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Que título devo comprar no Tesouro Direto?

A dúvida: quais papéis do governo seriam os mais indicados para o curto e o longo prazo

Tesouro Direto: ferramenta é rentável, mas pouco amigável a investidor leigo (Reprodução)

Tesouro Direto: ferramenta é rentável, mas pouco amigável a investidor leigo (Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de março de 2012 às 13h18.

Pergunta do internauta: A respeito do Tesouro Direto, gostaria de saber qual é o título mais apropriado, sob a conjuntura atual da política econômica brasileira, para aplicações mensais de R$ 1.000 no curto prazo (2014 a 2015)? E para o longo prazo, a NTN-B principal 2035 é a ideal para substituir os planos complementares de previdência? Grato! (Maiquel A. Lamb)

Resposta de Beto Veiga*:

Acredito que o governo está testando uma taxa de juros mais baixa para ver se os investidores aceitam. Não acho que estejamos maravilhosamente bem das pernas, pois nossa dívida é bem elevada em comparação à taxa de juros que vigora por aqui. Da mesma forma, uma grande parcela dessa dívida está atrelada à Selic.

O que vemos no mundo também não é muito bonito de apreciar. Apesar de estar havendo uma entrada forte de dólares nesse momento, não há compromisso algum de que este dinheiro fique por aqui. Eu torço para que nada de catastrófico volte a acontecer, mas não há garantias de que as coisas permaneçam tranquilas.

Se você for preocupado com isso como eu sou e queira guardar um dinheiro a salvo de possíveis reveses, o caminho é concentrar suas aplicações em títulos públicos indexados à Selic (LFT). Se você discorda da minha opinião sobre uma possível subida das taxas de juros no futuro, a LTN é uma opção.

Finalmente, se você é daqueles que quer dar uma chance à sorte e arriscar o palpite de que as taxas vão realmente cair ainda mais, pode fazer uma mistura dos dois. Um mês na LFT e outro na LTN. Quero apenas lembrá-lo que as LTN estão já um pouco “caras”. Como as taxas já caíram de 13% para algo em torno de 9,5%, cada vez mais o espaço para a queda diminui.

Finalmente, observe as regras do Tesouro Direto para as compras, porque haverá meses nos quais os R$ 1.000 não poderão ser investidos integralmente (nas compras de LTN), outros nos quais serão necessários algumas dezenas de reais a mais (nas compras de LFT).

Já em relação às NTN-B, acredito que a pergunta é excelente porque mistura Tesouro Direto e previdência privada. A previdência complementar aberta (planos do tipo PGBL e VGBL) não é como antigamente, isto é, os planos atuais não garantem um valor de resgate. Este valor vai ser o resultado do seguinte binômio: total do dinheiro que você depositar mais rendimento que seu dinheiro receber.

Muito da magia desses planos pode ser desfeita, principalmente dos planos que não permitem o diferimento do imposto de renda (VGBL). Assim, além de se preocupar com o quanto deve depositar mensalmente, você tem que levar em conta o retorno e, principalmente, o custo que você paga pelo plano, que corrói o retorno. Desse modo, se você não tiver o benefício tributário (para as pessoas que declaram no formulário completo), os planos têm quase o mesmo efeito que juntar o dinheiro por conta própria.

Eu falei tudo isso para dizer que a NTN-B, sozinha, não é alternativa aos planos de previdência complementar ditos conservadores (sem exposição em ações). Ela é um dos ativos que pode compor a sua carteira caso você parta para a carreira solo. A NTN-B pode entrar em algo como 30% a 50% da sua carteira, que pode ser acrescida de mais umas LFT e uns CDB ou LCI com alto percentual de repasse do DI (no caso do CDB, algo superior a 97% do DI). Lembre-se que isso (alto percentual do DI) é resultado de negociação com o banco. Seja duro na pedida. Quem não chora não mama.

*Beto Veiga é doutor em economia pela Universidade de Brasília, ex-funcionário do Banco Central, consultor de valores mobiliários registrado na CVM e autor dos livros “O Essencial sobre o Tesouro Direto” e “Tudo sobre CDB”.

Envie sua pergunta sobre IR para seudinheiro_exame@abril.com.br

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