Líderes Extraordinários

Liderança: navegando entre o todo e a individualidade

O desafio de liderar com eficácia, mantendo o foco no todo sem perder de vista as personalidades dos colaboradores

Não há como evitar o conflito, as decisões difíceis e, muitas vezes, a priorização do todo, mas as individualidades podem - e devem - ser tratadas e respeitadas dentro de uma agenda especial de gestão. (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Não há como evitar o conflito, as decisões difíceis e, muitas vezes, a priorização do todo, mas as individualidades podem - e devem - ser tratadas e respeitadas dentro de uma agenda especial de gestão. (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Danilo Magri
Danilo Magri

Colunista

Publicado em 30 de outubro de 2024 às 14h00.

Quando nos deparamos com uma coluna sobre liderança e gestão de pessoas, é comum esperarmos um artigo que reflita sobre os desafios de um líder em um mundo volátil, onde é necessário tomar decisões assertivas, ao mesmo tempo em que se deve respeitar o bem-estar mental de cada um. Soma-se a isso o desafio do trabalho híbrido e a questão de como engajar e manter a cultura organizacional forte em tempos como estes.

Para cada um desses temas, encontraremos técnicas, dados de mercado e cases de sucesso (e insucesso) que corroboram as melhores práticas a serem aplicadas — ou evitadas — no dia a dia da gestão. No entanto, em meio a tudo isso, gostaria de salientar um ponto importante: a individualidade das pessoas.

A consciência sobre o bem-estar mental e a diversidade tem aumentado cada vez mais, e já vemos resultados tangíveis no ambiente organizacional. Porém, tais fatores podem, em alguns casos, confundir-se com a individualidade das pessoas ou até mesmo sobrepor-se a ela. E aqui estou falando de personalidade, não de gênero, raça, credo ou classe social.

Recentemente, tive a oportunidade de conduzir uma reunião de liderança cujo objetivo era realinhar as gerências em torno de um propósito comum. Para isso, o encontro incluiu uma série de dinâmicas cujo objetivo final era eliminar ruídos na comunicação, resolver questões de relacionamento entre pares e romper barreiras entre departamentos. A reunião precisava ser assertiva, e assim ela foi conduzida.

Ao final do encontro, a maioria dos principais problemas havia sido colocada sobre a mesa e, apesar de algumas discussões mais acaloradas, foram devidamente endereçados. No entanto, um dos presentes me procurou no final para expressar sua insatisfação com a dinâmica apresentada, alegando que o formato foi difícil e contrário às suas expectativas de gestão.

Em sua individualidade, a exposição de assuntos sensíveis deveria ser tratada de outra forma. Após uma boa reflexão, entendi que havia um ponto importante naquele gesto. Por mais que as técnicas e dinâmicas possam ser eficientes, elas podem gerar efeitos colaterais prejudiciais, ainda que em menor escala.

Por fim, aquelas máximas corporativas que destacam a importância de elogiar em público e criticar em particular nunca perdem sua validade. Nós, como líderes, devemos conduzir nossas equipes e empresas em prol do bem comum, mas navegar rumo à terra firme com um barco cheio de buracos pode tornar a viagem muito mais difícil, inclusive com o risco de naufrágio pelo excesso de água que entra antes que se tomem as devidas providências.

Liderar é assim: buscar a terra firme e, quando necessário, enfrentar águas turbulentas. Não há como evitar o conflito, as decisões difíceis e, muitas vezes, a priorização do todo, mas as individualidades podem - e devem - ser tratadas e respeitadas dentro de uma agenda especial de gestão.

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