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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
As causas que levam a uma vida financeira desestruturada são variadas, e certamente diversas delas caberiam melhor num compêndio de psicologia. Vou enumerar algumas das mais freqüentes, deixando para os psicólogos as interpretações mais profundas:
- Formas de ver, valores e estilos de vida nos quais o imediatismo tem predominância sobre o médio e o longo prazo
- Conceitos adquiridos durante o longo período de inflação, válidos e corretos naquele período, mas que agora devem ser completamente descartados
- Ter grande dificuldade em dizer não às pessoas que desejam nos vender alguma mercadoria ou serviço
- Vontades e aspirações dominadas por (familiares ou estranhos)
- Ambição desmedida, que faz com que seja perdida a relação com a realidade.
Seus inimigos
Inimigo é inimigo, convém mantê-lo sob mira constantemente. Muitos não precisam ser mortos, apenas feridos, para que fiquem fora de combate e não possam lhe causar maiores danos. Evidentemente, não quero que você exagere na quantidade de tiros que dispara, pois não precisa passar fome. Também não pretendo que você deixe de se divertir ou não tenha mais lazer. No início da guerra é preciso ser muito forte e intransigente. Quando já souber se controlar, pode afrouxar (mas só um pouquinho). Eis a listinha parcial de alguns de seus inimigos em potencial:>>supermercado >>carro >>vícios como jogo, álcool, drogas >>compras por impulso >>liquidações e promoções >>cartões de crédito, débito, afinidade e outros >>cheques pré-datados >>fiança ou compra em favor de terceiros >>vendedores bajuladores ou muito persistentes >>inveja das posses do vizinho ou de amigos >>agiotas >>vaidade, ostentação e exibicionismo.
Compra por impulso
Existe um tipo de pessoa que não sabe controlar seus impulsos. São os compradores compulsivos. Nesses casos, o melhor é procurar a ajuda de algum psicólogo ou outro profissional especializado no assunto. Estudos dizem que de 3% a 5% da população sofre desse mal, que aparentemente incide mais nas mulheres do que nos homens. Descobrir as razões que movem um comprador compulsivo é muito importante e ajudará na cura de quem for portador desse mal.
Liquidações e promoções
Pense no absurdo que seria você adquirir algo apenas pelo fato de estar barato. Mas milhões de pessoas fazem isso. Não pensam se têm necessidade ou não do produto. Seria bom, caso você pertença a esse grupo, mudar radicalmente seu conceito a respeito. Em muitos casos você acabará descobrindo que poderia ter adquirido a mesma mercadoria por um preço ainda menor e sem ter sido numa liquidação.
A lição: você deve comprar algo no shopping center somente quando for até lá com a finalidade específica de adquirir aquele determinado produto ou objeto. Qual a razão para comprar blusa, saia ou sapatos novos, se o seu armário está entupido de peças semelhantes com pouco ou nenhum uso?
Cheques pré-datados
O pré-datado já faz parte do cotidiano em nosso país. Comerciantes os aceitam sem constrangimento, pois com isso não necessitam fazer uso do complicado e custoso sistema do crediário do Sistema Financeiro Nacional. O pré-datado também facilitou a vida do cidadão comum. Mas quem ganhou mais com isso?
Para o comerciante o pré-datado é uma manobra para ampliar seu lucro, dada a excelente oportunidade de embutir sorrateiramente juros no preço da mercadoria. Portanto, com os pré-datados, ele passa a ter duas fontes de renda, disfarçadas em apenas uma: o lucro natural na venda da mercadoria e os juros embutidos sobre a venda a prazo. Quando o comprador pede um desconto para pagamento à vista, o comerciante geralmente nega, alegando que o preço é o mesmo, seja em quatro vezes, seja à vista. Pessoalmente tenho insistido no desconto, e algumas vezes consigo de 5% a 10% sobre o preço originalmente pedido.
Acabe o quanto antes com a emissão de cheques pré-datados, pois, além de geralmente embutirem juros disfarçados, são os mais importantes causadores do caos administrativo e da inadimplência para milhões de pessoas. Ao adquirir três mercadorias em um mês e pagando cada vez com quatro cheques pré-datados (assumindo que um dos cheques foi à vista), você emitiu nove cheques pré-datados. No mês seguinte, repetindo a operação, terá 18 cheques pré-datados circulando pela cidade. No terceiro mês, 27. Provavelmente, quando terminar de preencher seu primeiro talão de cheques, você já terá perdido a conta da quantidade de cheques seus que circulam pela cidade. As conseqüências: você pensava que tinha 500 reais positivos na conta, mas, para sua inteira surpresa, está com 150 negativos. E agora irá pagar juros duas vezes: uma escondida na compra; outra por estar no vermelho no banco.
Por último, você viverá na incerteza de que alguém não irá compensá-los antes da data marcada. Estará totalmente fora de seu alcance impedir os pré-datados de chegar à sua conta antes do seu vencimento.
Por que devemos vender bens quando estamos endividados?
Na condição de planejador financeiro pessoal com muitos anos nas costas, posso afirmar categoricamente que vender algum imóvel ou outro bem de valor razoável, mesmo a preço abaixo do mercado, é bem melhor do que mantê-lo quando se tem que pagar juros em alguma dívida. Pode-se comparar a venda de um imóvel nessas condições (que não seja a própria moradia) a um recuo tático dos soldados nas linhas de frente em uma guerra. O recuo não significa derrota, é apenas bom senso.
A venda de um imóvel
Muitas pessoas acreditam que jamais se deve vender um imóvel. Esse conceito está ultrapassado e destituído de qualquer valor prático. Imóveis são como gente: nascem, crescem, ficam velhos e morrem (tornam-se obsoletos). Também há quem pense ser sua obrigação deixar um patrimônio para os filhos. Não lhes passa pela cabeça que oferecer um padrão melhor a si mesmas e às crianças vale muito mais do que deixar de herança um imóvel. A idéia de obter algum rendimento de aluguel pode ser totalmente ilusória, pois os juros pagos pelo endividamento poderão superar amplamente o valor do aluguel recebido. É melhor ter somente o imóvel em que se vive e não ter dívidas do que ter vários e levar uma vida em completa desordem.
A venda de um bem que não se usa
De que serve um aparelho de som, uma TV ou um computador se estiver jogado num canto? Tudo isso é rapidamente ultrapassado por novos modelos. Venda-os enquanto ainda não estão sendo considerados obsoletos, mesmo abaixo do preço que você pagou ou do valor de mercado. Alguém lhe fez oferta de x ? Agarre o dinheiro e saia correndo para diminuir uma dívida.
Já pensou em devolver um bem adquirido anteriormente?
Um momento mágico, em que estávamos provavelmente em transe, nos impeliu irresistivelmente a comprar alguma coisa. Passadas 24 horas, acordamos e nos descobrimos amargamente arrependidos. O que fazer? A melhor providência é voltar à loja e dizer que não queremos mais a mercadoria. O Código de Defesa do Consumidor, em certas condições, nos permite fazer a devolução. Uma forma honesta é conversar com o gerente da loja e contar-lhe que você não pode assumir a dívida e que, infelizmente, sua única opção é devolver a mercadoria. Essa é a atitude mais sensata, mesmo que lhe custe a entrada em dinheiro que você pagou.
PIS, FGTS ou indenização trabalhista
Caso possa receber qualquer um dos benefícios acima citados, não pense duas vezes. Dinheiro em suas próprias mãos é melhor do que em alguma conta administrada pelo governo ou por alguma autarquia estatal. E utilize esse dinheiro para acabar com alguma dívida. Nunca para iniciar uma nova.
A sensação de diminuir o endividamento é agradável
Não comprar pode ser tão agradável quanto comprar. Causa uma sensação de superioridade. Usar alguns milhares de reais para eliminar uma dívida que inclui juros altos pode ser tão agradável quanto adquirir um eletrodoméstico. Caso você opte por utilizar seu 13o salário para diminuir suas dívidas, poderá gastar futuramente o dinheiro economizado em outras coisas. Não se esqueça de pedir ao seu credor que deduza os juros incidentes já embutidos nas prestações. Claro que é gostoso comprar presentes de fim de ano, mas a visão de uma vida melhor e equilibrada é igualmente positiva.
Não coloque a culpa somente nos outros
É claro que sinto pena de você, senão não teria escrito este livro. Mas isso não significa que uma grande parcela de culpa pelo estado lamentável de suas finanças não tenha sido por sua própria culpa. Foi você mesmo que foi se endividando no decorrer do tempo. Foi você mesmo que não verificou com mais cuidado se poderia ou não adquirir mais algum bem ou mercadoria com seu cartão de crédito ou cheque especial. Foi você mesmo que não levou em conta a soma de tudo aquilo que adquiriu no decorrer dos últimos meses ou anos para saber se poderia pagar tudo unicamente com seu salário. Foi você mesmo que jamais pensou que dívidas mensais deixadas sem pagamento gerariam juros sobre juros. Não tente impingir aos outros os erros cometidos.
Quem são os guardiões dos credores no brasil?
Existe alguma confusão em nosso país a respeito de quem é o responsável pelos nomes daqueles que se encontram endividados ou inadimplentes. O Banco Central do Brasil recebe todos os dados dos cheques sem fundos dos clientes dos diversos bancos que operam em todo o território nacional. Essas informações são registradas no Banco Central, no chamado Cadastro de Cheques sem Fundos (CCF), e repassadas para a Serasa de forma centralizada. A Serasa possui um dos maiores bancos de dados do mundo. Suas informações são fornecidas aos bancos, às lojas do comércio, às pequenas, médias e grandes empresas. Para as pessoas que têm problemas pendentes com os bancos, entrar em contato com a Serasa para superá-los é essencial.
As associações comerciais igualmente exercem o papel de cadastrar pessoas que apresentam problemas de endividamento, inadimplência e protesto de títulos em cartórios. Quase todos já ouviram falar da existência do SCPC, Serviço Central de Proteção ao Crédito. São geralmente as associações comerciais, existentes em diversas localidades do país, que guardam os cadastros de pessoas consideradas desabilitadas ou inadimplentes.
Como a SERASA ajuda na recuperação do seu crédito?
Às vezes você pode continuar cadastrado, mesmo após ter reabilitado seu nome. Podem ter ocorrido erros por parte do próprio banco ou do interessado, por muitas razões. Os serviços da Serasa para limpar o seu nome são totalmente gratuitos e você não precisa fazer uso de nenhum intermediário. Veja os procedimentos para regularizar suas pendências diretamente com a Serasa. São indicações da própria empresa, transcritas para ajudá-lo a regularizar sua situação com o mínimo de constrangimento possível.
A Serasa disponibiliza o Serviço Gratuito de Orientação ao Cidadão em suas agências, em todas as capitais e principais cidades do Brasil. A empresa oferece também orientação completa em seu site (www.serasa.com) para quem está com cheque sem fundos no mercado, título protestado, anotação de ação judicial e anotação de dívida vencida. Para efetuar a consulta nas instalações da Serasa, o próprio interessado deve comparecer à agência de sua localidade, com RG ou CPF, ou enviar um procurador com firma reconhecida.
Para regularizar anotação de título protestado
1 Dirija-se ao cartório que registrou o protesto e então solicite uma certidão a fim de obter os dados de quem o protestou. 2 Comunique-se com quem o protestou, regularize o débito e peça uma carta indicando que a dívida foi regularizada. 3 Reconheça a firma da pessoa/empresa, retorne ao cartório onde consta o registro do protesto e solicite o seu cancelamento. 4 Após o cancelamento do protesto no cartório, entregue a certidão na Serasa para a baixa da anotação em seus arquivos.
Para regularizar anotação de ação judicial, execução de título judicial e extrajudicial ou busca e apreensão de bens, falência e concordata
1 Para a regularização desse tipo de anotação, certifique-se de que o processo já foi julgado em juízo e que se encontra arquivado ou extinto. 2 A certificação é obtida por meio de cópia do despacho do juiz ou de certidão emitida pela vara cível onde o processo foi distribuído.
Para regularizar anotação de cheque sem fundos
1 Procure a agência do banco indicado como apresentante da ocorrência de cheque sem fundos. 2 Solicite ao banco informações sobre o número, o valor e a data do cheque que foi apresentado por duas vezes, sem que houvesse saldo na conta para pagamento. 3 Verifique os canhotos de talões em seu poder. Veja para quem foi emitido o cheque. Procure a pessoa ou a empresa a fim de regularizar o débito e recuperar o cheque. É importante você tê-lo em suas mãos.4 Prepare uma carta, conforme orientação do gerente da sua conta no banco que informou a ocorrência de cheque sem fundos. Junte o original do cheque recuperado, recolha no banco as taxas pela devolução do cheque e protocole uma cópia dos documentos entregues ao banco para regularização no Banco Central. 5 Para regularização no CCF, o correntista deve acompanhar e obter o protocolo da comunicação de regularização do seu banco para o Banco do Brasil, encarregado pelo Banco Central de processar a atualização do arquivo de CCF. 6 A regularização de cheques sem fundos só ocorre após o Banco do Brasil enviar o comando específico para a Serasa.
Para regularizar anotação de dívida vencida pendência bancária ou financeira
Para poder haver a regularização desse tipo de anotação, você deve procurar a instituição ou empresa credora, que enviará comando específico para a Serasa executar a baixa da anotação.
Você sabia que também existe um cadastro positivo?
A Serasa também possui um cadastro positivo de consumidores, chamado Credit Bureau. O nome é esquisito, mas a idéia agrada a todos aqueles que gostariam que, quando algum banco ou comerciante pedisse informações à Serasa, elas fossem boas e fizessem com que um empréstimo ou compra a crédito fosse rapidamente aprovado, sem qualquer restrição tão boas que o banco, comerciante ou financeira até pudessem, eventualmente, aprovar uma taxa de juros mais baixa. Para estar incluído nesse cadastro positivo, deve-se preencher um formulário com os dados solicitados, assinando seu acordo em fazer parte dessa listagem. Após estar cadastrado, qualquer entidade do país rapidamente poderá dispor desses dados, aprovando alguma compra de mercadoria ou empréstimo.