transformação digital adiantaram um movimento importante conhecido como anywhere office, desmistificando o conceito de que somente conseguimos trabalhar e ser produtivos trancados 12 horas por dia no escritório.
Além disso, acredito que o futuro do trabalho tende a aproveitar as competências do executivo em trabalhos por projetos, dividindo seu conhecimento entre mais de um empregador, no conceito de consultoria, trabalho interino ou uma tendência que está começando a ganhar corpo, chamada de CXO as a Service.
Qual o futuro do trabalho para os 50+?
Todas essas transformações somente corroboram para criar uma nova carreira para os 50+, onde a experiência somada com a energia criativa serão muito bem-vindas.
Outra tendência importante é a profissionalização das empresas familiares, que entenderam que a formação de um conselho consultivo para apoiar suas decisões estratégicas é extremamente enriquecedora.
Hoje existe uma demanda interessante de executivos se formando como conselheiros e que ganham seu sustento em seus empregos diários; ou seja, que tem interesse em participar de conselhos, sem que o fator remuneração seja o mais relevante na equação.
Com isso, conseguimos montar conselhos com custo benefício excepcional e um ganha-ganha para todos. Os C-level 50+ estão em ótima posição nesse quesito, pois a maioria já tem uma trajetória bem-sucedida, somada com uma capacidade enorme de gerar valor para um negócio de menor porte.
O que fazer então para se preparar para a virada? A primeira dica é continuar estudando. O mercado tem mudado tão rapidamente que aqueles que não se desenvolvem acreditando no seu sucesso passado, potencialmente estarão defasados nos próximos anos.
Consciência digital, liderança inclusiva e servidora, inovação, ESG e rápida tomada de decisões e de riscos, além de gestão de projetos são os temas do momento para os 50+. Lembre-se de que mais ainda do que os temas acima, você tem que cuidar da sua cabeça.
Especialmente os 50+ precisam de uma ótima saúde mental para poderem engajar nos diversos desafios e projetos futuros. Com relação a preparação para os conselhos, o momento de começar a se mexer é por volta dos 45 anos de idade.
Não espere até sua carreira como executivo acabar para começar sua pós-carreira! Esse movimento tem que correr de forma paralela para uma transição suave e aproveitamento das oportunidades. Por último, lembre-se que a maioria das suas oportunidades vão acontecer através dos seus contatos, portanto nutra conexões de verdade e invista tempo para elas.
Espero que sua chegada aos 50+ seja como a minha, nada mais do que uma transição de data de calendário, e com muita energia para os desafios dos próximos 50.