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Só a renda variável salva: os melhores e os piores investimentos de fevereiro

A maioria dos ativos de renda fixa teve desempenho negativo no mês, assim como a bolsa. Fundos de investimento foram exceção em razão da estratégia defensiva em meio à crise

Fevereiro foi marcado pelo desempenho negativo de boa parte dos investimentos, em razão do avanço da pandemia e do ruído político (Zerbor/Getty Images)

Fevereiro foi marcado pelo desempenho negativo de boa parte dos investimentos, em razão do avanço da pandemia e do ruído político (Zerbor/Getty Images)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 19h49.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 20h59.

Fevereiro foi um mês de muita instabilidade para os investimentos. A alta no número de casos de coronavírus no país e o ruído político causado pela interferência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras (PETR3, PETR4) e em outras estatais trouxe de volta as incertezas para o mercado financeiro.

O clima de instabilidade contribuiu para o desempenho negativo da maioria dos investimentos. Mesmo os ativos que vinham se recuperando nos últimos meses, como as ações na bolsa de valores, voltaram a ficar no vermelho. O Ibovespa fechou o mês com desvalorização de 4,37%.

"A realidade não casou com as expectativas do mercado. Apesar de o novo líder da Câmara ser alinhado com o governo, houve avanços localizados e esparsos no ajuste fiscal e nas outras agendas prometidas pelo governo", explica Juliana Machado, especialista em fundos da EXAME Invest Pro.

Além dos problemas com a agenda fiscal, outros fatores locais contribuíram para a piora no mês, como o crescimento de casos de covid-19, o fechamento de algumas cidades para conter o avanço dos casos e o atraso na campanha de vacinação.

Por fim, a perspectiva de alta nos juros dos Estados Unidos tornou mais atrativos os títulos da dívida americana, considerados os mais seguros do mundo. O cenário faz com que investidores estrangeiros sejam mais avessos ao risco, o que prejudica países como o Brasil.

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A maioria dos ativos de renda fixa não conseguiu sequer bater a variação do CDI, principal indicador para o setor. Já os investimentos em renda variável foram afetados pela instabilidade na bolsa de valores, e apenas alguns ativos setoriais conseguiram driblar o mau humor do mês.

Veja abaixo o ranking das principais aplicações em renda fixa em fevereiro:

Renda fixa

InvestimentoDesempenho em fevereiro (em %)Desempenho em 12 meses (em %)
Fundos de renda fixa (duração alta) grau de Investimento0,734,06
Fundos de renda fixa (duração alta) crédito livre0,201,68
Tesouro Selic 20210,162,41
Poupança0,111,82
Tesouro Selic 20230,062,15
Fundo de renda fixa simples0,061,61
Tesouro Selic 2025-0,031,75
Fundos de renda fixa indexados-0,214,48
Tesouro IPCA+ 2026-0,934,47
Fundos de renda fixa investimento no exterior-0,933,99
Tesouro IPCA+ 2035-1,93-0,22
Tesouro IPCA+ 2050 com juros semestrais-3,8-3,41

Referência

ÍndiceDesempenho em fevereiro (em %)Desempenho em 12 meses (em %)
CDI0,162,39

*A rentabilidade dos fundos vai até o dia 23 de fevereiro, dado mais atual disponível na Anbima.
**O desempenho mensal dos títulos e da poupança se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.

O ranking do mês mostra que apenas o Tesouro Selic 2021 e algumas categorias de fundos de investimento, como os que investem em longo prazo e em crédito privado, mantiveram-se acima da linha do CDI. Todo o restante foi afetado pelo clima instável das últimas semanas.

O desempenho do Tesouro Direto foi uma má notícia para os investidores conservadores. Dos 26 títulos negociados no mercado, apenas 5 ficaram no azul, e somente 3 renderam mais do que o CDI no mês.

O Tesouro Selic com vencimento em 2025 fechou ligeiramente no vermelho, com baixa de 0,03%. A última vez em que isso aconteceu foi em outubro do ano passado, quando a piora na perspectiva das contas públicas fez com que os títulos públicos indexados à Selic recuassem.

"Da mesma maneira que se dissipou toda a pressão de outubro passado, quando o Tesouro Selic teve queda, a piora de agora também deve se dissipar. Nada disso é indicativo de que o país vai quebrar. O desempenho ruim do mês agora tem a ver com a precificação de riscos e com a movimentação de ativos no mundo todo", explica Machado, da EXAME Invest Pro.

Renda variável

InvestimentoDesempenho em fevereiro (em %)Desempenho em 12 meses (em %)
Fundos de ações setoriais8,6-1,23
Fundos de ações estrangeiras2,97-2,69
Fundos de ações small caps2,79-5,65
Multimercados macro1,415,29
Fundo de ações de dividendos-0,1517,31
Fundos cambiais-0,724,09

*A rentabilidade dos fundos vai até o dia 23 de fevereiro, dado mais atual disponível na Anbima.

Referência

ÍndiceDesempenho em janeiro (em %)Desempenho em 12 meses (em %)
Ibovespa-4,374,08

Os ativos de renda variável, especialmente os fundos de ações, foram na direção oposta, apesar da queda significativa da bolsa no mês. O que explica a discrepância entre o Ibovespa e os fundos foi a estratégia defensiva dos gestores.

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"Os fundos de gestão ativa adotaram estratégias que deram mais certo. Isso não veio do dia para a noite, os fundos estão se preparando desde o fim do ano passado", diz a especialista de fundos da EXAME Invest Pro.

A desvalorização das ações da Petrobras arrastaram outros ativos, como os papeis do Banco do Brasil (BBAS3). Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a troca do presidente da petroleira em razão da política de preços que tem levado a aumentos consecutivos dos combustíveis. Nesta sexta-feira, 26, teria sido a vez de o presidente do BB, André Brandão, colocar o cargo à disposição do presidente. O banco negou posteriormente qualquer mudança.

O ruído causado pela interferência nas empresas em que o governo é o acionista controlador criou um clima de instabilidade que ajudou a derrubar o Ibovespa. Algumas das ações de maior peso caíram, o que impactou o Ibovespa e o desempenho dos fundos mono ação, cuja queda no mês foi de 0,44%.

Por outro lado, a queda dos papéis criou oportunidade para que os gestores fossem às compras. "Os fundos costumam aproveitar a irracionalidade do mercado para garimpar boas opções. Na sequência, quando há recuperação, vem o momento de galgar ganhos", explica Juliana Machado, da EXAME Invest Pro.

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