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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Ainda não há um consenso sobre a efetividade do novo pacote de ajuda aos bancos americanos, anunciado nesta segunda-feira pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
O mercado gostou da participação de investidores privados no plano de limpeza dos balanço dos bancos por considerar que foi uma forma inteligente de driblar a oposição do Congresso a uma ajuda às instituições financeiras.
No entanto, para que o plano funcione, é necessário que haja investidores dispostos a aplicar quase 1 trilhão de dólares nesses títulos podres. Como ainda não se sabe se haverá tanta demanda mesmo com o crédito subsidiado oferecido pelo governo, ainda não é possível dizer que o mercado finalmente sairá do fundo do poço.
Economistas consultados pelo Portal EXAME, no entanto, chegaram ao consenso de que qualquer pacote de ajuda ao setor financeiro será importante para destravar o crédito, que está empoçado desde a quebra do Lehman Brothers.
Nesse cenário, empresas bastante dependentes do crédito - como bancos, de varejo e de construção - tendem a se beneficiar mais desse tipo de medida. Leia abaixo o que pensam os economistas de três instituições:
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator: Num primeiro momento, os bancos são mais beneficiados porque há a percepção de redução de risco no setor. Embora os bancos brasileiros não tenham passado pelas dificuldades que enfrentaram os bancos americanos e europeus, eles sentem os reflexos do que acontece lá fora. Se o plano se mostrar bem-sucedido, deve haver uma melhora no crédito, e, gradativamente, os outros setores também seriam impulsionados. Eu, no entanto, não estou muito otimista com o plano. Acho que nos próximos dias as ações devem voltar a cair.
José Góes, economista-chefe da corretora Alpes: Os primeiros a ganhar com o plano de socorro elaborado pelo governo americano são os bancos, mas os setores muito dependentes de crédito, como consumo e construção, também devem ter valorização nos próximos dias. A expectativa é de que crédito volte a circular e a economia se aqueça novamente. Ainda vai demorar um tempo para a economia real sentir os efeitos, mas na bolsa a reação é imediata. O mercado vai se valorizar, mas a volatilidade deve continuar.
Marianna Costa, economista-chefe da Link Investimentos: Os bancos ganham pela expectativa de que o sistema de crédito se destrave, mas há um efeito secundário que atinge todos os setores que dependem de crédito, como o sucroalcooleiro, construção e varejo. À medida que os bancos voltam a emprestar, as empresas têm a chance de expandir seus negócios. A longo prazo, toda a economia acaba sendo beneficiada, inclusive os fundos de investimento que comprarem os títulos podres, já que experiências passadas mostram que os ganhos com esses papéis costumam ser altos.