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Turbulência deve continuar nesta quinta-feira

Sem consenso e à deriva, mercado deve manter oscilações nos próximos dias

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

O fechamento da quarta-feira mostrou um mercado financeiro confuso, sem direção definida e, principalmente, sujeito a mais volatilidade nos próximos dias. O dólar fechou no nível máximo do dia a 2,40 reais - o maior valor desde agosto de 2005 -, com uma alta de 4,62%. Foi a maior variação diária desde a turbulência eleitoral de julho e agosto de 2002. Os juros de longo prazo também subiram fortemente. Os contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2008 fecharam a 16,85% ao ano, uma alta de quase meio ponto percentual em relação à terça-feira. A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 0,88%, e o risco-Brasil permaneceu estável em 282 pontos-base.

A forte oscilação no mercado de títulos públicos de longo prazo forçou o Tesouro Nacional a intervir no início da tarde, realizando um leilão simultâneo de compra e de venda de papéis. Com isso, o Tesouro ofereceu uma porta de saída para os investidores que possuíam papéis muito longos e queriam se desfazer dessas posições. O papel mais vendido foi a Nota do Tesouro Nacional (NTN) de série B com vencimento em 2045. O Tesouro recomprou 540 milhões de reais nesse título, cobrando 9,44% ao ano.

O dia foi marcado pela absoluta ausência de consenso. Boa prova disso foram os negócios com NTN-B vincendas em 2010. O Tesouro comprou 365 milhões desses reais nesses papéis cobrando 11,11% ao ano e vendeu 142 milhões pagando 11% ao ano. Na ponta do lápis, com essa operação o Tesouro economizou quase 10 milhões de reias em juros pelos próximos seis anos. Essa economia só foi possível porque compradores e vendedores não chegaram a um acordo sobre o que pode acontecer no mercado nos próximos dias.

Mais turbulência

 Essa incerteza deverá provocar mais oscilações abruptas nos próximos dias. Um bom exemplo é o que ocorreu no mercado de câmbio. Entre as 15h e as 16h da quarta-feira, o dólar bateu no limite máximo de alta da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), subindo 4%. Após o fechamento, durante a sessão noturna, conhecida como after-market, o dólar chegou a cair 3%.

O risco da turbulência aumenta quando se notam o tamanho das posições em aberto. Os investidores estrangeiros têm, hoje, cerca de 1,6 milhão de contratos futuros de juros em aberto na BM&F, o maior nível em toda a história. Um movimento de saída, ainda que pequeno, poderia precipitar novas oscilações pesadas nos juros. O cenário para o câmbio é parecido. Os estrangeiros têm pesadas posições, praticamente equivalentes, que apostam na queda e na alta do dólar. Uma mudança de opinião também levaria o dólar a oscilar violentamente.

Cenário externo 

A origem de toda essa turbulência vem de Wall Street. O mercado financeiro americano - que dá o tom de todos os demais - está atravessando o fim de um ciclo monetário fortemente expansionista e estréia um período de política monetária neutra. Durante vários anos, entre 2001 e 2005, os juros ficaram muito baixos nos Estados Unidos, numa tentativa das autoridades de aliviar o impacto da explosão da bolha da Nasdaq em 2001 e das crises dos anos seguintes.

Agora, com a forte alta dos preços do petróleo e a ameaça de um leve aumento da inflação americana, as autoridades começaram a elevar os juros. Em poucos meses, os juros subiram de 1,75% ao ano para 5%. O mercado esperava que os 5% fossem o teto, mas recentes declarações do presidente do Federal Reserve (FED, o banco central americano), Ben Bernanke, levaram os especialistas a esperarem altas suplementares de juros.

Essa mudança de perspectiva alterou fortemente as expectativas e a atuação dos investidores internacionais. Os mercados emergentes, que eram quase uma coqueluche nos últimos meses, passaram a ser vistos com mais reservas. Brasil, Turquia, África do Sul - todos os mercados acionários e de títulos desses países vêm sofrendo nos últimos dias em virtude das vendas dos estrangeiros.

Agora, os investidores nacionais começam a se desfazer de suas posições, à espera de um novo ponto de equilíbrio para os preços. Enquanto isso não ficar claro, a turbulência será elevada e a recomendação para a maioria dos investidores é de cautela.

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