Minhas Finanças

Steinbruch perde R$ 600 mi na bolsa

Empresário tinha fama de ser bom de bolsa ao se antecipar a grandes negócios, mas, com a Usiminas, pode amargar um enorme prejuízo

Benjamin Steinbruch, da CSN: Itaú BBA estima perda de R$ 600 milhões com ações da Usiminas (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Benjamin Steinbruch, da CSN: Itaú BBA estima perda de R$ 600 milhões com ações da Usiminas (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2011 às 17h21.

São Paulo – O empresário Benjamin Steinbruch pode ter tomado um dos maiores tombos da bolsa brasileira neste ano. Além de ter perdido a disputa com a Ternium para a entrada no bloco de controle da Usiminas, o bilionário teve de amargar um prejuízo na bolsa estimado em 600 milhões de reais pelo Itaú BBA.

Steinbruch vinha comprando ações da siderúrgica mineira em bolsa de forma agressiva nos últimos meses. Há cerca de dez dias, a CSN informou que já detinha 20,14% das ações preferenciais e 11,66% das ordinárias da Usiminas. Com a compra da participação, o bilionário pretendia pressionar a Camargo Corrêa e a Votorantim a lhe vender as ações do bloco de controle da empresa mineira.

Ao divulgar o balanço do terceiro trimestre, a CSN já havia admitido um prejuízo não-realizado de 446,9 milhões de reais com as posições. Agora a perda pode ter sido sacramentada. As novas quedas dos papéis e o aumento nas participações levaram o Itaú a elevar a estimativa de prejuízo com o negócio para 600 milhões de reais.

Assim como os demais acionistas minoritários da Usiminas, Steinbruch não deve ter direito a “tag along” com o mudança no controle anunciado na noite deste domingo. As ações da Usiminas estão no nível 1 de governança corporativa da BM&FBovespa. Os papéis incluídos nesse segmento dão aos detentores de ações ordinárias o direito de vender seus papéis por 80% do valor oferecido aos controladores em casos de venda de controle.

Para que houvesse direito a “tag along”, entretanto, seria necessário que mais de 50% das ações votantes tivessem sido vendidas. E a Ternium comprou apenas 27,7% dos papéis ordinários, que pertenciam a Votorantim, Camargo Corrêa e Caixa dos Empregados da Usiminas (o fundo de pensão dos funcionários da empresa).


Apesar de ter perdido dinheiro até agora, Steinbruch ainda poderá se recuperar. O empresário pode tentar negociar uma participação relevante das ações da Usiminas com a própria companhia, com seus controladores ou com outra empresa interessada em se tornar sócia da empresa mineira.

Outra opção é esperar a recuperação do preço dos papéis para vendê-los em mercado. Nesse caso, Steinbruch terá de ser bastante paciente. Se colocar todos os papéis que detém à venda, o empresário poderá provocar uma enxurrada de oferta de ações e derrubar sozinho as cotações – acentuando ainda mais as próprias perdas.

Por último, Steinbruch pode segurar os papéis e manter uma participação estratégica na Usiminas. O prêmio de mais de 80% pago pela Ternium sobre a cotação de mercado da Usiminas indica que os investidores podem estar avaliando mal o valor da empresa.

Um consolo para Steinbruch é que sua participação na Usiminas estava concentrada em ações preferenciais, que possuem em grande desconto em relação às ordinárias. Após o desfecho do negócio sem direito a “tag along” para os minoritários, é provável que esse deságio seja reduzido. Foi exatamente isso que aconteceu no pregão de hoje, quando as ações ordinárias caíram mais de 3% enquanto as preferenciais avançaram 4%.

De qualquer forma, neste momento Steinbruch está no vermelho. Ironicamente o empresário perdeu quase tudo que havia ganhado no começo deste ano com ações da mineradora australiana Riversdale. Após pagar 390 milhões de dólares pelos papéis, Steinbruch os revendeu por 835 milhões de dólares pouco tempo depois. Essa é mais uma prova de que bolsa é um investimento de alto risco - até para os tubarões.

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