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Tesouro Direto tem primeiro mês positivo no ano. O que vem agora?

Dos 27 títulos negociados no mercado, 19 tiveram retorno positivo. Sanção do Orçamento reduziu risco de curto prazo e abriu espaço para que os títulos recuperassem parte das perdas em 2021

Títulos do Tesouro Direto recuperam parte das perdas em abril (Classen Rafael/EyeEm/Getty Images)

Títulos do Tesouro Direto recuperam parte das perdas em abril (Classen Rafael/EyeEm/Getty Images)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 1 de maio de 2021 às 07h50.

Depois de meses de perdas consecutivas, os títulos do Tesouro Direto renasceram das cinzas. A maioria dos produtos negociados no mercado voltou a ter ganho de rentabilidade, e alguns chegaram a avançar mais de 1% no mês, como os prefixados.

A razão para a retomada foi o respiro trazido pela aprovação do Orçamento Federal de 2021. O projeto, aprovado pelo Congresso no final de março, só foi avalizado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 22 de abril. Com a resolução do imbróglio, as taxas dos títulos do Tesouro voltaram a se recompor.

"A versão do Orçamento que passou não é a ideal e está longe de ser a melhor, mas acabou a novela. Em razão disso houve grande valorização nos preços de todos os títulos do Tesouro que têm algum componente prefixado", explica Alan Ghani, especialista em renda fixa da EXAME Invest Pro.

Veja a rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto em abril:

TítuloRendimento em março (em %)Rendimento em 2021 (em %)
Tesouro Prefixado 20261,83-7,08
Tesouro Prefixado 20251,70-5,54
Tesouro IPCA+  20241,69-0,36
Tesouro Prefixado com juros semestrais 20271,68-7,51
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 20241,56-0,09
Tesouro Prefixado com juros semestrais 20251,55-5,24
Tesouro Prefixado 20241,54-
Tesouro Prefixado com juros semestrais 20291,54-9,59
Tesouro IGP-M+ com juros semestrais 20311,489,56
Tesouro Prefixado com juros semestrais 20311,27-10,67
Tesouro IPCA+ 20261,22-2,11
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 20261,17-1,46
Tesouro Prefixado com juros semestrais 20230,81-1,75
Tesouro Prefixado 20230,79-1,98
Tesouro Prefixado 20220,29-0,37
Tesouro Selic 20230,200,67
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 20300,17-4,42
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 20350,12-4,07
Tesouro Selic 20270,02-
Tesouro Selic 2024-0,02-
Tesouro IPCA+ 2045-1,17-11,39
Tesouro Selic 2025-0,200,04
Tesouro IPCA+ 2035-0,32-5,31
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040-0,40-4,61
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045-0,55-4,85
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2050-1,01-6,70
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055-1,13-8,22

A volta dos prefixados

Antes categoria de "patinho feio" entre os títulos do Tesouro, os papeis prefixados voltaram a subir. No caso do Tesouro Prefixado 2026, a alta foi de 1,8% -- apenas para comparação, o mesmo título chegou a cair mais de 3% em março.

Os números deixam claro que a recuperação de abril não foi suficiente para repor todas as perdas acumuladas desde o início do ano, mas a normalização do cenário político pode indicar um breve período de calmaria para os títulos públicos.

Tesouro Selic na linha d'água

Quem não brilhou tanto no mês foi o Tesouro Selic. Algumas das chamadas LFTs continuam com dificuldade para acompanhar o rendimento do próprio CDI no ano. O Tesouro Selic 2025 e o Tesouro Selic 2024 fecharam no vermelho no mês.

"O único que não se beneficiou do alívio dado pela aprovação do Orçamento foi o Tesouro Selic. Isso acontece porque basicamente a precificação desses títulos vem de acúmulo de juros diários, e não da perspectiva de juro futura", explica Ghani, da EXAME Invest Pro.

É importante ficar de olho nessas taxas, pois as LFTs são comumente usadas para a composição de reserva de emergência dos investidores. O desempenho negativo sequente pode ser uma boa deixa para o investidor substituir o Tesouro Selic por outra aplicação. Mas atenção: na reserva de emergência é importante garantir a liquidez diária.

Médio e longo prazo

Apesar da melhora no cenário de curto prazo, a situação dos títulos mais longos, como os do Tesouro IPCA+ com vencimento após 2040, continua nebulosa. Apesar do alívio momentâneo trazido pela aprovação do Orçamento, existem outros fatores de complicação no horizonte.

"O investidor deve observar algumas variáveis fundamentais. A primeira é a inflação: se houver uma retomada econômica mais sólida, pode ser que a demanda reprimida faça o consumo subir. Se isso acontecer, os preços podem aumentar, o que terá um impacto direto sobre a Selic", alerta o especialista.

Ghani lembra que o desfecho da pandemia ainda não está claro, e especialistas temem que haja um novo aumento de casos e de mortes ao longo dos próximos meses. Se isso acontecer, o cenário de risco pode voltar a piorar, o que tende a impactar negativamente as taxas dos títulos públicos.

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