Minhas Finanças

Quem corre o risco de ouvir “não” ao pedir crédito

Entenda como os bancos e as financeiras usam a estatística para liberar ou negar um empréstimo a determinados grupos de consumidores

Crédito: determinados grupos de consumidores têm mais dificuldade para obter empréstimos (Stock.xchng)

Crédito: determinados grupos de consumidores têm mais dificuldade para obter empréstimos (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2011 às 07h36.

São Paulo – O terror de qualquer banco ou financeira é a inadimplência. Dívidas que não são pagas reduzem o lucro, pesam no balanço e obrigam as instituições a serem mais conservadoras na concessão de novos créditos. Para manter a inadimplência sob controle e evitar riscos de solvência para a própria instituição, são utilizadas diversas ferramentas de análise da capacidade de pagamento dos indivíduos.

A mais tradicional delas é a estatística. Um bom banco de dados de concessões de crédito pode ajudar a indicar que grupos de consumidores são os bons e os maus pagadores. A seguir, Danilo Marques de Oliveira, diretor de crédito da financeira paranaense Credipar, explica quem costuma ter acesso a crédito farto e quem terá de apresentar boas garantias na hora de buscar um financiamento:

Maus pagadores

1 – Os jovens: são tradicionalmente mais inadimplentes. Alguém com 18 a 21 anos não costuma ter experiência na utilização do crédito. Como não conhece os riscos dessas operações, fica mais sujeito a se endividar em excesso. Jovens também costumam comprar mais por impulso e ser menos estáveis no emprego, o que aumenta o risco de inadimplência. Isso não quer dizer que qualquer pessoa com 21 anos ou menos terá uma porta batida na cara ao pedir crédito a uma financeira ou banco. Comprovar renda ou apresentar um fiador ou avalista são duas formas de garantir o sucesso na hora de pedir um empréstimo.

2 – Os trabalhadores autônomos: possuem uma renda muito instável. De consultores a jornalistas ou pedreiros, muitos desses profissionais são remunerados por cada serviço que prestam. Por melhores que sejam no desempenho de suas funções, os profissionais autônomos costumam apresentar oscilações bem maiores no fluxo de caixa do que trabalhadores com carteira assinada porque é possível que ninguém queira contratá-los em momentos de crise econômica, por exemplo. É por esse motivo que eles representam um risco maior para bancos e financeiras – e correm um risco igualmente maior de ouvir “não” ao pedirem crédito. Comprovar o hábito de poupar para os períodos de vacas magras é a maneira mais fácil de driblar essa barreira.

3 - A dona de casa: sempre deixam as financeiras ressabiadas quando fazem uma compra parcelada em uma loja. A dona de casa geralmente não tem uma renda própria e depende do marido para pagar as prestações. Mesmo que ela apresente o holerite dele para comprovar a capacidade de pagamento, a financeira nunca vai saber se o marido está ciente e concorda com determinada compra. Em geral, antes de liberar o crédito, a financeira entrará em contato com o marido para confirmar se ele já sabe que a renda familiar será comprometida de determinada maneira.


4 – O pequeno empresário: uma classe que sempre desperta cuidados. Pequenos empresários geralmente não declaram à Receita Federal tudo o que ganham e, na hora de pedir crédito, costumam dizer à instituição financeira que recebem muito mais do que mostra a declaração de Imposto de Renda. Nem sempre isso é verdade – daí o maior risco de inadimplência e a cautela das instituições financeiras.

5 – O público de alta renda: pode parecer um paradoxo, mas quem tem uma renda muito alta sempre deixa o banco ou a financeira com a pulga atrás da orelha quando nunca poupa e está sempre pedindo empréstimos. Afinal, se a pessoa ganha tão bem, por que não sobra nada? A verdade é que muita gente com um bom salário se endivida excessivamente. Como tem acesso a muitos bancos e lojas e a várias ferramentas de crédito ao mesmo tempo, essas pessoas estão expostas ao risco do exagero. Como o cadastro positivo ainda não está em pleno funcionamento, os bancos e financeiras não conseguem enxergar todas as dívidas que uma pessoa possui e muitas vezes demoram demais para negar um empréstimo.

Bons pagadores

1 – Aposentados e pensionistas: esses são um segmento disputadíssimo por bancos e financeiras. Em geral, pessoas com mais idade são responsáveis e fazem questão de pagar suas dívidas. Mas não é apenas isso. Aposentados têm uma renda garantida pelo INSS até o final da vida. Ao contrário de um trabalhador, eles não correm o risco de ter uma súbita interrupção de rendimentos por demissão. O único risco dos aposentados é que muitas vezes eles têm seu nome usado para tomar empréstimos para parentes ou amigos que não têm acesso a crédito. Por trás de uma atitude nobre, também se esconde o risco de inadimplência. Quando o terceiro não paga, o aposentado tem que tirar dinheiro do próprio bolso para manter o nome limpo. O problema é que nem sempre isso é possível.

2 – Pais com filhos: raramente dão dor de cabeça para bancos e financeiras. Filhos representam uma despesa adicional e, em tese, poderiam achatar a renda disponível para o pagamento de um empréstimo. Mas geralmente o que acontece é o oposto. Os pais de família com filhos se tornam mais conscientes dos próprios gastos e, ao contrário dos solteiros, raramente consomem por impulso ou para impressionar alguém. Por serem considerados mais responsáveis por bancos e financeiras, eles dificilmente vão ouvir “não” na hora de tomar um empréstimo.

3 – Mulheres com renda e filhos: também têm acesso livre a crédito. Assim como os pais, as mães tendem a priorizar a família na hora de gastar dinheiro. Mas nesse caso há uma garantia adicional. Mães com renda geralmente diversificam as fontes de recursos de uma família. Caso o pai seja demitido, por exemplo, ela pode garantir a continuidade dos pagamentos de um empréstimo, e vice-versa. Por último, mulheres são tidas como mais conservadoras em matéria de planejamento do futuro financeiro – o que é bom para qualquer credor.

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