Supermercado: corrida de brasileiros às lojas, situações desfavoráveis na agricultura e queda de braço com indústria favoreceram reajustes (ictor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 27 de março de 2020 às 14h25.
Última atualização em 15 de abril de 2020 às 16h07.
Desde a semana passada, quando o avanço do coronavírus no país determinou o isolamento social dos brasileiros, pode ser acompanhada uma corrida de pessoas aos supermercados com o objetivo de estocar alimentos essenciais em casa.
A alta da demanda, provocou demora no atendimento online e presencial, falta de produtos e também reajustes de preço de produtos básicos.
Em alguns casos, como o do feijão carioca, unidades de redes como o Pão de Açúcar estão sem o produto há semanas. Isso porque a alta repentina da demanda agravou um problema que já havia se iniciado na agricultura: o produto sofreu com estiagens, e a produção foi reduzida.
Exame Research — 30 dias grátis da melhor análise de investimentos
Segundo a Associação Paulista de Supermercados (APAS), os produtos que têm apresentado elevação de preços são itens básicos, como batata, feijão, leite, cebola, alho e arroz. Os reajustes chegam a 70%.
Veja abaixo as principais elevações de preços registradas pela APAS:
Produtos | Reajustes |
Limão | 72,1% |
Batata | 64,5% |
Feijão | 50,3% |
Leite | 36,4% |
Cebola | 36% |
Molho de tomate | 32,55% |
Alho | 18% |
Arroz | 9,8% |
A APAS, em nota, afirma que os supermercados não definem preços de produtos. "Como o elo entre os produtores e os consumidores finais, os supermercados repassam o custo dos produtos que adquirem da indústria".
Por isso, esclarece que os recentes aumentos verificados em alguns produtos, nos últimos dias, podem ocorrer em função da variação de matérias-primas e insumos.
"Em alguns casos, o supermercadista se vê entre o dilema de comprar o produto por um preço maior ou ficar sem o produto em sua loja. Mesmo comprando mais caro, o supermercado está mantendo as mesmas margens de lucro".
Para evitar práticas abusivas de aumentos injustificados de preços pelos fornecedores do setor, a associação do setor diz estar trabalhando em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça.
Foi o que a ABRAS fez em relação ao setor de queijos e laticínios. A associação comunicou a Senacon e Seguridade Pública, sobre práticas abusivas de aumento de preços por parcela da indústria.
Para a Abras, a justificativa válida para alta de preços seria em torno de 5% a 7% de reajuste no valor dos produtos devido à estiagem elevada, o que reduz a produção, além do aumento de custo, por conta da elevação do preço do milho; e abate de vacas, por conta do aumento na arroba.
Contudo, o setor está recebendo tabelas com reajustes acima de 30%. O levantamento foi feito com base nas informações gerais dos supermercadistas.
A Abras diz que não compactua com a elevação injustificada de preços, principalmente, em período de fragilidade da população. Qualquer reclamação relacionada ao tema, a entidade nacional disponibiliza o e-mail contato@abras.com.br .”
Para o professor de finanças da PUC-SP, Fábio Gallo, frente a esse cenário o recomendado é fazer uma lista de compras apenas do que é necessário para não ter prejuízos e gastar além do que o orçamento pessoal permite.
"A recomendação é evitar sair comprando sem destino certo e pesquisa, sem cuidados e pegando o que tiver pela frente".
É necessário ainda evitar o pânico e estoque de alimentos, diz o professor. "Se todos fizerem estoque, vai faltar". A APAS também recomenda que consumidores realizem compras conscientes, pensando sempre na coletividade.
As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus: