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Renda fixa americana: como investir em bonds

Os títulos têm taxa e prazo pré-estabelecidos, com retornos previsíveis


 (Morsa Images/Getty Images)

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Publicado em 27 de junho de 2024 às 11h01.

Última atualização em 27 de junho de 2024 às 11h01.

Os bonds são a forma mais comum de renda fixa nos Estados Unidos, emitidos por empresas e governos para se financiarem. Funcionam como a renda fixa brasileira, em que os investidores aplicam com uma taxa e um prazo estabelecidos, gerando retornos previsíveis.

Essa forma de aplicação permite ao investidor diversificar investimentos e, como muitos distribuem cupons recorrentes, ter geração de caixa em dólar, funcionando como proteção contra as oscilações cambiais e contra efeitos inflacionários.

Como investir em bonds com segurança

Para o brasileiro que deseja investir em bonds, o primeiro passo é encontrar uma instituição que ofereça acesso a esse mercado e seja confiável. Com a conta aberta, basta realizar a remessa e investir.

Paula Zogbi, da fintech Nomad, que oferece serviços financeiros globais aos brasileiros, explica que a segurança no mercado de renda fixa também passa por escolher títulos adequados ao seu perfil de risco e ao prazo do seu investimento.

“São títulos que podem possuir maior ou menor grau de risco de crédito e prazos estendidos, de até dezenas de anos, o que também significa maiores oscilações nos preços antes do vencimento”, detalha.

Por isso, é importante fazer o teste de perfil de investidor e conhecer a sua tolerância ao risco antes de começar a investir.

Passo a passo para selecionar bonds para a sua carteira de investimentos

Filtrar o prazo

Como a remuneração na renda fixa só é garantida com a manutenção do título até o vencimento, é essencial igualar o prazo do título ao seu objetivo para o uso do dinheiro aplicado, explica Zogbi. “Caso você acredite que irá precisar dos recursos em dois anos, por exemplo, seria interessante que aquele montante fosse idealmente aplicado em títulos que vencem em no máximo 24 meses a partir da data da aplicação.”

Filtrar o risco

O segundo passo é casar o risco do ativo ao seu perfil de investidor. “Além da classificação de risco, ativos com prazos mais longos são mais voláteis ao longo do tempo”, pontua a especialista da Nomad. “Você deve estar confortável com o potencial de variação antes de selecionar o investimento.”

Taxa

Após filtrar por prazo e risco do ativo, selecione as taxas de juros mais atraentes dentro do universo de títulos que sejam compatíveis com o seu perfil.

Por que investir em renda fixa nos Estados Unidos?

A renda fixa americana é um complemento a uma carteira de investimentos no Brasil, e não necessariamente uma substituição a todo o patrimônio investido em renda fixa.

As duas principais diferenças entre investir em renda fixa no Brasil e nos Estados Unidos são tamanho e solidez do mercado, e alcançar rendimentos em dólar.

“Empresas e governos do mundo inteiro emitem dívida nos Estados Unidos, tornando o mercado muito mais líquido e diversificado”, conta Zogbi.

De acordo com dados da Securities Industry and Financial Markets Association (SIFMA), o valor total dos títulos de renda fixa em circulação nos Estados Unidos foi de aproximadamente US$ 52,9 trilhões em 2023, enquanto o mercado de ações, que inclui todas as empresas listadas nas bolsas de valores americanas, como NYSE e Nasdaq, tem um valor total de US$ 51 trilhões.

Os rendimentos dolarizados, por sua vez, oferecem possibilidade de proteção do patrimônio contra riscos domésticos e contra efeitos inflacionários, já que boa parte dos preços na economia brasileira são denominados em dólares ou sofrem interferência da moeda americana de forma indireta, explica Zogbi. “Um exemplo simples de entender é o aumento dos custos de transporte a partir de altas nos combustíveis.”

Há riscos em investir em bonds?

Sim, os riscos são os mesmos da renda fixa brasileira, mas o risco de crédito e de liquidez são considerados menores, na média, no mercado americano, explica a especialista da Nomad.

Zogbi elenca os riscos:

  1. Risco de taxa de juros: como o preço flutua com as taxas de juros de mercado, um dos principais riscos que um investidor enfrenta é que o preço de um determinado título mantido em sua carteira pode diminuir se as taxas de mercado subirem. Esse efeito só se materializa caso o resgate seja realizado antes do vencimento do título - caso contrário, o investidor recebe o valor contratado.
  2. Risco de crédito: representa a chance de o emissor não arcar com as suas obrigações. Os bonds emitidos pelo governo americano são considerados “livres” desse risco - ou seja, a chance de acontecer um calote é a menor do mundo, segundo as agências de rating.
  3. Risco de liquidez: é a possibilidade de o investidor necessitar do dinheiro antes da data, podendo sofrer assim efeitos de oscilações no preço ou até da impossibilidade de resgate, nos casos de títulos indisponíveis ou com pouca demanda no mercado secundário.
  4. Risco de reinvestimento: nos casos em que o título paga cupons periódicos ou tem vencimento no curto prazo, o risco de reinvestimento é a possibilidade de um investidor não encontrar, para reinvestir, taxas de juros compatíveis com o valor contratado no investimento inicial.

É muito pouco comum que se trabalhe com mercado fracionário em bonds, então o valor mínimo para comprar um bond é o preço unitário da emissão.

Normalmente, diz Zogbi, esse valor gira em torno de mil dólares (equivalente a 5.400 reais, aproximadamente, na cotação de junho de 2024). “Vale lembrar que é possível acessar bonds através de ETFs, que permitem investimentos mais baixos em carteiras que replicam o desempenho de categorias específicas”, conclui Zogbi.

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