Governança ágil: preparando o varejo para o futuro
Modelo pode ser a chave para prosperar em um futuro incerto; entenda como ela pode ajudar a enfrentar os desafios atuais e futuros do varejo
Colunista
Publicado em 6 de setembro de 2024 às 17h00.
O cenário do varejo está em constante transformação, impulsionado pela digitalização, mudanças no comportamento do consumidor e flutuações econômicas. Para se manter competitivo, é essencial que os varejistas adotem uma postura ágil. A governança ágil pode ser a chave para não apenas navegar por essas mudanças, mas também prosperar em um futuro incerto.
Estudos demonstram que uma boa governança corporativa traz benefícios financeiros significativos. A análise da B3 revelou que empresas com altas notas no ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) tiveram um retorno de 317% em comparação aos 225% das demais empresas ao longo de 15 anos.
Já a McKinsey aponta que empresas com governança forte superam seus pares em até 20% no retorno aos acionistas. Além disso, o IFC mostra que uma boa governança não só mantém as empresas fora de problemas, mas também atrai grandes investimentos, obtém acesso a dívidas mais baratas e supera concorrentes.
Casos recentes, como o da Americanas, destacam os riscos de uma governança falha. As expectativas da sociedade, demandas dos investidores, pressões governamentais e mudanças frequentes no controle acionário aumentam a necessidade de uma governança eficaz. Além dos impactos financeiros, boas práticas de governança melhoram a transparência, responsabilidade e confiança entre a comunidade e partes interessadas, fortalecendo a reputação da empresa.
Uma governança eficaz se baseia em quatro pilares: pessoas, propósito, processos e desempenho. A relação entre acionistas, gestores e o conselho de administração é fundamental. Uma governança ineficaz pode ser identificada por processos rígidos e lentos, excesso de reuniões focadas no passado, falta de clareza nos papéis dos comitês e do conselho e baixa colaboração entre o conselho e a gestão.
Já a governança ágil é adaptativa, com decisões compartilhadas e ciclos rápidos. Ela promove a colaboração entre o conselho e a gestão, equilibrando controle e inovação. Seus cinco pilares são:
- Tomada de decisão centrada no cliente: priorizando a experiência do cliente e utilizando análises de dados para antecipar suas necessidades;
- Colaboração na estrutura: quebrando silos e promovendo a colaboração entre áreas e entre o time de gestão e o conselho;
- Mindset de melhoria contínua: incentivando uma cultura de feedback e interação, com métricas para medir progresso e ajustes baseados em dados;
- Empoderamento das equipes: descentralizando a tomada de decisões e fornecendo ferramentas e recursos necessários;
- Agilidade e transparência no fluxo de informação: estimulando a diversidade e promovendo inovação e debate.
Porém, a evolução da governança depende do estágio onde se encontra a organização:
- Fundador no controle: decisões centralizadas nele, com governança informal composta por pessoas de sua confiança
- Conselho consultivo: consultado pelo fundador, com membros da família e pessoas próximas;
- Conselho de administração: após a abertura de capital, com maior equilíbrio de poderes e fortalecimento da credibilidade;
- Presidência independente: maioria independente no conselho, mitigando conflitos de interesse.
Uma vez que exista um conselho atuante, precisa estar claro que cabe à equipe de gestão executar a estratégia acordada pelo conselho, enquanto o mesmo define os objetivos de desempenho, monitora a cultura e valores, seleciona e supervisiona a equipe executiva.
Dito isso, o papel mais importante do conselho é cuidar da sucessão do CEO, um desafio crescente, dado que 40% das sucessões atuais não são planejadas, seja pela falta de performance ou pela falta de ética. Para isso, um comitê de pessoas forte deve ser o principal parceiro do conselho nesse processo.
A governança ágil é essencial para enfrentar os desafios atuais e futuros do varejo. Com uma abordagem centrada no cliente, colaboração, melhoria contínua, empoderamento das equipes e transparência, os varejistas podem não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente de constante mudança.