Varejo; comércio (Andre Coelho / Correspondente/Getty Images)
Marcelo Sakate
Publicado em 28 de setembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 28 de setembro de 2020 às 09h43.
As condições para quem busca um empréstimo continuam a melhorar: é a tendência que o Banco Central deve confirmar na manhã desta segunda-feira, 28, com a divulgação dos dados de crédito no sistema financeiro nacional em agosto, às 9h30.
A expectativa é que o saldo total de empréstimos tenha subido 1,5% na comparação com julho e 11,6% em relação ao mesmo mês de 2019, segundo estimativa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) calculada a partir de informações passadas pelas maiores instituições financeiras do país. Se a taxa for confirmada, terá sido a maior alta anual para o saldo desde novembro de 2014.
A amostra da Febraban é significativa: responde por algo entre 39% e 91% do saldo total do sistema financeiro, a depender da linha de crédito.
As concessões de crédito na média por dia útil para empresas devem ter subido 7,7% em agosto em relação a julho e 13,3% na comparação anual. Na projeção, o crescimento se deu especialmente com os chamados recursos direcionados (em linhas criadas pelo governo para determinado público-alvo), com alta de 22,4% em relação a julho. As concessões nessa modalidade mais do que triplicaram na comparação anual (+208,8%).
Para pessoas físicas, as concessões devem ter subido 12,4% em agosto na comparação com o mês anterior e 3,6% na base anual, ainda de acordo com as projeções da Febraban com informações dos bancos.
O volume de crédito deve ter sido puxado pelo programa federal de crédito para micro e pequenas empresas, o Pronampe. Ele foi lançado em junho para tentar amenizar as dificuldades enfrentadas por milhões de empreendedores para acessar empréstimos diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e das restrições impostas pelos bancos para tomadores em dificuldade.
A solução do governo foi criar um fundo com cerca de 15 bilhões de reais para servir como garantia para a inadimplência, reduzindo os riscos dos bancos.
O Pronampe é voltado para microempresas com faturamento anual de até 360 mil reais e e pequenas empresas com receitas de até 4,8 milhões de reais ao ano. E cobra taxa de juros de 1,25% ao ano acrescida da Selic (atualmente em 2% ao ano), com prazo de pagamento em 36 meses e carência de oito meses.
Dados do Sebrae contabilizados até o último dia 3 apontavam que mais de 280 mil micro e pequenas empresas já haviam acessado a linha de crédito do Pronampe, totalizando 22,5 bilhões de reais em volume concedido desde o início do programa.
Também serão conhecidas nesta manhã as informações sobre o comportamento das taxas de juros por modalidade de crédito, bem como os níveis de inadimplência.
A pesquisa da Febraban não coletou os dados dos bancos sobre os dois indicadores, mas a análise dos meses anteriores sinaliza uma tendência de redução das taxas médias de juros tanto para pessoas físicas como para jurídicas.
No caso da taxa média para empresas, a variação em 12 meses passou de -2,2 pontos percentuais (pp) em março para -4,4 pp em julho. Para pessoas físicas, a mesma trajetória de redução foi verificada: de -2,6 pp nos 12 meses até março para -6,0 pp até julho.
Vale lembrar que no dia 5 de agosto o BC reduziu pela última vez a taxa básica de juros, a Selic, de 2,25% para 2%. A Selic serve como referência para o custo de captação de recursos pelos bancos, influenciado as demais taxas de mercado.