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Fundos de renda fixa no exterior ganham espaço na carteira do brasileiro

Fundos indexados à alta de preços nos Estados Unidos estiveram entre os mais rentáveis da categoria de renda fixa em 2021

Minoria na indústria de renda fixa, fundos de investimento no exterior estiveram entre os mais rentáveis de 2021 (Chuanchai Pundej / EyeEm/Getty Images)

Minoria na indústria de renda fixa, fundos de investimento no exterior estiveram entre os mais rentáveis de 2021 (Chuanchai Pundej / EyeEm/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 06h45.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2022 às 16h34.

A diversificação em ativos internacionais ganhou ainda mais relevância nos portfólios de investidores brasileiros. Da captação recorde de 223 bilhões de reais registrada pelas gestoras do país no último ano, cerca da metade foi para fundos que investem no exterior, segundo dados da Anbima (a associação das entidades do mercado de capitais). 

Estratégias multimercados e de ações compõem cerca de 99,5% do patrimônio líquido dos fundos voltados para o mercado internacional, enquanto 0,5% está em renda fixa. Mas, mesmo representando uma fatia ainda menor da indústria brasileira de renda fixa, os fundos de investimento em ativos estrangeiros estiveram entre as melhores performances de 2021. 

Dois dos dez melhores desempenhos entre os fundos de renda fixa em 2021 foram de representantes com investimentos no exterior, segundo levantamento realizado pela plataforma de informações financeiras Economatica a pedido da EXAME Invest. O que eles têm em comum? Retornos acima de 10% e estratégias indexadas. Ambos são geridos pela Itaú Asset.

Entre os dois fundos, o que mais rendeu foi o Itaú Index Inflação Americana: 13,34% no ano. O fundo, como o nome sugere, é atrelado a títulos do governo americano indexados à inflação, que subiu 7% nos Estados Unidos no ano passado. Outra parte da rentabilidade veio da valorização do dólar, já que não possui proteção cambial.  

“Nosso foco é oferecer estratégias que façam sentido na diversificação do portfólio. Antes mesmo de o tema entrar em voga, víamos a inflação americana como um fator importante na composição de portfólio, pois ela entra na equação do investidor na hora de montar sua carteira”, afirmou Renato Eid, head de estratégias beta e ESG da Itaú Asset. 

O objetivo, disse Eid, é o mesmo que levou à oferta do fundo Itaú Index Crédito High Yield Americano, que teve performance de 11,14%, em 2021. “Nosso fundo seleciona as melhores formas de acessar os títulos high yield, sendo eficiente em gerar diversificação do portfólio do cliente, para que ele consiga atravessar os mais variados eventos de forma mais sólida. A incerteza faz parte do ato de investir.”

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Gestão ativa

Outro fundo de destaque que investe em renda fixa no exterior é o Bonds Globais, da BB DTVM, que rendeu 8,82% no último semestre. A principal diferença em relação aos produtos do Itaú está na forma de gestão, que é ativa. 

Embora seus movimentos não sejam tão preditivos frente aos eventos econômicos quanto os de gestão indexada, a vantagem é dispor de uma equipe econômica por trás de cada decisão de investimento. 

“Há um time de analistas para avaliar as tendências de mercado e tentar se antecipar”, contou Frederico Monteiro, head de gestão de fundos offshore e alocação no exterior da BB DTVM.

A abordagem do fundo, que investe essencialmente em títulos corporativos internacionais, parte da análise macroeconômica – top down (de cima para baixo), no jargão do mercado. Monteiro afirmou que, devido à relevância, sua maior alocação é em títulos de empresas americanas, mas a proporção pode mudar a depender das oportunidades em outras regiões. 

Monteiro lembrou que, em 2020, o fundo chegou a dar maior peso aos títulos europeus após analistas apontarem melhor preparo da Europa para conter novas ondas do coronavírus. O Bond Globais rendeu 37,76%, naquele ano. Ainda que tenha contribuído a alta de 29,3% do dólar no período, a rentabilidade representou 1.369% do CDI daquele ano.

Mais volatilidade

Para 2022, porém, a expectativa de Monteiro é a de que as já projetadas altas de juros do Federal Reserve provoquem turbulências no mercado de renda fixa internacional. 

“O cenário tende a ser ruim para a maioria dos ativos de renda fixa. O investidor gostava de um título que pagava 5% ao ano quando o Tesouro americano pagava perto de zero. Mas, com a alta do juro livre de risco americano, o investidor vai querer comprar o mesmo título por um valor menor e então ele desvaloriza”, explicou. “Em um fundo de gestão ativa, é possível mexer na carteira e tirar proveito desse cenário.”

A dinâmica é um pouco diferente da que predomina na renda fixa brasileira, em que os rendimentos tendem a subir com a alta de juros pela maior composição de títulos pós-fixados. Esse fator somado à maior liquidez do mercado internacional, aponta o head da BB DTVM, costuma aumentar a volatilidade dessa classe de fundos no exterior. 

“Se eu comprar um título da Apple hoje e quiser vender amanhã, vou encontrar comprador facilmente, mas a preço de mercado. A cota do fundo representa essa mudança de preço, mesmo sem eu vender o ativo. Isso ocorre no Brasil, mas como há muito menos liquidez no mercado secundário, as oscilações não são tão perceptíveis para o investidor.” 

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