Seguro de carro com rastreador é mais barato, mas vale a pena?
Apostando no orçamento mais limitado de proprietários de automóveis na crise, mais seguradoras estão de olho nesse produto. Veja como funciona
Marília Almeida
Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 05h00.
Última atualização em 26 de janeiro de 2017 às 10h04.
São Paulo - Com custo mensal a partir de 69,90 reais e sem a necessidade de avaliação de perfil do motorista, os seguros de carro com rastreadores ficaram mais atrativos em um cenário no qual o orçamento dos brasileiros está mais limitado por conta da crise.
Tanto que a Porto Seguro resolveu entrar nesse segmento no segundo semestre do ano passado, oferecendo o Rastreador Mais Seguro. Fábio Braga, superintendente da Porto Seguro Proteção e Monitoramento, lembra que atualmente apenas 27% dos carros que circulam no país têm proteção.
Entre os proprietários de veículos que não protegem o seu carro, mais da metade alega que o seguro é caro. “Como as vendas de veículos novos estão estagnadas, temos de atender esse público de alguma forma para ganhar mercado. Por isso resolvemos entrar no segmento”, disse.
Além da entrada de novas empresas no mercado, fornecedoras do equipamento aumentam suas parcerias com seguradoras para comercializar a proteção.
É o caso da Ituran, que já oferece o serviço com garantia de indenização da Liberty, Cardiff, Mapfre e QBE. A última parceria foi firmada no final do ano passado. “Vemos agora muitos proprietários de veículos pensando em trocar o seguro tradicional por um mais barato porque o orçamento ficou mais apertado”, diz Roberto Posternak, diretor da Ituran.
O seguro com rastreador nada mais é do que um aperfeiçoamento da proteção oferecida pelo equipamento de geolocalização, que indica onde o carro está circulando ou estacionado.
Agora, o equipamento tem a indenização ao dono do veículo garantida por uma seguradora caso ele não seja encontrado ou seja encontrado com mais de 75% de danos, quando a perda é total.
As indenizações por roubo e furto nesses casos costumam ser de 100% do valor do carro pela tabela Fipe. Esse seguro geralmente já tem embutido no preço os principais serviços de assistência 24 horas, como guincho, chaveiro e troca de pneus. Coberturas contra perda parcial e contra terceiros podem ser contratadas de forma adicional, o que aumenta o valor pago pela proteção.
Por não exigir análise de perfil, Posternak, da Ituran, diz que o público alvo da proteção são motoristas com perfil de maior risco: jovens, proprietários de carros com mais de três anos de fabricação, pessoas que vivem em áreas com mais ocorrências de roubo e furto e que usam o carro com frequência. “Para esse público, o custo do seguro pode ser exorbitante. Oferecemos uma opção mais acessível”.
As seguradoras geralmente oferecem a proteção para veículos com até 20 anos de fabricação e vendidos por até 60 mil reais. Os custos da proteção vão variar de acordo com o valor e modelo do veículo. Os mais roubados terão, naturalmente, uma proteção mais cara.
É necessário adicionar ao valor da proteção a taxa cobrada para a instalação do rastreador no veículo, que pode girar em torno de 300 reais.
Na Porto Seguro, o preço máximo da proteção custa 119,90 por mês. Inicialmente, a proteção da seguradora atende apenas a região metropolitana de São Paulo, o litoral e algumas cidades do interior do estado.
Seguro com rastreador vs. Seguro popular
No ano passado a Superintendência de Seguros Privados (Susep) regulamentou um seguro de carro mais barato, conhecido como Auto Popular. Em dezembro, empresas como Azul e Tokio Marine já lançaram proteções que utilizam peças usadas ou de reposição não originais novas em eventuais sinistros.
Questionado sobre se o produto fará concorrência com o seguro com rastreador quando se trata de preço, Fábio Braga, da Porto Seguro, aponta que, em média, o seguro com rastreador ainda será mais barato que o Auto Popular. “Se o perfil do motorista for considerado 'ruim' para um seguro tradicional, o seguro com rastreador tende a ser mais barato”.
Isso porque a cobertura parcial por colisão e contra terceiros são as que mais encarecem a proteção, diz Arley Boullosa, professor da Escola Nacional de Seguros (Funenseg). “O Auto Popular reduz um pouco o preço destas proteções, mas o seguro com rastreador não oferece essas coberturas. Portanto, continuará a ser mais acessível”.
O que deve guiar a escolha é a necessidade e o preço da proteção, completa o professor. “O consumidor deve ter consciência de que o seguro com rastreador cobre apenas parte do risco, o que pode ser melhor do que não ter proteção alguma”.