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Vender carro seminovo agora é o melhor negócio

Segundo especialistas, esperar volta do IPI para conseguir melhor preço pelo seminovo pode ser uma armadilha diante de possível superoferta

Concessionária: Vender o carro agora é o negócio menos arriscado (Fabiano Accorsi/Site Exame)
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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 11h36.

São Paulo – A redução do IPI para carros zero quilômetro resultou em uma redução de 10% a 15% nos preços dos carros seminovos, segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Com a maior depreciação, surge a dúvida: vale a pena aguardar a volta do IPI ao seu patamar original para conseguir um preço melhor na venda do seu seminovo?

Especialistas consultados por EXAME.com destacaram os possíveis bons e maus negócios neste momento. Entre eles, pode-se dizer que um cenário é praticamente certo: quem está deixando para vender o seminovo em dezembro, ou depois da volta do IPI, está fazendo mau negócio. Pesando os prós e contras da venda de seminovos em novembro, dezembro ou no início do ano, a conclusão a que se chega é que, para quem quer ou precisa vender seu carro, o menos arriscado é fazê-lo agora, enquanto ainda não há superoferta de seminovos e há pessoas com disposição para a compra desse tipo de produto.

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A seguir, veja quais são as recomendações dos especialistas sobre a compra e venda de carros novos e seminovos na iminência do fim da redução do IPI.

Vender o seminovo em dezembro: mau negócio

Milad Kalume Neto, gerente de atendimento da consultoria automotiva Jato Dynamics, acredita que dezembro será um mês ruim para quem pensa em vender seu seminovo para comprar um carro zero quilômetro. Isso porque, segundo ele, muitos proprietários devem tentar vender seus veículos mais perto do fim do IPI reduzido. E conforme ditam as leis da economia, com a ampla oferta, os preços tendem a ser reduzidos.

Kalume explica que os proprietários estão postergando a venda do seminovo ao máximo para tentar obter um preço melhor na transação. Como a prorrogação do IPI reduzido deve valer até o dia 31 de dezembro, segundo anunciou a presidente Dilma Rousseff, os proprietários podem todos se sentir pressionados a vender o carro ao mesmo tempo para não perder a oportunidade de comprar o zero quilômtro com desconto.

“O consumidor vai aguardar até o último momento para comprar um novo veículo. Ele tentará vender ou dar o seu veículo atual como entrada e poupar o máximo de capital que conseguir para financiar o menor valor possível. Haverá uma antecipação de venda muito grande em dezembro por conta do término do IPI reduzido, e normalmente este é um mês que tem bons números de venda. Como todos entendem essa estratégia, o melhor é acumular o máximo de capital, mas antecipar a venda do seu seminovo para o mês anterior”, avalia Kalume.

Vender o seminovo após a volta do IPI: mau negócio

Deixar para vender o seminovo após a volta do IPI é outra estratégia que pode se mostrar desastrosa, como indicam alguns sinais destacados pelos especialistas. Com o fim do IPI reduzido, os preços dos novos sofrerão uma elevação, provocando também um reajuste para cima no preço dos seminovos. Mais uma vez, o problema é que muitos proprietários podem tentar usar a mesma tática: adiar a venda para tentar se beneficiar de uma possível valorização de seu seminovo.


Se isto ocorrer de fato, com a ampla oferta dos seminovos, o proprietário pode ser forçado a diminuir o valor do seu carro, para concretizar a venda em um cenário mais competitivo. E pior: em uma época em que as pessoas estão menos dispostas a consumir, em função do grande número de despesas dos três primeiros meses do ano.

“Em geral o mercado de usados segue o que ocorre com o mercado de novos. Mas quanto maior a oferta de usados no mercado, a tendência é que os preços diminuam para se tornarem competitivos, e a valorização esperada pode acabar não ocorrendo”, diz o gerente da Jato Dynamics.

Francisco Mello Júnior, sócio-diretor da Certi Training, empresa que desenvolve soluções e treinamento para o mercado de consumo e de crédito, acrescenta que os custos que o proprietário terá para manter o carro por mais alguns meses é outro fator que pode não compensar o adiamento da venda. “É verdade que os preços dos seminovos podem sofrer uma variação, mas não é possível quantificá-la e eu não acredito que os preços cheguem ao patamar anterior à redução do IPI. Assim, somente o custo de manter o carro até lá pode não compensar a espera”, diz.

Além dos gastos com manutenção, ele lembra que o pagamento do IPVA em janeiro torna ainda menor a chance de o proprietário ter vantagens na venda do carro mais para frente. “O preço do seminovo não deve aumentar na mesma proporção que o preço do novo após a volta do IPI. Então, considerando que o seminovo suba até 5% no início do ano, apenas com o IPVA eu já perco 4% do valor do bem. Já não valeu a pena esperar para vender”, avalia Mello.

Além da possível superoferta e do custo de se manter o carro até a hora de vender, Mello explica que adiar a venda para o início do ano tem mais uma desvantagem: o custo de oportunidade. “Se o proprietário vendesse o carro hoje a 10.000 reais e investisse o valor na poupança, ele poderia ganhar quase 150 reais em três meses, chegando a 10.150 reais. Além de ganhar dinheiro, ele não perde a inflação destes meses e não corre o risco de vender o carro mais para frente com uma possível desvalorização", defende.

Esperar a volta do IPI para usar seminovo como entrada do zero quilômetro: mau negócio

Quem está buscando uma valorização no seu seminovo para dar entrada em um carro zero quilômetro não deve esperar. Isto porque, além dos fatores citados que podem impedir a valorização dos seminovos, há o fator mais óbvio, que é o aumento dos preços dos novos.
Apesar de não ser possível prever o futuro, é mais seguro trabalhar com a hipótese de que os preços dos novos subam em maior proporção que os preços dos seminovos.

Suponha que um seminovo que valia 40.000 reais tenha a passado a custar 30.000 reais com a redução do IPI para carros zero quilômetro. Ainda que a volta do imposto se reflita em uma valorização de 10% do preço do seminovo – o que já é uma expectativa bem alta – o aumento para 33.000 reais só compensaria se o preço do novo pretendido subir menos do que 3.000 reais. E por mais que o preço do novo suba menos que 3.000 reais, novamente os gastos para manter o carro até o início do ano que vem podem não compensar a economia.


Milad Kalume Neto conclui que, diante destes possíveis cenários, se neste momento o proprietário não conseguir vender seu carro pelo preço anunciado, vale a pena até reduzir o preço, para não ser preciso dar um desconto muito maior depois. “Vale a pena oferecer uma promoção agora para evitar a venda nos meses em que todo mundo deve tentar vender”, diz.

Comprar seminovo agora: bom negócio

Se o comprador encontrar uma boa oferta de seminovo hoje, não deve hesitar em aproveitá-la, recomendam os especialistas. Por mais que haja a chance de os seminovos se desvalorizarem ainda mais com a volta do IPI – caso se concretize a superoferta em uma época em que as pessoas estão menos dispostas a comprar – o cenário contrário não pode ser descartado. Afinal, o movimento natural seria uma valorização do preço do seminovo, ainda que modesta. Para quem não quer arriscar, portanto, vale a pena aproveitar os preços baixos agora. “Para quem tem a opção ou oportunidade de comprar um seminovo em bom estado não existe momento melhor”, diz Mello.

O presidente da Fenauto, Ilidio Gonçalves Santos, reforça que os atuais preços dos seminovos estão de 10% a 15% mais baixos. “Dependendo do zero quilômetro, é possível comprar um carro com um ou dois anos de uso pelo mesmo valor do novo, mas com alguns itens adicionais”, diz.

Vender o carro no primeiro ano de uso: mau negócio

Com ou sem redução do IPI, vender o carro no primeiro ano de uso definitivamente não traz vantagens financeiras, segundo os especialistas. Apesar de alguns motoristas optarem por trocar de carro todo ano, ao fazer isso, eles estão sempre vendendo o carro no período em que ele sofre a depreciação mais elevada. “Qualquer carro zero quilometro, ao sair da concessionaria e dar uma volta no quarteirão perde 10% do valor. No primeiro ano, a depreciação varia entre de 15% a 20%, dependendo do modelo, e normalmente a partir do segundo ano a depreciação varia entre 5% e 10%”, diz o presidente da Fenauto.

Para compreender porque este é um mau negócio do ponto de vista financeiro, o raciocínio que pode ser feito é o seguinte. Um carro de 30.000 reais, com uma depreciação de 20% no primeiro ano, será vendido a 24.000 reais. São 6.000 reais perdidos. Se este proprietário comprasse um zero quilômetro com o mesmo nível de depreciação e o vendesse novamente após um ano, seria mais uma perda de 6.000 reais, ou 12.000 reais no total. Em contrapartida, se ele optasse por permanecer com o mesmo carro por dois anos, considerando a mesma depreciação de 20% no primeiro ano, mais uma depreciação de 10% no segundo ano, ele teria uma depreciação de 30%, ou uma perda de 9.000 reais, 3.000 reais a menos do que a troca do carro no primeiro ano.

Por isso, se seu seminovo tem apenas um ano de uso, considere esperar mais um pouco para vendê-lo. E por “mais um pouco” entende-se não o início de 2013, mas quem sabe 2014.

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