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Os tratamentos de saúde mais caros

Entre robôs e drogas revolucionárias, algumas vezes é necessário desembolsar muito dinheiro para a cura de uma doença

Aumento de preços supera a inflação (Stock Exchange)
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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2010 às 05h00.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.

São Paulo - Os gastos com saúde não devem dar trégua aos brasileiros nos próximos anos. Enquanto a inflação medida pelo IPCA foi de 5,1% de abril de 2009 a março de 2010, a variação dos custos médico-hospitalares mais do que dobrou nesse mesmo período, chegando a 11,6%. Elaborado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o índices costuma balizar o reajuste anual dos planos de saúde coletivos, maioria esmagadora dos contratos fechados no país. E ao que tudo indica, o hiato não deve diminuir. Para os especialistas, o avanço da tecnologia e o envelhecimento da população estão no cerne desse fenômeno. "Até os Estados Unidos, que sofreram uma recessão violenta e não tiveram inflação alguma, viram os planos aumentarem cerca de 7%", afirma Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge). Se cresce a expectativa de vida, naturalmente aumenta a utilização dos serviços de saúde. "Os idosos apresentam doenças crônicas e, por isso, demandam custos médicos que são de seis a dez vezes superiores aos das pessoas em outras faixas etárias", diz. Além disso, a introdução de novos e modernos tratamentos faz com que os preços subam bem mais que a inflação. Veja em que situações viver mais e melhor pesa no bolso do paciente brasileiro:
  • 2. Super pílulas

    2 /7(Roberto Stelzer/VEJA)

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    Com os estudos genéticos caminhando a passos largos, o lançamento de drogas inovadoras e com efeitos colaterais reduzidos nunca encheu as prateleiras das farmácias como agora. Mas a tecnologia cobra seu preço para aqueles que não conseguem obter na Justiça a liberação do remédio gratuitamente. Quem tem atrite reumatóide, cuja maior característica é a inflamação persistente das articulações, pode gastar até 7.930 reais por mês para se tratar com o Humira, do laboratório Abbott. O remédio reduz os sintomas e inibe a progressão da doença, funcionando como um anticorpo natural. Se a doença é a hipertensão pulmonar, a terapia com o medicamento Tracleer, da Actelion, promete resultados surpreendentes aos que aguardam um transplante de pulmão. O preço do remédio pode chegar a 16.200 reais mensais. Para enfermidades raras, os novos comprimidos são ainda mais caros. É o que acontece com o Ilaris. Lançado recentemente pela Novartis, o medicamento combate os sintomas das síndromes associadas à mutação de um gene que codifica a proteína criopirina. Mais conhecidas pela sigla CAPs, essas doenças autoinflamatórias provocam urticárias agudas e podem levar à surdez. Segundo o laboratório, cerca de 200 brasileiros devem sofrer com o problema. Preço do tratamento: até 47.863 reais a cada dois meses.
  • 3. Peças "artesanais" encarecem cirurgia na coluna

    3 /7(Wikimedia Commons/EXAME.com)

  • A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que 80% dos adultos vão sofrer pelo menos uma crise aguda de dor nas costas ao longo da vida. E a causa da chamada lombalgia pode estar tanto na simples inflamação de um ligamento quanto na existência de um tumor ou infecção mais grave. Quando o procedimento indicado é a cirurgia, o custo do tratamento pode ir às alturas. Segundo Sérgio Franco, chefe do departamento de Ortopedia de Universidade Federal do Rio de Janeiro, nos casos mais graves esse valor atinge 300.000 reais. "Quando você precisa tratar uma deformidade grave para evitar disfunção cardiorrespiratória, o alinhamento da coluna demanda a utilização de parafusos, ganchos, hastes e enxertos ósseos muito específicos", afirma. Como esses instrumentos não são produzidos em massa, o preço do procedimento cresce exponencialmente à medida que aumenta a necessidade de serem implantadas mais peças. "Elas são quase artesanais: para cada ossinho existe um modelo específico", esclarece Franco.
  • 4. Transplante de pulmão está entre os mais complexos

    4 /7(Divulgação / Santa Casa/EXAME.com)

    Diversas doenças têm indicação de transplante de pulmão: fibrose cística, hipertensão pulmonar e enfisema são apenas algumas delas. De qualquer forma, o procedimento é indicado apenas nos estágios finais da doença, quando a capacidade do paciente respirar é tão baixa que não é possível realizar as tarefas mais simples do dia a dia. Outro pré-requisito é não ter problemas renais e cardiológicos, e ter menos de 65 anos. Isso tudo porque a cirurgia é complexa e de difícil recuperação. E essa é justamente a maior explicação para o valor do procedimento, que costuma ser bancado pelo SUS e fica na faixa dos 60.000 reais. "O transplante de pulmão envolve uma série de modificações e melhorias nos equipamentos e nas equipes multidisciplinares dos hospitais", afirma Rui Haddad, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica. "E os profissionais envolvidos na cirurgia devem dedicar atenção quase integral ao paciente antes, durante e depois do transplante", explica.
  • 5. Neuronavegação diminui riscos na retirada de tumores

    5 /7(EXAME.com)

    Considerada um grande laboratório para os demais campos da medicina, a neurocirurgia costuma envolver procedimentos de alta complexidade. "Como o sistema nervoso não tem a capacidade de se regenerar, ele sempre foi foco de intricadas pesquisas", afirma Ricardo Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia/RJ. Microscópios cirúrgicos e sofisticadas tomografias computadorizadas desenvolveram-se, em boa medida, a partir da necessidade de visualizar o cérebro, um órgão difícil de examinar, diagnosticar e operar. Foi o que aconteceu com a neuronavegação. O procedimento permite a localização tridimensional de um ponto qualquer no cérebro, auxiliando a operação de tumores profundos ou localizados perto de áreas estratégicas, que controlam a fala e a memória, por exemplo. "Se você consegue achar qualquer rua do mundo com um GPS, na neuronavegação é possível identificar um ponto aleatório na escala de um milímetro", diz Ribeiro. O custo do equipamento chega a 300.000 reais. Por isso, o mais comum é que os hospitais aluguem o neuronavegador. O custo do procedimento fica entre 15.000 e 20.000 reais, sem contar os gastos com a cirurgia em si.
  • 6. Cirurgiões ganham braço robótico

    6 /7(Divulgação/EXAME.com)

    Um dos mais modernos sistemas robóticos para cirurgia já pode ser encontrado nas salas de operação brasileiras. Com formato de polvo, o aparelho Da Vinci tem quatro "tentáculos": três seguram instrumentos e um carrega uma câmera que gera imagens em 3D. Ao cirurgião, cabe o controle dos braços robóticos com um console. Filtrando os mínimos tremores do médico, o robô permite a realização de cortes menores e mais rápidos, diminuindo sangramentos e aumentando o tempo de recuperação. Bastante utilizado para cirurgias de próstata, o Da Vinci ajuda a diminuir os índices de impotência sexual e incontinência urinária decorrentes da operação. Estima-se que o custo do equipamento seja de 1,5 milhão de dólares, fora os gastos com manutenção e treinamento dos profissionais. Por todas essas razões, sua utilização pode aumentar em até 8.000 dólares o custo de colocação de uma ponte de safena no coração.
  • 7. Choque no coração reduz morte súbita

    7 /7(Wikimedia Commons/EXAME.com)

    A morte súbita está entre as causas mais comuns de óbito em pacientes com doenças cardiovasculares. Para interromper a parada cardíaca, a desfibrilação elétrica é prática comum na ressucitação de pacientes. No fim dos anos 60, foram iniciadas as primeiras pesquisas para o desenvolvimento de um dispositivo interno que funcionasse como as famosas pás. Cinquenta anos depois, os modernos equipamentos não apenas funcionam como um marca-passo, prevenindo a taquicardia (rápido batimento do coração), como também atuam como cardioversores, restabelecendo o ritmo normal do órgão. No Brasil, o impacto econômico das doenças cardiovasculares vem crescendo cada vez mais. Segundo o Ministério da Saúde, a internação de pacientes com esse quadro respondeu por 19% de todas as autorizações concedidas pelo SUS. Quando a implantação de um desfibrilador é a melhor - ou única - saída, o procedimento chega a custar 30.000 reais para os cofres do governo.
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