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Quando vale a pena trabalhar após a aposentadoria

Não faltam oportunidades no mercado para profissionais qualificados que acumularam experiência ao longo de décadas

Mitri, 65 anos, aposentou-se há mais de 10 anos, no entanto preferiu continuar na ativa (.)

Gabriela Ruic

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - Para a maioria das pessoas, a aposentadoria marca o fim de uma longa trajetória no mercado de trabalho. Já não é pequeno, no entanto, o número de indivíduos para quem a aposentadoria significa apenas o início de uma fase de crescimento e busca de objetivos ainda não concretizados na vida profissional. São pessoas que, seja por paixão pela profissão ou pela vontade de manter-se ativo, optam por continuar trabalhando mesmo ao ultrapassarem a idade de aposentadoria.

O engenheiro Fernando Mitri, de 65 anos, faz parte do grupo dos aposentados que continuam na ativa. Aposentado há cerca de 10 anos tanto pelo INSS quanto pela IBM Brasil, empresa em que ocupou o cargo de presidência, Mitri é atualmente sócio-diretor de uma consultoria, membro de conselhos de administração de empresas como a Schincariol e a Positivo Informática, além de coordenador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) nos estados do Paraná e de Santa Catarina.

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O fôlego para continuar na ativa não tem relação com o bem-estar financeiro. Segundo Mitri, a decisão de se manter no mercado de trabalho foi baseada em um plano de vida, traçado cuidadosamente ao longo dos 33 anos de carreira em uma empresa multinacional, e que previa certos objetivos ainda não atingidos antes da aposentadoria.

Mitri almejava trabalhar em uma empresa menor, que tornasse a vida profissional mais dinâmica e que envolvesse mais riscos, "Quis concluir essa etapa, pois, trabalhando em uma grande corporação, você acaba não tendo a chance de experimentar este outro lado da vida profissional", comenta.

A busca por novos desafios fez com que Mitri nem considerasse parar de trabalhar. Ao contrário, foi a motivação necessária para que investisse sua experiência em uma empresa de consultoria própria. Em sua opinião, montar um negócio é revitalizador, além de contribuir para novas descobertas.

 <hr>                                    <p class="pagina"><strong>Planejamento</strong><br><br>Se por um lado, muitos aposentados ou profissionais mais velhos temem não ter chances de competir no mercado de trabalho com a energia dos mais jovens, Roberto Brito, gerente da Robert Half, empresa internacional especializada no recrutamento de executivos, considera que a experiência que estas pessoas podem trazer para as empresas tende a ser bem vista pelo mercado. <br><br>Segundo Brito, a escassez de profissionais qualificados em alguns segmentos da economia, como o da infraestrutura, por exemplo, faz com que as empresas busquem os aposentados para assumir postos-chave. "As companhias precisam de qualificação, e os aposentados têm a experiência necessária", diz. "Para profissionais bem-qualificados, que atuam com vontade, energia e paixão pelo trabalho, nunca faltarão boas oportunidades."</p>        <hr>                                                              <p class="pagina"><strong>Mantendo-se produtivo para seguir em frente</strong><br><br> </p> 

"Existem duas coisas que atrofiam com a idade: a musculatura e os neurônios", brinca o engenheiro Fernando Mitri. Ele explica que, para manter a energia em alta para tocar sua empresa e todos os outros compromissos profissionais sem que o estresse e a ansiedade afetem sua saúde, realiza atividades físicas regulares. Corre 6 km entre duas e três vezes durante a semana "quando a agenda está apertada" e 10 km aos sábados ou domingos. "Tudo sempre aliado a uma atividade intelectual que me mantenha alerta, como o trabalho."

Para aqueles que estão em vias de se aposentar, mas pretendem continuar a trabalhar, por qualquer motivo que seja, o melhor conselho é apostar no planejamento como arma para organizar a vida profissional no pós-aposentadoria. "Procure atuar no segmento que já conhece muito bem e use sua experiência para contribuir para o crescimento da empresa", diz Brito, da Robert Half.

Fórmula que funcionou para Mitri, que atua na mesma área há três décadas. "Não tive a ousadia de fazer nada diferente. Faço aquilo que aprendi ao longo de anos de carreira, seguindo um plano que pudesse concretizar com sucesso", explica o engenheiro.

Para Mitri, planos para parar de trabalhar não fazem parte da sua agenda, "nem de curto nem de médio prazo". "Escolhi uma área interessante, a consultoria. Tenho minha empresa, focada e com muita demanda, e que requer pessoas com sólida experiência profissional".

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