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Taxa de juros do rotativo sobe pelo quarto mês seguido e atinge 329% ao ano

A modalidade é a mais cara disponível no mercado e o seu uso é recomendado apenas para emergências; em 12 meses, a alta é de 12,8 pontos percentuais

Juros rotativo do cartão de crédito: a modalidade é a mais cara disponível no mercado (Joe Raedle/Getty Images)

Juros rotativo do cartão de crédito: a modalidade é a mais cara disponível no mercado (Joe Raedle/Getty Images)

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Agência O Globo

Publicado em 25 de fevereiro de 2021 às 12h40.

A taxa de juros média do cartão de crédito rotativo (quando o cliente não paga o valor integral da fatura até a data de vencimento) registrou a quarta alta mensal seguida em janeiro e atingiu o patamar de 329,3% ao ano. O número foi divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central.

A modalidade é a mais cara disponível no mercado e o seu uso é recomendado apenas para emergências. Os juros do rotativo haviam caído durante a pandemia, mas voltaram a subir em outubro do ano passado. Em 12 meses, a alta é de 12,8 pontos percentuais.

Já o cheque especial, que continua sendo uma das modalidades mais caras do sistema financeiro, está controlado consideravelmente abaixo do teto de 8% ao mês (151,8% ao ano) imposto pelo BC no início de 2020. Em janeiro, o registro foi de 119,6% ao ano.

Desde que o limite dos juros foi colocado, as taxas vêm variando entre 110% e 120% mensalmente. Antes disso, ela chegava a bater nos 300% ao ano.

No caso da taxa de juros média geral do sistema financeiro, também houve aumento. Ela ficou em 28,4% em janeiro, a maior média desde maio de 2020, quando os juros foram de 29,9%.

Esse resultado foi puxado por uma alta nas taxas para empresas, que subiu de 37,2% em dezembro para 39,4% em janeiro, e para pessoas físicas, que era de 11,7% no fim do ano e subiu para 15,2%.

O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, ressalta que os números não foram surpreendentes e que a alta nos juros está relacionada às expectativas negativas para o futuro.

"Você está em um ambiente em que havia uma expectativa de que a economia ia retomar e ela de cara não está retomando. Está mostrando uma dificuldade pela frente agora com essas ondas se agravando da Covid, mas é fato que os bancos estão muito pessimistas com relação ao risco", disse.

Inadimplência

A inadimplência que vinha caindo mensalmente desde o início da crise causada pela Covid-19 e chegou
ao menor patamar da história, registrou uma variação para cima em janeiro, pulando de 2,9% para 3%. No entanto, o número continua bem abaixo dos índices registrados antes da pandemia, que ficavam perto dos 4%.

Essa trajetória foi interrompida por conta do aumento da inadimplência de empresas, que pulou de 1,4% em dezembro para 1,6% em janeiro, ainda bem abaixo da média anterior à pandemia, que era acima de 2%.

No caso das pessoas físicas, a trajetória de queda foi mantida, com mais uma variação de 0,1 ponto percentual para baixo para 4,1%. Antes da pandemia, o índice ficava ao redor de 5%.

De acordo com especialistas, essa queda na inadimplência durante 2020 pode ser explicada pelo auxílio emergencial, que pode ter contribuído para o pagamento da dívida das famílias.

No caso das empresas, por medidas do Banco Central e das instituições financeiras de renegociar empréstimos e prover aumento nos prazos de pagamento ou períodos de carência.

Queda na concessão

A concessão de crédito para pessoas físicas e empresas caiu consideravelmente de dezembro para janeiro. De modo geral, a queda foi de 24,5%, de R$ 350 bilhões para R$ 254,1 bilhões neste início de ano.

A redução foi mais intensa para empresas, que viram a concessão cair de R$ 170 bilhões para R$ 117,9 bilhões em um mês, uma queda de 30,7%. Para pessoas físicas, a redução foi de 18,7% de R$ 180 bilhões para R$ 146,3 bilhões.

Miguel Ribeiro ressalta que há realmente um fator sazonal nessa queda no crédito porque as pessoas consomem mais em dezembro por conta das festas e reduzem os gastos em janeiro. O economista também sublinha que o cenário econômico é predominante para explicar a queda nas concessões.

"O consumidor está um pouco mais precavido de não querer assumir crédito, dívidas, tem essa preocupação por conta do momento atual de desemprego e queda de renda. Também tem um fator dos bancos muito cautelosos com relação à oferta de crédito. Os bancos também estão preocupados pelo que vem pela frente na questão de risco, então em um momento desse eles seguram a oferta de crédito".

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