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Varejo puxa a captação dos fundos em 2014

Eventos internos e externos aumentaram a volatilidade dos mercados e mudaram as expectativas dos investidores e gestores


	Varejo: destaque deste ano foi o aumento da participação do varejo na captação total dos fundos
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Varejo: destaque deste ano foi o aumento da participação do varejo na captação total dos fundos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 13h02.

São Paulo - Os fundos de investimento tiveram até novembro um ano agitado e de baixa captação, com vários eventos internos e externos aumentando a volatilidade dos mercados e mudando as expectativas dos investidores e dos gestores, afirma Carlos Massaru Takahashi, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Em entrevista sobre o mês de novembro, ele fez uma análise dos 11 meses deste ano e falou das expectativas para 2015, que deve começar com as novas regras para o setor de fundos. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anuncia a nova versão da instrução 409 na semana que vem, dia 17.

Hoje, o setor conta com 15 mil fundos e 11,2 milhões de investidores.

Varejo volta a ganhar espaço

O destaque deste ano foi o aumento da participação do varejo na captação total dos fundos. “O segmento de varejo captou R$ 31,8 bilhões este ano até outubro, ante uma saída de R$ 6,3 bilhões no mesmo período do ano passado”, diz Takahashi. Outro segmento também ligado ao varejo, o de previdência privada, também foi destaque, com R$ 15,1 bilhões de captação até outubro, afirma. O aumento da captação de varejo reflete o esforço dos bancos em atrair investidores para os fundos.

Crédito menor, mais fundos

O movimento buscou ampliar as receitas obtidas na prestação de serviços de gestão, em meio ao crescimento da clientela. Foi também uma forma de compensar a queda de ganhos nas carteiras de crédito, uma vez que os empréstimos ficaram mais seletivos diante da desaceleração da economia, que aumenta o risco das empresas e pessoas.

Assim, os bancos buscaram nas taxas de administração dos fundos uma alternativa de ganhos, explica o executivo. Uma situação bem diferente dos anos anteriores, quando, para bancar o grande crescimento do crédito, os bancos incentivaram a aplicação em CDB.

Pior captação desde 2008

Apesar de uma recuperação no fim deste ano, o volume captado no ano dos fundos em geral até novembro, de R$ 14,3 bilhões, é um dos piores desde a crise de 2008. “Desde 2009, os fundos vinham apresentando captação de mais R$ 61 bilhões por ano em média”, afirma.
A queda na captação no ano reflete a diminuição das aplicações de governos nos fundos poder público, que representam parte importante do mercado. Também as empresas tiveram um ano mais difícil, o que as fez recorrer mais aos recursos dos fundos.
Novos fundos soberanos
A expectativa de Takahashi é que esse aumento do setor de varejo continue em 2015. Além do crédito ainda seletivo, há uma série de medidas que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve anunciar este ano ainda, entre elas a criação dos fundos soberanos, carteiras de renda fixa simplificadas que cobrarão menos do investidor e deve atrair mais pessoas físicas.

“Não vai ser de imediato, os bancos vão ter de se ajustar às novas regras dos fundos da nova versão da instrução 409, mas os investidores já devem começar a se beneficiar dos ganhos com a simplificação do setor de fundos”, diz.

Fundo conservador ganha espaço

Ele vê também uma tendência de maior volume de recursos para renda fixa em 2015, a exemplo de 2014, quando os fundos DI, mais conservadores, lideraram a captação, com R$ 49 bilhões. A incerteza com as eleições e os juros mais altos aumentaram a busca por aplicações mais seguras e com liquidez diária.

“Neste ano assistimos a um refluxo do que aconteceu em 2013, e mais eventos importantes como a Copa do Mundo e a eleição presidencial, com algumas surpresas, e isso trouxe um movimento especulativo bastante intenso, que favoreceu a recuperação da bolsa no curto prazo”, diz. Ele cita algumas diferenças em relação ao ano passado, como a alta do dólar, que em 2013 começou no primeiro trimestre e, neste ano, se concentrou no segundo semestre.

A revanche das NTN-B e dos renda fixa índices

Outro movimento importante este ano foi o dos papéis corrigidos pela inflação, as NTN-B do governo. No ano passado, esses papéis tiveram fortes perdas por conta do início da alta das taxas de juros desses papéis, acompanhando os juros da economia em geral. Os índices que acompanham esses papéis, o IMA-B e o IMA Geral, refletiram essa queda e as perdas no ano passado e também sua forte recuperação neste ano, quando as taxas passaram a cair.

E isso garantiu um retorno elevado para fundos que aplicam nesses papéis, os fundos renda fixa índices, e em menor medida, os fundos renda fixa tradicionais. “O ganho não chega ao dos fundos renda fixa índice de 2012, mas já os torna o fundo com maior rentabilidade neste ano”, diz.

Previdência privada recupera perdas

Parte dessa recuperação dos fundos de índice ajudou os de previdência privada, afirma Takahashi. Esses fundos sofreram em 2013 pois foram obrigados a alongar suas aplicações por ordem do governo em 2012 e foram pegos no contrapé pela alta dos juros. Neste ano, com os juros da NTN-B caindo, os fundos de previdência voltaram a ter rendimentos expressivos.

Fundos de ações fracos

Já os fundos de ações sofreram em 2013 com os problemas do Grupo X, de Eike Batista. Neste ano, esses fundos tiveram seu desempenho afetado pela queda nos preços das commodities e pelo baixo crescimento do país. “Mas as eleições trouxeram um movimento especulativo que fez o Índice Bovespa se recuperar, zerando as perdas de muitos fundos de ações”, observa Takahashi.

Até novembro, alguns fundos indexados ao Ibovespa ou ao IBrX tiveram rentabilidade positiva, assim como fundos de dividendos. São carteiras que sofreram com o impacto de setores que se beneficiaram da pauta eleitoral. Mas esse ganho, segundo o vice-presidente da Anbima, não pode ser visto como um retorno por conta dos fundamentos das empresas, e sim apenas como um movimento especulativo pontual.

Tendências para 2015

Para 2015, a tendência, olhando a alta dos juros, que ainda está em andamento, e a expectativa com as novas medidas a serem anunciadas pela nova equipe econômica, os fundos de renda fixa devem continua liderando a preferência dos investidores, diz Takahashi. “São fundos atrelados ao juro e que, além de conservadores, oferecerem uma liquidez interessante”, diz.

O crescimento do varejo também é positivo para o setor de fundos, lembra o executivo, uma vez que a pulverização dos investidores reduz o risco de grandes resgates, como ocorre com os grandes investidores institucionais.

Concorrência de LCI e LCA

Ele observa que alguns setores como o de alta renda e private banking ainda têm a concorrência dos títulos emitidos pelos bancos isentos de imposto, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Esses papéis têm vantagens tributárias e garantias maiores que os fundos, que não contam com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

“Mas além das variáveis macroeconômicas, 2015 deve ser um ano de arrumação do setor de fundos, pela revisão da instrução 409”, diz.

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