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Pequeno investidor ganha mais aplicações seguras e rentáveis

Veja como funciona a plataforma que pode popularizar os CDBs de bancos médios, que podem ser mais rentáveis e tão seguros quanto a poupança e CDBs de bancões


	Pessoa usa computador: corretoras podem distribuir CDBs pela internet ou em contato direto com clientes
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Pessoa usa computador: corretoras podem distribuir CDBs pela internet ou em contato direto com clientes (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 16h03.

São Paulo – Entidades que reúnem bancos pequenos e médios, corretoras de valores e a central depositária de títulos Cetip lançaram, na última quarta-feira, o Cetip Trader - Captação, uma plataforma online de negociação de papéis de renda fixa privada, principalmente CDBs.

Embora os investidores não consigam acessá-la diretamente, a plataforma pode vir a mudar muito a vida de quem tem quantias menores para investir.

Ela vai permitir que todas as corretoras de valores interessadas visualizem uma ampla gama de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Câmbio (LCs) – títulos de renda fixa emitidos, respectivamente, por bancos e financeiras.

Isso significa que investidores de todos os portes poderão ter mais acesso a esses investimentos, que muitas vezes ganham da poupança e de outras aplicações conservadoras, como os fundos DI.

A forma de distribuir os papéis e divulgar o serviço ficará a critério de cada corretora. Elas poderão, por exemplo, oferecê-los em seu site, em seu home broker, criar uma plataforma online especialmente para isso, ou oferecer diretamente ao cliente de acordo com seu perfil.

Atualmente, algumas corretoras já oferecem esses produtos, mas elas têm mais dificuldade de saber quais bancos e financeiras estão fazendo emissões e captando recursos.

O investidor também pode entrar em contato diretamente com o banco ou a financeira de seu interesse e comprar um CDB ou LC.

O problema é que montar uma carteira diversificada de CDBs e LCs é complicado. Nas corretoras, o investidor ainda encontra poucas opções – e talvez nem todas adaptadas ao seu perfil; diretamente nos bancos, o processo é trabalhoso e pode gerar perdas com os custos das transferências de recursos.

A expectativa do mercado é que, com essa nova plataforma, mais corretoras passem a oferecer ativos de renda fixa ao pequeno investidor, e em maior quantidade e variedade.

Por que esses CDBs são interessantes

O Cetip Trader – Captação oferecerá principalmente CDBs emitidos por bancos pequenos e médios, que costumam ter remunerações maiores que os CDBs de bancos grandes, a poupança e a maior parte dos fundos DI oferecidos ao pequeno investidor.

Por exemplo, não é difícil encontrar, atualmente, CDBs de bancos médios com liquidez diária (que podem ser resgatados a qualquer momento) que remunerem 100% da taxa CDI, taxa de juros interbancária que costuma se aproximar da taxa básica de juros, a Selic.

E o melhor: sem valor mínimo de investimento. A rentabilidade é a mesma para quem aplica mil ou 50 mil reais. Na plataforma da Cetip também não haverá valor mínimo.

Com CDBs de bancos grandes, uma taxa tão alta só costuma ser obtida por quem tem milhões para investir ou por quem está disposto a deixar o dinheiro aplicado por dois ou três anos.


Em relação aos fundos DI, as suas taxas de administração podem pesar – e, em geral, as taxas cobradas dos investidores que têm menos dinheiro são bem altas.

Considerando a taxa CDI dos últimos 12 meses (8,42%), o CDB que remunera 100% do CDI teria tido um rendimento de 6,74%, descontado o IR de 20% para o período.

Um fundo DI com taxa de administração de 1,18% ao ano – taxa média praticada pelos fundos DI de varejo em dezembro de 2013 – teria rendido só 5,79% no mesmo período, mesmo tendo obtido rentabilidade de 100% do CDI. O rendimento está líquido de IR, de 20%.

Já a poupança tem rentabilidade máxima de 6,17% ao ano mais Taxa Referencial (TR), que por se valer de um redutor, tem ficado mais próxima de zero ou um. Lembrando que para taxas Selic de até 8,50% ao ano, os depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012 remuneram apenas 70% da Selic mais TR.

Assim, nos últimos 12 meses, os depósitos “novos” renderam 6,08% isentos de imposto de renda, uma vez que 2013 começou com a Selic abaixo de 8,50%.

O CDB que paga 100% do CDI é apenas um exemplo. Bancos pequenos e médios também oferecem remunerações maiores, desde que o investidor invista por um certo prazo, além de remunerações pré-fixadas (acordadas no ato da compra do papel) ou superiores à inflação pelo IPCA.

É claro que há CDBs que exigem uma aplicação de cinco anos para pagar, por exemplo, 110% do CDI. Mas há aqueles que pagam 102% ou 103% do CDI para quem estiver disposto a aplicar por apenas um ou dois meses.

Risco é maior, mas proteção é a mesma da poupança

A rentabilidade das Letras de Câmbio e dos CDBs de bancos pequenos e médios é maior porque o risco de calote das instituições emissoras também é maior, mesmo que elas sejam financeiramente saudáveis.

Por serem menores, terem operações mais concentradas em crédito para alguns segmentos (especialmente empresas) e não oferecerem uma gama ampla de serviços remunerados, como ocorre com os bancões, os bancos pequenos e médios costumam ser mais sensíveis a eventuais crises e soluços do mercado.

Além disso, eles não contam com uma ampla rede de agências, o que dificulta a captação de recursos para emprestar.

Enquanto os bancos grandes podem contar com recursos da caderneta de poupança, de contas correntes e com uma ampla gama de clientes para investir em seus CDBs, os bancos menores precisam se esforçar bem mais para captar recursos por meio de papéis de renda fixa, por exemplo.


Porém, as Letras de Câmbio e os CDBs de bancos pequenos e médios contam com a mesma proteção da poupança e dos CDBs dos grandes bancos para o investidor pessoa física: há cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para quantias de até 250 mil reais por CPF, por instituição.

Os valores investidos em CDBs se somam às outras quantias que a pessoa física possui sob o seu CPF numa mesma instituição financeira. Ou seja, quem tiver mais de 250 mil reais em um grande banco distribuídos em conta corrente, conta poupança e CDBs, de todo jeito só estará protegido até o teto de 250 mil reais caso o banco vá à lona.

Momento é propício para a renda fixa

As remunerações dos ativos de renda fixa prometem ser maiores neste ano do que em 2013, uma vez que a taxa básica de juros, a Selic, está em um patamar mais alto.

Atualmente em 10,50% ao ano, a expectativa é que a taxa termine 2014 em 11,25%, o que beneficia as aplicações atreladas à Selic e ao CDI e deixa a caderneta de poupança para trás.

“Estamos em um cenário de aumento da taxa de juros, não sabemos por quanto tempo. O momento é propício para operações de renda fixa”, observou Carlos Ratto, diretor-executivo comercial, de produtos, marketing e comunicação da Cetip no evento de estreia do Cetip Trader – Captação.

Os CDBs de bancos médios não precisam substituir as demais aplicações de renda fixa para o dinheiro que vai ser utilizado no curto prazo. Afinal, muitos deles têm carência, nem que seja de alguns meses, e a facilidade de aplicar diretamente no banco onde fica sua conta corrente é um fator a se considerar.

Mas para a poupança de médio e longo prazo, esses títulos podem funcionar bem para o pequeno investidor lucrar com os juros altos e até ganhar acima da inflação.

“A plataforma oferece alternativas ao investidor com pouco dinheiro, o que não é muito comum. Ele precisa se preparar para o médio e longo prazo, e sair da mesmice do curto prazo. Haverá várias alternativas de emissores, prazos e indexadores. Essa diversidade não é oferecida para o investidor hoje”, disse Clive Botelho, diretor de negócios da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) no mesmo evento.

Como a plataforma vai funcionar

O Cetip Trader – Captação ainda está em fase de testes, e seu funcionamento efetivo no dia a dia das corretoras deve começar até o fim do primeiro semestre.

Se bastantes corretoras aderirem ao sistema, é possível que a oferta de CDBs e LCs a pessoas físicas aumente e se torne bem mais variada.

Isso possibilitará ao pequeno investidor montar carteiras de CDBs e LCs, sempre respeitando o limite de 250 mil reais em cada instituição emissora. Será preciso ficar atento, pois haverá à disposição papéis que permitem investir mais do que isso, extrapolando o limite de proteção.

Grosso modo, o Cetip Trader permitirá às corretoras comprar os CDBs e LCs escolhidos, quebrá-los em partes menores e distribuí-las entre seus clientes, incluindo pessoas físicas.

Por exemplo, se um banco médio quiser captar 5 milhões de reais por meio de um CDB, uma determinada corretora pode adquirir esse montante em CDBs desse banco e depois distribuí-lo em unidades menores – digamos, de 10 mil reais – para seus investidores.

A remuneração da corretora virá de uma parte da remuneração do CDB. Assim, um percentual da remuneração do título vai para a corretora, e o restante para o investidor.

A este, no entanto, será oferecido o papel já com a remuneração que ele vai de fato receber, antes do desconto do imposto de renda. Não há cobrança de outras taxas.

Embora seja uma iniciativa das instituições financeiras pequenas e médias, das corretoras e da Cetip, a plataforma não oferece restrições aos emissores. Os bancos grandes e estrangeiros também poderão participar, se quiserem.

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