Brilhou em 2016: Aplicações em títulos públicos subiu mais de 80% no ano passado (john_99/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 6 de abril de 2017 às 05h00.
Última atualização em 6 de abril de 2017 às 10h04.
São Paulo - O Tesouro Direto brilhou entre os investimentos para pessoa física em 2016, segundo um relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
O volume de aplicações em títulos públicos saltou 85,2% em comparação a 2015, enquanto o volume total de investimentos feitos por pessoas físicas cresceu apenas 16,7%. Essa é uma das principais conclusões do estudo da Anbima, que mapeou as aplicações realizadas em 2016 por 69,6 milhões de clientes, que possuem 2,4 trilhões de reais em investimentos.
“Os benefícios de investir em títulos públicos são inquestionáveis, pela sua rentabilidade, segurança e liquidez”, explica João Albino, presidente do comitê de private banking da Anbima.
Vendidos na plataforma do Tesouro Direto para qualquer pessoa física que tenha a partir de 30 reais para investir, os títulos públicos são emitidos pelo governo para captar dinheiro. Eles estão entre os investimentos preferidos dos especialistas para oferecer retorno acima da poupança, pois o risco do governo quebrar e dar calote nos investidores é menor que o de um banco privado.
Há diversos títulos públicos adequados para diferentes perfis e objetivos de investidores. Sua rentabilidade pode estar atrelada a uma taxa pré-fixada, definida no momento da aplicação, ou acompanhar um indexador, que pode ser a taxa básica de juros, a Selic, ou a inflação, medida pelo IPCA. Em 2016, esses indicadores estavam altos, o que beneficiou investidores do Tesouro Direto.
O presidente do comitê de private banking da Anbima ressalta que os títulos públicos têm oferecido remunerações superiores aos títulos privados de bancos grandes, como CDBs. “Enquanto a demanda por empréstimos estiver baixa, os bancos não precisam captar muitos recursos e continuarão oferecendo taxas não tão atraentes”, explica.
Além disso, a possibilidade de investidores comprarem e venderem títulos sozinhos, direto pela plataforma online do Tesouro Direto, estimula o investimento, segundo Albino. Basta abrir conta em uma corretora e depois o investidor é livre para fazer suas movimentações pelo site ou pelo aplicativo, como em uma loja online.
Mesmo com projeções de queda da taxa Selic, o Tesouro Direto deve seguir roubando a cena em 2017. “Descontando a inflação, a taxa de juros real paga ao investidor ainda é muito atraente”, explica Albino.
Poupança ainda é a preferida, mas perde espaço
Entre os clientes de varejo, aqueles que têm até 10 mil reais aplicados, 62,5% dos recursos estavam investidos na poupança em dezembro de 2016, e menos de 1,1% estavam aplicados em títulos do Tesouro Direto, segundo o estudo da Anbima.
No entanto, do ano passado para cá, a poupança perdeu espaço para outros investimentos, entre eles CDBs (7,9%) e fundos de renda fixa (12,5%), além dos títulos públicos.
Outros fundos com maior grau de risco, como os multimercados e os fundos de ações (1,5%), também ganharam espaço. Esse movimento tende a crescer com a queda na taxa da Selic e, consequentemente, mais investidores dispostos a encarar um pouco mais de risco para conseguir melhores taxas de retorno.